Redação TN Petróleo/Assessoria Deloitte
Diante de um cenário global cada vez mais impactado pela transição energética e pela intensificação da digitalização nos processos industriais, a indústria de óleo e gás brasileira encontra-se no epicentro de uma verdadeira transformação.
ao longo de toda a cadeia produtiva investem cada vez mais em tecnologias digitais, transformando não apenas sua infraestrutura, mas também sua cultura corporativa. Esse movimento reflete o esforço do setor em equilibrar a busca por maior competitividade e eficiência operacional com o compromisso crescente em relação à sustentabilidade — fatores que se tornaram essenciais para garantir relevância e prosperidade em um ambiente de negócios dinâmico e em constante evolução.
Nesse contexto, um estudo conduzido pela Deloitte em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) sobre “Inovação digital no setor de petróleo e gás no Brasil” mostra que 87% das empresas consultadas priorizam projetos de inovação. Nos últimos três anos, esse foco já resultou em avanços concretos, com destaque para ganhos em eficiência operacional, aprimoramento de desempenho e melhorias significativas na segurança.
Atualmente, mais da metade das empresas (52%) já contam com departamentos de inovação devidamente estruturados. Além disso, 46% delas se classificam em nível intermediário — com iniciativas em andamento ou já implementadas —, enquanto 23% afirmam ocupar uma posição de liderança, apresentando histórico de sucesso e uma cultura inovadora amplamente disseminada.
Apenas 18% ainda se encontram em estágio inicial. Esses dados evidenciam um avanço significativo na inclusão da inovação como elemento central da estratégia das empresas, embora ainda seja necessário acelerar essa jornada para ampliar seu impacto e consolidar resultados mais práticos.
Além disso, embora 100% utilizem retorno sobre investimento (ROI) e métricas financeiras/operacionais para avaliar resultados, apenas 24% o aplicam como critério principal na priorização de projetos — o que indica um foco forte em resultados tangíveis, mas menor atenção a benefícios intangíveis como cultura, marca e sustentabilidade.
Ainda segundo o relatório, os principais ganhos identificados nos últimos três anos são, em ordem: eficiência operacional, novos produtos/serviços, melhoria da segurança operacional, aumento da competitividade. Benefícios de marca, geração de propriedade intelectual e segurança cibernética aparecem mais abaixo no ranking — o que sinaliza que a inovação transformacional (e não apenas incremental) ainda está em evolução no setor.
O estudo também destaca que a agenda de descarbonização e sustentabilidade está ganhando peso: regulamentos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que exigem direcionamento de 1% da receita bruta em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação têm estimulado as iniciativas no setor — com foco em descarbonização, mitigação de impacto ambiental, diversificação da matriz energética, investimentos em pesquisa e parcerias com universidades e startups.
COMPETITIVIDADE
O avanço da digitalização e da cultura de inovação na indústria de óleo e gás brasileira sinaliza um movimento consistente rumo a um novo patamar de competitividade, ainda que persistam diferenças de maturidade entre as empresas do setor.
O verdadeiro salto, porém, acontecerá quando a inovação for incorporada a cultura das organizações, sendo um motor de renovação dos seus modelos de negócio, direcionando uma visão clara de futuro, catalisada por uma estrutura ambidestra que habilita as novas competências necessárias para que a empresa se mantenha a prova de futuro.
Em suma, o Brasil tem a oportunidade de seguir com a transformação de sua indústria de óleo e gás, tendo inovação tecnológica e sustentabilidade como pilares para o crescimento futuro. O investimento contínuo em tecnologia, aliado ao fortalecimento da cultura inovadora e à integração entre diferentes áreas e parceiros, com a criação de ecossistemas robustos, mostra que o setor está preparado para superar desafios e alcançar novos patamares de competitividade.
O caminho rumo ao futuro passa pela consolidação de uma mentalidade inovadora, capaz de sustentar o avanço da indústria em um mundo cada vez mais digital e sustentável.
Sobre os autores: Rafael Ferrari é Sócio de Strategy & Business Design da Deloitte e Patricia Muricy é líder da Indústria de Energy, Resources & Industrials da Deloitte.
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