Jornal do Commercio
O presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, reiterou ontem, em palestra, que a estratégia de diversificação geográfica do grupo siderúrgico contempla novas regiões para o crescimento, citando a Europa, Ásia e incluindo o Oriente Médio entre elas.
O executivo disse que, na Ásia, o grupo continua olhando oportunidades na China, mas ao mesmo tempo afirmou que outros países do sudeste do continente interessam à Gerdau, como Tailândia e Vietnã. "Temos presença forte nas Américas e estamos olhando novas regiões. A China é o maior produtor e consumidor (de aço) e claro que continuamos avaliando", explicou.
A avaliação da China não exclui outros países da região. "Não tem eliminação nem exclusão", complementou, em entrevista após apresentar palestra em reunião da Associação do Aço do Rio Grande do Sul. Na Índia, onde a Gerdau tem joint venture, que pode servir à ampliação na Ásia, o foco é em aços para construção e especiais.
Na palestra, ele abordou a siderurgia mundial, a brasileira e os desafios da Gerdau.
Johannpeter disse que prossegue a consolidação da siderurgia mundial, lembrando que os cinco maiores produtores de aço detinham apenas 18% do total em 2007.
A Ásia continua sendo o motor do crescimento no setor, que prevê produzir 1,4 bilhão de toneladas em 2008, ante 1,3 bilhão de toneladas no ano passado. Nos Estados Unidos, há certa queda de consumo, comentou ele, mas há menos importações de produtos siderúrgicos. Ele reiterou que a situação tem beneficiado os fabricantes locais e permitido exportar a partir dos EUA, o que já foi verificado no começo do primeiro trimestre.
Na América Latina, o consumo crescerá 7% ao ano nos próximos dois anos, puxado pelo Brasil, disse Johannpeter. O Instituto Brasileiro de Siderurgia projeta consumo interno de 25 milhões de toneladas neste ano, ante produção de 37,6 milhões de toneladas.
A produção brasileira atende plenamente a demanda, a capacidade está sendo ampliada pelos fabricantes e não há falta de produtos em nenhuma linha, disse Johannpeter. Ele considerou que há possibilidade de direcionar mais produto para o mercado interno, reduzindo exportações, o que depende do comportamento da demanda.
Os países do Bric (Brasil, Índia, Rússia e China) responderam por 47% da produção de aço em 2007, ante 27% em 1998. O Brasil já teve custos entre os menores do mundo no setor, mas a perda de competitividade é uma preocupação para o futuro, analisou o executivo.
Parte das condições de competição está sendo afetada pelo câmbio, compensado atualmente pelo mercado interno. Questionado sobre novos aumentos nos preços de siderúrgicos, Johannpeter disse que a Gerdau não tem previsão, mas ponderou que as pressões de custos de matérias-primas tendem a prosseguir no segundo semestre.
O presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul, José Fernandes Martins, afirmou que toda a indústria metalúrgica está preocupada com possíveis aumentos do aço.
O produto subiu 30% em média até junho, há previsão de mais 15% de reajuste até o final de agosto e o setor comenta sobre mais 25% até dezembro.
As usinas, disse Martins, afirmam que os preços no mercado brasileiro ainda estão cerca de 10% abaixo dos internacionais, o que para ele é comportamento racional, já que o custo de produção do setor siderúrgico no País também é menor que o de concorrentes no exterior.
A Gerdau prevê investir US$ 6,347 bilhões entre 2008 e 2010, dos quais US$ 3,678 bilhões no Brasil (sem incluir aquisições). Os aços especiais receberão US$ 1,052 bilhão desse total. A capacidade instalada do grupo está em 26 milhões de toneladas e deve chegar a 29,365 milhões de toneladas em 2010.
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