Redação TN Petróleo/Assessoria MME
O movimento de descarbonização é o principal motivador da transição energética mundial associado às novas tecnologias digitais da indústria 4.0 dos sistemas energéticos. A informação é da assessora especial em assuntos regulatórios do Ministério de Minas e Energia (MME), Agnes da Costa, ao participar de webinar promovido pela revista Exame, nesta terça-feira (25/5).
Com o tema "Transição Energética e o Brasil — Os Melhores do ESG", o evento também contou com a participação do ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e teve a moderação realizada por Emilio Matsumura, diretor-executivo do Instituto E+ Transição Energética.
A representante do MME afirmou que as transições energéticas são diferentes em cada país, pois cada um tem ponto de partida diferente. Segundo Agnes, a palavra-chave defendida pelo Brasil quanto ao movimento das transições energéticas é flexibilidade. Segundo ela, cada nação deve escolher a trajetória mais adequada à sua realidade, levando em consideração as vantagens competitivas e os recursos energéticos de que dispõe. O objetivo é fazer a descarbonização das matrizes energéticas ao menor custo possível para a sociedade e chegar mais rápido ao resultado.
O ponto de partida é bastante diferente para o Brasil, segundo Agnes, porque o País é extremamente renovável em sua matriz energética, com aproximadamente 43% renováveis. "Isso se deve muito aos biocombustíveis no setor de transporte", afirmou. No caso da matriz elétrica, o Brasil tem 85% da produção proveniente de fontes limpas, enquanto no restante do mundo o número está em torno de 28%.
Agnes explicou que o Brasil parte de uma configuração energética diferente, pois ao longo da história fez escolhas tecnológicas de acordo com os recursos à disposição. Ela exemplificou o setor elétrico, com o Sistema Interligado Nacional (SIN), que se originou da constatação da possibilidade de aproveitamento da diversidade hidrológica no país, com o desenvolvimento da hidroeletricidade em centenas de rios espalhados por todo o País.
"Foi-se, então, desenvolvendo as hidrelétricas ao longo dessas bacias hidrográficas, tudo interconectado em um único sistema que hoje nos permite colocar geração em todos os cantos. Sejam eólica ou solar, onde houver potencial a gente coloca", ressaltou Agnes.
No debate, Joaquim Levy destacou o papel desempenhado pela mobilidade elétrica e também os efeitos do desmatamento. "Quando se pensa na transição energética sob o prisma ambiental, o que a gente vai descobrir é que, ao contrário de outros países, no Brasil, a maior parte das emissões de gases de efeito estufa não acontecem no setor econômico, mas sim nos desmatamentos", alertou.
Agnes destacou que a transição energética será o principal tema levado pelo Brasil ao Diálogo em Alto Nível das Nações Unidas sobre energia, previsto para setembro. "Tudo o que temos nos incentiva a contribuir para essa agenda", ressaltou, ao enfatizar que o Brasil possui instituições sólidas na área de energia.
"Vamos levar à ONU a questão do hidrogênio sob a ótica da geração de conhecimento, o que inclui mapeamentos daquilo que já existe no país, mas também potenciais futuros, inclusive de capacitação para indústria e academia. Entendemos que a consolidação e a transparência sobre o conhecimento é relevante para atrair investimentos", afirmou Agnes. "Não é a cor do hidrogênio que importa, mas que o hidrogênio seja limpo, que não emita carbono", frisou.
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