Redação TN Petróleo/Assessoria
O mercado livre de energia no Brasil, também conhecido como Ambiente de Contratação Livre (ACL), vem se destacando como um dos segmentos mais dinâmicos e promissores do setor energético nacional. De acordo com estudos recentes, a expectativa é que este mercado cresça cerca de um ponto percentual ao ano até 2030, representando 47% da carga total de energia do país até o final da década. A consultoria responsável por essas projeções prevê que, já em 2024, o mercado livre alcance 38% do consumo nacional.
No primeiro trimestre de 2024, o movimento de migração para o mercado livre foi marcado por uma predominância de pequenos e médios consumidores, que corresponderam a 72% das novas adesões dentro do varejo. Atualmente, o mercado livre abrange aproximadamente 36.300 unidades consumidoras, destacando-se pela significativa participação de fontes renováveis incentivadas, que representam 64% da geração de energia nesse segmento, um crescimento de 43% nos últimos 12 meses.
Em 2023, o mercado livre de energia gerou uma economia recorde de R$48 bilhões para os consumidores, refletindo os benefícios da liberalização do setor. A abertura do mercado permitiu uma maior entrada de empresas, aumentando a competitividade e diversificando as ofertas para os consumidores. Essa competitividade possibilitou a negociação de contratos de fornecimento de energia em condições mais vantajosas, reduzindo os custos e estimulando o interesse por fontes de energia renovável, como solar e eólica.
A adesão ao mercado livre foi impulsionada pela Portaria 50/2022, que facilitou a entrada de pequenos e médios consumidores. A liberdade para escolher fornecedores que ofereçam energia sustentável se tornou um atrativo adicional, aliado à exigência de maior transparência por parte das empresas fornecedoras, com informações mais claras sobre preços e condições de fornecimento.
No entanto, o mercado livre de energia enfrenta desafios significativos. A necessidade de regulamentação clara e estável é crucial para suportar o crescimento e promover uma competição saudável. Além disso, é essencial investir continuamente em infraestrutura para expandir a capacidade de geração e transmissão, garantindo que os consumidores tenham acesso a informações claras e objetivas. O desafio de manter a sustentabilidade econômica dos preços baixos a longo prazo, sem comprometer a qualidade e a segurança do fornecimento, também é premente.
Por outro lado, as oportunidades são vastas. A expansão da base de consumidores, incluindo pequenos consumidores, o potencial para investimentos em energia solar, eólica e biomassa, e a crescente demanda por sustentabilidade criam um ambiente propício para inovações tecnológicas. Soluções como armazenamento de energia, medidores inteligentes e sistemas de gestão energética oferecem perspectivas promissoras. Além disso, a formação de parcerias e contratos de longo prazo entre empresas e geradores de energia renovável pode acelerar ainda mais o crescimento do mercado.
O desenvolvimento desse setor no Brasil dependerá de investimentos em áreas críticas, como armazenamento de energia por meio de baterias, modernização da rede de transmissão e distribuição, e a implementação de medidores inteligentes. Dados recentes indicam que 71% de toda a energia transacionada no Brasil ocorre no mercado livre, sinalizando uma tendência crescente de adesão a esse modelo devido às suas vantagens econômicas e flexibilidade.
Há casos específicos em que a economia chegou a ser de 54% no preço da energia, porém a média é que a economia pode chegar até 40%, sendo um atrativo significativo. Mas sua sustentabilidade a longo prazo dependerá de fatores como a estabilidade dos preços das fontes renováveis, políticas regulatórias favoráveis, e avanços tecnológicos que aumentem a eficiência e reduzam custos operacionais. A diversificação das fontes de energia e a inovação contínua serão essenciais para garantir a sustentabilidade dos preços a longo prazo, assegurando que o mercado livre continue a ser um motor de crescimento e competitividade para o setor energético brasileiro, agregando economia para indústrias e comércios de todo Brasil
Sobre a autora: Ingrid dos Santos é CEO da Indra Energia, empresa que se dedica a impulsionar a transição energética para um futuro mais sustentável.
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