Opinião

A matriz energética brasileira e os biocombustíveis brasileiros são a bola da vez

Diretor do Comitê de Veículos de passeio do Congresso SAE BRASIL 2006, Evandro Maciel, diz que "já foi o tempo em que éramos os únicos a fabricar veículos flex fuel que utilizam etanol e gasolina em qualquer proporção de mistura.


07/11/2006 02:00
Visualizações: 573 (0) (0) (0) (0)

"Hoje", prossegue, "esta tecnologia é realidade em países como Estados Unidos. A França já tem planos para utilizar o álcool como combustível, assim como diversos outros países, que caminham em busca de um substituto ao petróleo. O mérito do desenvolvimento da tecnologia flex é nosso e, por isso, não devemos deixar de investir no aprimoramento deste sistema. Reduzir consumo, aumentar a eficiência e o desempenho dos motores são os próximos passos e não podemos esperar pelas forças de mercado para dar continuidade no desenvolvimento destas melhorias. Se isso acontece, corremos o risco de sermos ultrapassados tecnologicamente.
 Há dois séculos, o petróleo praticamente substituiu o carvão e, agora, ele terá de ser substituído, o que obrigará uma readaptação de todas as cadeias produtivas influenciadas por este combustível. Baseados nesta visão, muitos governos, centros de pesquisas e entidades privadas se movem rapidamente para identificar qual o novo combustível que assumirá esta posição estratégica na matriz energética mundial. Não há dúvidas que deverá ser compatível com as novas imposições sociais de proteção ambiental, grau influência nos custos de produção, praticidade de geração e manuseio e, muito importante, renovável.
 As alternativas potenciais são os biocombustíveis (etanol e biodiesel), eletricidade e hidrogênio. Tecnologicamente, todos são viáveis, mas economicamente os biocombustíveis são a melhor opção no curto prazo. Chegou, então, a nossa vez. O Brasil possui hoje uma vantagem significativa sobre os outros países, pois conta com uma matriz energética em que mais de 40% já é considerada de fontes renováveis, enquanto em outras nações esta participação é menor do que 20%.

Só a biomassa responde por 30% e a elétrica por 15%. Rumamos rapidamente para produções recordes de álcool e aceleração máxima na construção de usinas de biodiesel, pois já existem requisitos compulsórios de adição do biodiesel no diesel de 2% a partir de 2008 e de 5% a partir de 2013, o que por si só demandará aproximadamente 800 milhões de litros por ano. Devemos considerar em adição o potencial volume a ser exportado. O setor da mobilidade, transportes em geral, consome hoje aproximadamente 30% de toda a energia disponível no Brasil e tem importância relevante na maioria dos outros países. A substituição dos derivados de petróleo por álcool e biodiesel é eminente principalmente considerando uma frota de 22 milhões de veículos e as dimensões continentais do Brasil. Estes serão os combustíveis dos próximos anos, pois atendem a grande maioria dos requisitos para substituir o petróleo, em curto espaço de tempo. Já a eletricidade e o hidrogênio ganharão espaço paulatinamente, a médio e longo prazos.
Por estes motivos, o Congresso SAE BRASIL 2006, que acontece de 21 a 23 de novembro, em São Paulo, trará nos fóruns de Veículos de Passeio um amplo debate sobre as tecnologias dos combustíveis alternativos e a inserção dos motores flex no cenário internacional, identificando suas potencialidades e ameaças quando comparadas com outras tecnologias disponíveis e em desenvolvimento no resto do mundo.
 A engenharia brasileira domina e constantemente otimiza todo o ciclo de produção e consumo de álcool, envolvendo desde o cultivo da cana-de-açúcar, as usinas de produção e seus processos, o transporte e distribuição, até as estruturas de custos e os motores flex que hoje equipam grande parte da nova frota. Já se deu o início do desenvolvimento do ciclo do biodiesel, a partir de várias oleaginosas, embasado na tecnologia e extensão do agronegócio há tempos consolidado. Este é o caminho que temos de trilhar neste momento e temos de percorrê-lo a passos largos, para assim continuarmos na vanguarda tecnológica que há pouco conquistamos.

 No futuro, devemos aproveitar a reconhecida capacidade hidroelétrica da geografia brasileira para alavancar a consolidação dos automotores elétricos “plug-ins” na frota urbana nacional.

Tem-se aí um grande potencial de influenciar decididamente a matriz energética mundial, oferecendo opções que, dificilmente, poderão ser reproduzidas pela maioria dos outros países. Entretanto, o sucesso depende de uma visão político-estratégica nacional, institucional, que incentive todos os elos das cadeias produtivas e que proporcione condições de competitividade globais", encerra o articulista.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
OTC HOUSTON 2025
Comitiva sergipana em feira nos EUA se reúne com diretor...
07/05/25
Sergipe Oil & Gas 2025
SOG25 vai dar destaque ao potencial de Sergipe na produç...
07/05/25
OTC HOUSTON 2025
Petrobras, IBP, Sinaval e ApexBrasil fomentam novos negó...
07/05/25
Resultado
Vibra tem crescimento inédito no 1T25
07/05/25
Offshore
Descomissionamento de plataformas fixas em águas rasas a...
07/05/25
OTC HOUSTON 2025
Vesper, líder em Ventiladores e Exaustores industriais E...
07/05/25
OTC HOUSTON 2025
EPE destaca oportunidades de investimento no setor energ...
07/05/25
OTC HOUSTON 2025
PPSA anuncia revisão no volume a ser ofertado no 5º Leil...
06/05/25
OTC HOUSTON 2025
Brasil leva maior delegação estrangeira para feira de pe...
06/05/25
OTC HOUSTON 2025
Para divulgar o potencial energético do Rio de Janeiro, ...
06/05/25
Logística
Vast conclui milésima operação de transbordo de petróleo
06/05/25
OTC HOUSTON 2025
Fábio Mitidieri participa da abertura do Pavilhão Brasil...
06/05/25
Energia Eólica
Brasil e Países Baixos promovem seminário sobre energia ...
06/05/25
Etanol
ORPLANA reafirma compromisso com a governança e transpar...
06/05/25
Meio Ambiente
Aterro Zero: Refinaria de Mataripe conquista certificação
06/05/25
ANP
Produção de petróleo e gás natural no pré-sal registra r...
06/05/25
OTC HOUSTON 2025
IBP marca presença na programação da OTC Houston 2025
05/05/25
OTC HOUSTON 2025
Petrobras participa da OTC 2025, em Houston (EUA)
02/05/25
Bacia de Campos
Prio assina com a Equinor Brasil a aquisição de 60% dos ...
02/05/25
Rio de Janeiro
Porto do Rio de Janeiro atrai novo investimento privado ...
01/05/25
Combustíveis
Etanol e gasolina estão quedas nos preços em abril, apon...
01/05/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22