Às vésperas de uma nova reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e grandes empresários do país, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, elogiou as recentes medidas do governo para reduzir juros e proteger a produção nacional, mas cobrou a promoção de novos leilões para as concessões de energia elétrica. A reunião entre Dilma e os empresários está marcada para esta quinta-feira (3).
A Fiesp defende novos leilões para as concessões do setor elétrico que vencem em 2015, sob o argumento de que novas licitações - e não a renovação - podem resultar na queda de preços da energia para a indústria e para o consumidor final.
“Desde a nossa última reunião, os temas não ficaram na mesa, as coisas acontecerem. Mas continuamos na expectativa de que o governo chame leilões ao final das concessões do setor elétrico”, disse Skaf, na quarta-feira (2).
Em encontro no fim de março, um grupo de grandes empresários do país cobrou do governo políticas para conter a valorização do real ante o dólar e a desindustrialização do país. Após a reunião, o governo anunciou medidas como a desoneração da folha de pagamento e a redução de juros.
Skaf também elogiou a aprovação da Resolução 72 do Senado Federal, que uniformizou a alíquota interestadual do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre produtos importados, acabando com a chamada 'Guerra dos Portos'.
“Não está tudo resolvido, mas sinto que o clima está favorável. Na última reunião a presidenta mostrou sensibilidade e preocupação e houve resultados positivos”. Apesar das medidas recentes para proteger a produção nacional, a indústria de transformação não deverá ter crescimento este ano, segundo cálculos da Fiesp. “As medidas vão ajudar a reverter a situação, mas matematicamente será muito difícil a indústria de transformação crescer, nossa expectativa é crescimento zero”. Para a indústria em geral, a expectativa de crescimento é de 1,5% a 2%, segundo Skaf, resultado semelhante ao de 2011.
Skaf e o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, estiveram na quarta-feira no Palácio do Planalto para apresentar à ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o Espaço da Indústria na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho. As duas federações vão organizar debates paralelos à conferência em um espaço montado no Forte de Copacabana.
“Vai ser um espaço institucional, colocamos inclusive à disposição do governo. Esperamos receber 10 mil pessoas por dia”.