Cultura da rede social reduz a concentração e aumenta a ansiedade

04/04/2022 14:48

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Segundo o neurocientista Doutor Fabiano de Abreu Agrela, mau uso da internet libera neurotransmissores que provocam mudanças no cérebro 

Imagine-se sentado lendo um livro e então você ouve o som de uma notificação no seu celular: pronto, eis aí que você perde a concentração e se instala uma ansiedade para saber qual é a mensagem que chegou no seu smartphone. De acordo com o neurocientista e biólogo Doutor Fabiano de Abreu Agrela, com o passar do tempo o cérebro passa a adaptar-se à falta de atenção, reduzindo a habilidade de concentração do indivíduo.

"A cultura da rede social promove efeitos em como desempenhamos nossas tarefas no dia a dia. O nosso cérebro, que é extremamente plástico, adapta-se para esse estado de falta de concentração, que a longo prazo resulta no mau funcionamento da região frontal do cérebro, parte relacionada com o estado de atenção", explica o PhD em neurociência Doutor Fabiano de Abreu. A longo prazo, o neurocientista adverte que a capacidade de memória também é prejudicada.

O uso exacerbado de redes sociais também provoca efeitos no estado emocional do indivíduo. Em sua pesquisa, o neurocientista Doutor Fabiano de Abreu aponta que os neurotransmissores liberados durante o mau uso da internet provocam alterações crônicas na anatomia cerebral. 

Visualizar um conteúdo desagradável no meio virtual provoca efeitos reais no cérebro da pessoa: "nosso cérebro é plástico, se adapta, mas como o exemplo do metaverso, onde a vida é virtual, sofreremos consequências já que o instinto prevalece, é real", informa o Doutor Fabiano de Abreu. "As redes sociais e games em excesso nos tornam menos inteligentes e podem resultar em transtornos mentais ou depressão", sinaliza. 

O neurocientista utiliza a bioquímica envolvida nas atividades cerebrais para justificar sua tese: "experiências prazerosas ativam o centro de recompensa do cérebro, que responde liberando dopamina. Esta parte do cérebro também está intimamente ligada à memória e motivação. A sobrecarga no centro de recompensa causa a diminuição da liberação deste neurotransmissor e redução de seus receptores", contextualiza o Doutor Fabiano de Abreu

A consequência dessas alterações no funcionamento cerebral é o desencadeamento de transtornos como ansiedade e depressão. Além disso, a redução da atividade do córtex cerebral pré-frontal pode causar encolhimento do hipocampo, resultando em mudanças anatômicas prejudiciais para o funcionamento cerebral. 

 

Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela é membro da Redilat, rede de cientistas latino-americados, do comitê científico Ciência Latina, da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo nos Estados Unidos, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito, professor e investigador na Universidad Santander do México e membro TNS.

 

Fonte: Redação TN com Assessoria

Foto: freepik

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