Redação TN Petróleo/Agência Estado
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite (foto), afirmou que vai defender o uso do etanol durante a Conferência das Partes (COP26), em Glasgow, na Escócia. O maior evento do mundo sobre meio ambiente é organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e começa no próximo dia 31, devendo se estender até 12 de novembro.
"Reafirmo o compromisso do governo federal na promoção do etanol brasileiro como parte de uma nova economia verde durante a Conferência das Partes, a COP26, em Glasgow", disse o ministro. Leite fez a afirmação em um vídeo publicado na rede social Linkedin depois que a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) enviou uma carta a ele anteontem pedindo o reconhecimento e a defesa do potencial da bioenergiacomo instrumento de descarbonização na Conferência do Clima.
"Gostaria de manifestar todo meu apoio ao setor de biocombustíveis. Setor esse que gera emprego verde e reaproveita 90% dos recursos, promovendo uma economia circular e garantindo hoje um transporte verde em todo o território nacional, como veículos elétricos que usam etanol para recarregar suas baterias", disse o ministro. Na carta, a Unica lembra que representa usinas e destilarias responsáveis por mais de 50% da produção brasileira de etanol e outros energéticos renováveis e sugere que as políticas públicas implementadas no Brasil e o sucesso no uso do etanol e da bioenergia como instrumentos de descarbonização sejam incorporados ao posicionamento brasileiro no evento.
"Enquanto os maiores líderes globais continuarão a debater alternativas para transformar seus compromissos de reduções de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em ações ativas, o Brasil tem a oportunidade de oferecer soluções eficientes e imediatas para essa agenda, especialmente no setor de transportes, que responde por quase 25% de todas as emissões globais", argumentou o setor.
A Unica ressaltou que o uso de etanol combustível na frota de veículos leves e o emprego dos Créditos de Descarbonização (CBios) para compensação de emissões em outros setores da economia se posicionam como opções efetivas para o combate ao aquecimento global. "O país possui o maior programa de substituição de combustíveis fósseis por renováveis do planeta, iniciado com o Proálcool e agora consolidado na Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio", enfatizou.
O programa estabelece metas de redução da intensidade de carbono para a matriz brasileira de combustíveis, criando diretrizes para ampliar a participação e a eficiência energéticoambiental dos biocombustíveis no mercado nacional. Os produtores ressaltaram que o etanol já substitui quase metade do consumo de gasolina no mercado nacional e, para isso, utiliza apenas 0,8% do território para produção de matériaprima energética. "Importante destacar que área com cana-de-açúcar está localizada a mais de dois mil quilômetros da Amazônia", escreveram. A região amazônica é um dos principais pontos de interesse do mundo em relação ao Brasil.
A carta também traz que o RenovaBio impõe política de desmatamento zero, excluindo qualquer propriedade com supressão de vegetação nativa. Pelos cálculos da Unica, desde o lançamento dos veículos flex-fuel no Brasil, em 2003, o uso do etanol combustível evitou quase 600 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, ou o equivalente à totalidade das emissões anuais somadas de países como França e Polônia. "Isso porque, o etanol reduz em até 90% a emissão de gases de efeito estufa quando comparado ao concorrente fóssil", compararam.
Exemplo
Os produtores salientaram também que a política brasileira já é exemplo para outros países, como Índia e até mesmo o Reino Unido, que anunciou que a partir de setembro deste ano passaria a ampliar a mistura de etanol à gasolina de 5% para 10%. Na Índia, conforme a Unica, foi anunciada a meta de misturar 20% de etanol à gasolina até 2025, cinco anos antes do planejado. O país também divulgou recentemente que irá incentivar os carros flex, modelo, segundo a associação, que foi fortemente inspirado no Brasil.
"A frota flex-fuel com o uso de etanol hidratado já se compara às tecnologias mais eficientes mundialmente em termos de emissões de GEE. A redução na pegada de carbono do etanol e os ganhos de eficiência na tecnologia veicular podem colocar o País em uma posição ainda mais privilegiada, com níveis de descarbonização muito além daqueles observados na maior parte das nações do globo", escreveram os usineiros. O ministro leu na carta que o potencial da cadeia sucroenergética na oferta de energia de baixo carbono é enfatizada com a introdução e consolidação de novos produtos, como a bioeletricidade, o biogás, o biometano e o etanol de segunda geração.
O documento, que tem quatro páginas, aborda ainda as inovações do setor automotivo, como a eletrificação dos carros, e o primeiro ativo regulado no Brasil para compensar emissões de GEE, os CBios. "Trata-se de um crédito de carbono com integridade e lastro ambiental, além de sólida estrutura de governança nas etapas de emissão e comercialização". Por fim, a Unica destacou que o setor sucroenergético emprega direta ou indiretamente 2,3 milhões de pessoas e tem relação com cerca de 70 mil produtores rurais. "De todo o exposto, fica evidente que temos resultados efetivos e ações concretas para pautar o debate na Conferência de Clima", conclui o documento, que é assinado pelo diretor-presidente da instituição, Evandro Gussi.
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