Jornal do Commercio/Agências
Embora negue o risco de racionamento, o governo anunciou nesta quinta-feira duas medidas para aumentar a segurança no abastecimento de energia e evitar um racionamento: regulamentou a contratação de energia de reserva - espécie de seguro-apagão, adotado em 2002 no fim do racionamento e extinto em 2005 - cuja conta será paga por todos os consumidores, e confirmou a redução do consumo de gás da Petrobras para elevar a oferta do produto para as termelétricas, em estudo desde o começo do mês.
O governo não trata a situação dessa forma, mas as duas medidas compõem um pacote que vem sendo anunciado desde dezembro, quando as autoridades perceberam que as chuvas não estavam caindo na quantidade esperada. Desde então, já foram acionadas termelétricas a óleo, e foi elevada a oferta de energia enviada do Sul para o Sudeste e do Sudeste para o Nordeste.
A energia de reserva deverá ser contratada pelas distribuidoras por meio de leilão a partir de volumes definidos pelo governo. O custo será pago pelos consumidores, como ocorreu no passado. A expectativa do governo é que seja contratada energia de termelétrica produzida a partir de bagaço de cana. A energia que for contratada como reserva só será gerada caso haja escassez de chuvas, problemas nas outras usinas ou um crescimento maior da demanda.
O Ministério de Minas e Energia negou que a regulamentação da medida esteja vinculada ao baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Segundo o governo, a energia de reserva já estava prevista no novo modelo do setor. O primeiro leilão para comprar energia de reserva deve acontecer no fim de abril. O governo, no entanto, se diz tranqüilo e nega risco de racionamento.
O governo espera que a redução do consumo de gás pela Petrobras permita às usinas termelétricas aumentarem a geração de energia em 750 MW (megawatts). A estatal, que usa gás nas refinarias como parte do processo de produção de derivados, irá substituir o combustível por óleo. A medida pode amenizar um pouco o gargalo do gás - as termelétricas que usam esse combustível poderiam, em tese, gerar aproximadamente 8 mil MW, mas não há gás para tudo isso.
Usina de cuiabá. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) determinou nesta quinta-feira o acionamento da usina termelétrica de Cuiabá com óleo. A usina, que está enfrentando problemas para receber gás da Bolívia, é bicombustível. Segundo o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, a usina deverá gerar, inicialmente, 195 megawatts (MW) no início de fevereiro, podendo alcançar uma capacidade de 390 MW até março.
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