Aos poucos, o Ceará vai consolidando uma nova matriz energética: a eólica, limpa, ainda mais cara que as demais fontes, mas sustentável e capaz de suprir a própria demanda interna, atualmente da ordem de 1,2 milhão de Megawatts/hora (MW). Atualmente, o Estado já conta com dez parques eólicos distribuídos no litoral cearense, com capacidade de geração de 283,3 MW de energia, incluindo-se, os 104,4 MW que entram no sistema, a partir de amanhã, com a inauguração, às 13 horas, da usina de Formosa, pelo grupo Siif Énergies do Brasil, em Camocim, no litoral Oeste .
Com mais esta usina, a terceira do grupo no Ceará, a potência instalada do Estado será suficiente para atender a 18% da demanda, o equivalente a uma população de 1,65 milhão de habitantes. "Em setembro, estaremos inaugurando a usina de Icaraí de Amontada, com capacidade instalada de 54 MW", antecipa o diretor presidente da Siif Énergies, Marcelo Picchi.
Além destes, outros cinco parques eólicos, sendo dois da empresa Argentina Impsa, em Acaraú, e três, da brasileira Bons Ventos, em Aracati; estão previstos para serem inaugurados no Ceará, até dezembro de 2010. Até lá, 500 MW de energia eólica deverão estar interligados ao sistema elétrico nacional, conforme prevê a Medida Provisória (MP) 450, que alterou a data limite de geração das empresas contempladas pelo programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), do Ministério das Minas e Energia (MME). "Nossa previsão era inaugurar a usina de Icaraizinho, no município de Amontada, somente em novembro, mas conseguimos antecipar para setembro", assegurou o diretor da Siif, ao anunciar investimentos de R$ 260 milhões, no novo parque eólico.
Investimento e gargalos
Conforme assinalou, outros R$ 500 milhões foram aplicados na usina de Formosa, em Camocim, onde estão instaladas 50 torres de 80 metros de altura, com capacidade de geração de 2,1 MW, cada.
Segundo ele, além dos investimentos nos parques, a empresa aportou recursos na construção de 150 quilômetros de linhas de transmissão, de 230 mil volts, interligando os parques de Camocin e Amontada até a subestação da Chesf, em Sobral. "A falta de redes de distribuição ainda é um gargalo grande", confirma o coordenador de Energia e Comunicação da Secretaria Estadual de Infra-Estrutura, Renato Rolim.
De acordo com ele, isto ainda sob a responsabilidade das empresas, mas é um ônus que tende a ser dividido entre a Empresa de Planejamento de Pesquisa Energética (EPE), do MME, e as geradoras, possivelmente, após o novo leilão de 2.743 MW de energia eólica, agendado para o dia 25 de novembro próximo.
Segundo Rolim, a expectativa é a de que a PPE assuma 50% das despesas de construção de linhas de distribuição e as empresas rateiem a outra metade dos investimentos.
Problemas ambientais
Além da falta de linhas de transmissão interligando as usinas às subestações da Chesf ou da Coelce, problemas com registros ambientais, de demarcação de áreas, entraves na liberação de financiamentos e até mesmo para encontrar grandes terrenos livres, são algumas das dificuldades encontrada, que justificariam atrasos na instalação de algumas usinas no Estado.
"A exigência de 60% de nacionalização dos equipamentos foi outra dificuldade", atesta Picchi, que às 11 horas de hoje, concede entrevista coletiva à imprensa para falar sobre as novas.