Redação
A queda do preço do barril de petróleo no mercado futuro dos Estados Unidos a valores negativos é um impacto direto da redução do consumo de derivados por causa do isolamento social. O que acontece é que a capacidade de armazenagem de petróleo é limitada e sua produção não foi ajustada à expectativa de demanda criando um excedente de produto.
"Quando ocorre uma redução drástica no consumo, em um mercado com muitos produtores como o americano, é difícil ajustar a produção ao novo patamar de demanda e o produto acaba sendo armazenado. Porém, com a situação prolongada durante várias semanas, a capacidade de armazenagem chegará ao seu limite em maio. Como os contratos neste mercado exigem a entrega física do petróleo, o produtor começa, então, a oferecer um valor que, na prática, vai pagar o transporte e armazenagem do produto para o comprador", explica Marcus D´Elia, sócio-diretor da Leggio Consultoria, especializada em O&G e Infraestrutura.
Como exemplo, o especialista explica que um barril vendido a US$ 40 negativos representa o custo do produto em si, em torno de US$ 20, e o pagamento ao comprador de US$ 60 por transporte e armazenagem, totalizando os US$ 40 negativos. Os produtores de petróleo nos Estados Unidos pagam este preço pela armazenagem para evitar realizar cortes na produção. A questão é que não havendo redução do isolamento nas próximas semanas, efetivamente deverá haver um novo ajuste nos patamares de produção, com menos produto ofertado neste mercado.
Para que esta situação não ocorra no Brasil, a Petrobras já reduziu a produção em 200 mil bpd. Mesmo assim, a extração está acima do consumo e da exportação, gerando um excedente que está sendo armazenado.
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