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Como inovar no Setor de Serviços Industriais? Já ouviu falar em Coopetição? por Carlos Correa

Redação TN Petróleo/Assessoria
11/03/2022 14:55
Como inovar no Setor de Serviços Industriais? Já ouviu falar em Coopetição? por Carlos Correa Imagem: Divulgação Visualizações: 2225 (0) (0) (0) (0)

Como já abordamos, coopetição é um neologismo cunhado para descrever a competição cooperativa. Se encontram referências a este conceito desde 1913, mas foi na virada do milênio que ele ganhou força entre as empresas digitais. O uso desse conceito se contrapõe à concorrência tradicional onde seu serviço é confrontado com o do concorrente e apenas um vence. A coopetição tanto pode ter um importante papel na construção de novos mercados quanto na manutenção e crescimento de mercados tradicionais, através de abordagens inovadoras. Coopetir significa inovar na forma de administrar seu negócio, e ao mesmo tempo fazer seu setor crescer!

As empresas digitais já compreenderam esse conceito e vêm se beneficiando dele desde o início dos anos 2000, mas a coopetição também será fundamental para setores mais tradicionais como o de serviços industriais. As alianças estarão entre as principais formas de se fazer negócio no século XXI. A economia do novo milênio exige que empresários e executivos de todos os setores concebam e executem estratégias mais complexas. Não apenas para ter lucro ou maior participação de mercado, mas para influenciar a evolução de padrões da indústria e entrar em novos mercados. Será muito mais difícil para uma empresa sozinha conseguir adotar essas estratégias. É necessário incorporar fornecedores, clientes, colaboradores e concorrentes. Coopetição, Gestão Compartilhada e Inovação Aberta, são conceitos que se inter-relacionam muito intensamente.

O setor de prestação de serviços industriais se comporta hoje da mesma forma que há 50 anos atrás. Depois de várias crises de todas as origens, muitas empresas brasileiras que antes eram consideradas imbatíveis, deixaram de existir ou mudaram de mercado, assim como concorrentes internacionais já vieram e foram embora, sem que grandes mudanças aconteçam no setor. Seus principais clientes, as grandes empresas industriais, têm evoluído bastante. Não apenas com novas tecnologias, mas também como novos modelos de negócios e novas formas de gestão. A cada crise fica mais claro que a hora de mudar já passou.

Debates recentemente travados entre os empresários do setor, têm deixado clara a necessidade das empresas se unirem e compartilharem informações e recursos através de associações ou comitês que representassem seus interesses junto a contratantes, órgãos do governo e a outras entidades importantes para o segmento. O setor de prestação de serviços industriais movimenta aproximadamente R$ 10 bilhões em negócios e é responsável pela manutenção e ampliação das unidades fabris de grandes empresas industriais. É composto por quase 700 empresas de médio e pequeno porte que empregam mais de 60.000 profissionais, desde operacionais da construção e manutenção até engenheiros de projeto. Todos altamente qualificados e que ainda resistem ao desmonte que as atividades de engenharia brasileira vêm sofrendo há décadas. É um setor de alta importância para o país que precisa evoluir e se valorizar.

O conceito coopetição muda a premissa de que uma empresa sozinha tem os melhores gestores e os melhores recursos e, pode executar os melhores serviços ou encontrar as melhores soluções para um problema, sem depender de mais ninguém. O aumento da complexidade trazido por novas tecnologias e novas formas de gestão, exige a união de forças de diversos participantes para a execução de um projeto ou resolução de um problema. No caso do setor de serviços industriais, a coopetição sugere o trabalho conjunto das empresas na busca de inovações (técnicas e gerenciais) para a renovação e o fortalecimento do setor.

Atualmente, cada empresa tem seu quadro próprio de profissionais, sua oficina, seus escritórios e seu escritório de contabilidade, por exemplo. O conceito de coopetição, avalia a possibilidade de compartilhamento de parte desses ativos, ficando exclusivo apenas aquilo que realmente diferencia cada empresa: gestão, estratégias, modelos de negócio e tecnologia de ponta. Esse modelo sugere que cada empresa identifique as atividades mais importantes e significativas da sua empresa e as separe daquelas mais rotineiras e que poderiam ser envolvidas em projetos de coopetição. O compartilhamento de atividades de back-office (contabilidade, advocacia), se incluídas em um processo de coopetição, irá contribuir para a redução de custos das empresas sem perda de sua capacidade de competir. Também entre as atividades técnicas, algumas das realizadas em pipe-shops poderiam ser compartilhadas, assim como o treinamento básico de seu corpo técnico.

O setor, como um todo, possui um ativo altamente qualificado que, se compartilhado, poderia causar um enorme salto de qualidade em todo o setor: seus profissionais mais experientes! Se, ao invés de continuar utilizando esses profissionais apenas no dia a dia de campo ou de pipe-shop, eles forem colocados a disposição de uma “escola técnica” patrocinada pelo setor e dedicada ao setor, eles se tornariam importantes professores para os profissionais mais jovens, alavancado a capacitação de todas as empresas envolvidas. E esse é apenas um exemplo que pode mudar a base competitiva de todo o setor. Certamente existem vários outros que podem ser identificados se as empresas envolvidas entenderem que precisam também colaborar e não apenas competir.

Entretanto, é importante destacar que a coopetição não pretende nivelar todas as empresas. O conceito trata apenas do compartilhamento do conhecimento básico e, de elevar o nível técnico e de gestão de todas as empresas para que o setor chegue no século XXI e se nivele aos concorrentes internacionais. A partir desse nível básico mais elevado, cada empresa deve desenvolver seus diferenciais competitivos dentro de seus próprios limtes, gerando um processo competitivo dentro do setor de mais alto nível, capaz de atender às novas demandas de seus clientes e de resistir à concorrência internacional.

Sobre o autor: Carlos Correa é professor e consultor. Sócio da BrainMarket Consultoria em Inteligência de Mercado

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