Redação/Assessoria
O dano causado pela mudança do clima à Grande Barreira de Corais da Austrália pode ter comprometido sua capacidade natural de regeneração, aponta um novo estudo publicado na semana passada pela revista científica Nature.
"O número de agrupamentos de corais na Grande Barreira caiu 89% após uma perda sem precedentes de corais adultos por conta do aquecimento do oceano entre 2016 e 2017, aponta Terry Hughes, diretor do ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies da James Cook University (JCU), na Austrália, e um dos autores do estudo.
A pesquisa calculou quantos corais adultos sobreviveram ao longo do maior sistema de recifes do mundo após estresse causado por ondas de calor, e quantos corais novos foram nasceram para repovoar a Grande Barreira em 2018. A perda de corais adultos resultou em que ruptura no reabastecimento de coral em comparação com os níveis observados em anos que antecederam o branqueamento em massa de corais.
"Nossa análise mostra que a resiliência do recife está severamente comprometida pelo aquecimento global", aponta Andrew Baird, outro coautor do estudo. "Observamos o declínio mais acentuado de regeneração, de cerca de 93%, na espécie Acropora, predominante na Grande Barreira. Os adultos desta espécie fornecem a maior parte do habitar tridimensional de corais que suporta milhares de outras espécies nesse ecossistema".
Até hoje, a Grande Barreira de Corais sofreu quatro episódios de branqueamento em massa decorrente da elevação da temperatura do Oceano Pacífico - em 1998, 2002 e 2016-2017. Cientistas preveem que eventos como esse devem se tornar mais frequentes nas próximas décadas por causa da intensificação do aquecimento global, o que pode prejudicar ainda mais a capacidade regenerativa de corais marinhos.
"Esperamos que os corais se recuperem do episódio de 2016-2017 entre os próximos cinco a dez anos, à medida em que os corais sobreviventes e outros mais jovens atinjam a maturidade reprodutiva, desde que não aconteça outro evento de branqueamento em massa na próxima década", aponta Hughes. No entanto, segundo Morgan Pratchett, coautor do estudo, "é altamente improvável" que possamos escapar de um novo evento na próxima década. "Costumávamos pensar que a Grande Barreiras de Corais era grande demais para quebrar - até agora. Mas a escala dos danos severos do calor extremo foi muito superior à capacidade regenerativa dos corais. Para comparar, o branqueamento atingiu uma área de 1,5 mil km".
Para Hughes, só existe uma maneira para que esse processo seja impedido. "Precisamos resolver a causa principal do aquecimento global, que é a emissão de gases de efeito estufa que resultam na elevação da temperatura média do planeta e na intensificação de eventos climáticos extremos, como ondas de calor", conclui.
O artigo está disponível no site na Nature pelo link https://www.nature.com/articles/s41586-019-1081-y
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