Artigo

Saiba o que está por trás da decisão da OPEP+ de adiar o aumento da sua produção de petróleo, por Victor Arduin

Redação TN Petróleo/Assessoria
06/11/2024 16:06
Saiba o que está por trás da decisão da OPEP+ de adiar o aumento da sua produção de petróleo, por Victor Arduin Imagem: Divulgação Visualizações: 583 (0) (0) (0) (0)

O último trimestre do ano será o mais desafiador para o petróleo em 2024, uma vez que os riscos crescentes de baixa no mercado podem afetar seriamente os principais referenciais do produto. 

Por um lado, nos últimos anos, a OPEP+ conseguiu defender os preços, beneficiando-se até mesmo do prêmio geopolítico proveniente do Oriente Médio; por outro lado, os dados fracos da demanda da Ásia pesam cada vez mais sobre o sentimento do mercado.

Em meio ao crescente sentimento de baixa que está tomando forma, a aliança decidiu adiar seus planos de aumentar a produção em 180.000 barris por dia. Atualmente, há cortes voluntários de 2,2 milhões de barris. 

Embora isso esteja ajudando a estabilizar a queda nos preços do petróleo, também está custando caro ao grupo em termos de participação no mercado, já que países como Estados Unidos, Brasil, Canadá, Guiana e Noruega estão aumentando sua participação no mercado de petróleo.

O Brent se aproximou da marca de US$ 70 nas últimas semanas
Não há dúvida de que, nos últimos anos, a OPEP+ tem sido uma importante força de alta no complexo energético, com suas restrições à produção de petróleo ajudando a sustentar o mercado. Outros fundamentos também apoiaram os principais índices de referência da commodity, como o conflito em curso no Oriente Médio, que adicionou um prêmio de risco ao mercado e aumentou a volatilidade do produto.

No entanto, as preocupações com a demanda global de petróleo aumentaram significativamente nos últimos meses, levando a uma queda nos preços que, em alguns momentos, aproximou o Brent da marca de US$ 70 - um nível de suporte importante.

Devido à queda nos preços das commodities energéticas, a OPEP+ decidiu mais uma vez adiar seus planos de aumentar a produção em 180.000 b/d de dezembro para outro mês. 

De fato, aumentar a oferta neste momento não parece apropriado para orçamentos que dependem muito das receitas da exploração de petróleo e gás, especialmente com os resultados das eleições nos EUA que podem trazer mudanças para o cenário energético global.

Contudo, a defesa dos preços do petróleo se tornará cada vez mais difícil e onerosa para a OPEP+, especialmente para a Arábia Saudita, que perdeu participação de mercado para países não pertencentes à OPEP no ano passado e está com 3 milhões de barris por dia de capacidade ociosa.


 

A difícil cooperação da OPEP+ representa um grande risco de queda
Embora a OPEP+ continue sendo uma importante organização na oferta energética, seu domínio diminuiu nos últimos anos devido ao aumento de países não membros, como EUA, Canadá, Brasil, Noruega e Guiana, que estão atingindo níveis recordes de produção de petróleo e outros combustíveis líquidos. 

Para tornar mais desafiador essa tendência para OPEP, tanto a EIA quanto a IEA revisaram suas projeções para baixo na expansão do consumo de petróleo este ano, estimando agora um aumento de menos de 1 milhão de barris - menos da metade da projeção da OPEP de 1,93 milhão de barris por dia (bpd).

Além disso, os membros da OPEP+ também colaboraram para criar um ambiente mais desafiador para sustentar os preços do petróleo bruto, com países como Iraque, Rússia e Cazaquistão produzindo acima de suas cotas durante a maior parte de 2024. 

As dificuldades de cooperação entre os membros são um problema relevante e levaram à saída de Angola do grupo ao final de 2023, reduzindo o número de membros da OPEP para 12.

Há fundamentos de alta em andamento, como o corte da taxa de juros dos EUA e as medidas de estímulo da China; no entanto, isso precisará de tempo para se traduzir em melhoria da atividade econômica, o que poderia levar a uma maior demanda por petróleo no futuro. 

Nesse contexto, a decisão da OPEP+ foi importante, e necessária em algum nível, para dar à aliança tempo para aumentar sua produção em um cenário menos baixista do que o atual.

Em conclusão, apesar de a OPEP trazer otimismo aos altistas do mercado, muitos riscos de baixa permanecem. O DXY indica que o dólar ainda está muito forte, o que pode levar à queda dos preços do petróleo, já que as commodities se tornam mais caras para os detentores de outras moedas.

O estímulo vindo da China é bem-vindo e pode aumentar a atividade econômica na região em 2025; no entanto, ele pode não se traduzir necessariamente em maior demanda por combustíveis, já que as transações de energia no país estão progredindo rapidamente.

A participação relativa da OPEP+ na oferta global de petróleo está diminuindo à medida que outros países, especialmente os EUA, estão aumentando sua produção. Nesse contexto, o resultado das eleições presidenciais pode trazer mudanças significativas para a política energética do país.

Como resultado, a OPEP+ está certa em adiar seu aumento de produção em dezembro e pode encontrar um ambiente mais favorável para aumentar a oferta em 2025, dada sua meta de estabilizar os preços do petróleo em níveis mais altos.

Sobre o autor: Victor Arduin é analista de Energia e Macroeconomia na Hedgepoint Global Markets.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Oportunidade
UDOP lança Banco de Talentos para profissionais e recrut...
11/11/24
Startups
NAVE ANP: inscrições prorrogadas até 22/11/2024
11/11/24
IBP
Na COP29, IBP reforça compromisso com transição energética
11/11/24
Petrobras
UPGN do Complexo de Energias Boaventura entra em operação
11/11/24
Internacional
Rússia começa a perder força na participação das importa...
11/11/24
Energia Eólica
Grupo CCR e Neoenergia firmam contrato de autoprodução d...
11/11/24
Etanol
Anidro e hidratado encerram a semana com pequena variaçã...
11/11/24
Resultado
Petrobras divulga lucro de R$ 32,6 bilhões no 3º trimes...
08/11/24
Energia elétrica
Desempenho em outubro é o melhor do ano e expansão da ge...
08/11/24
E&P
Firjan destaca o potencial para aumento no fator de recu...
08/11/24
Hidrogênio
Primeira planta de conversão de hidrogênio a partir do e...
08/11/24
ANP
NAVE ANP: inscrições prorrogadas até 22/11/2024
07/11/24
Telecomunicações Offshore
NexusWave: Conectividade Marítima Confiável e Sem Interr...
07/11/24
Pré-Sal
GeoStorage: Novo hub do RCGI nasce para viabilizar o arm...
07/11/24
Negócio
Grupo Energisa assume controle da Norgás e entra no seto...
07/11/24
Etanol
Cientistas mapeiam microbioma de usinas em busca de maio...
07/11/24
Metanol
ANP amplia monitoramento da comercialização de metanol c...
07/11/24
Oportunidade
PPSA realizará seu primeiro concurso público para contra...
07/11/24
GNV
Estratégias e desenvolvimento do setor de GNV proporcion...
07/11/24
Workshop
ANP realiza workshop virtual sobre revisão de normas par...
07/11/24
Marinha do Brasil
Grupo EDGE amplia parceria com a Marinha do Brasil para ...
06/11/24
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

21