O grupo franco belga GDF Suez fechou o segundo contrato de crédito de carbono, chamados de Reduções Certificadas de Emissão (RCEs), com usinas hidrelétricas no Brasil. A empresa comprou o equivalente a 250 mil créditos de carbono da usina hidrelétrica de Mojolinho, que pertence à Desenvix e tem capacidade de gerar 74 MW de energia.
Os créditos serão entregues até 2012. No início do ano já tinha adquirido 900 mil certificados do projeto Ceran, que tem entre os controladores a CPFL. Com o preço do certificado no mercado internacional de € 12 a tonelada, estima-se que o negócio foi fechado em € 3 milhões.
O presidente da Suez no Brasil, Maurício Bähr, diz que os créditos adquiridos no país são usados para compensar a emissão de gases do efeito estufa das empresas do grupo na Europa. A empresa deve reduzir ou comprar créditos que equivalem a 10 milhões de toneladas de CO2 por ano.
A meta está fixada até o fim de 2012, prazo final do efeito do Protocolo de Kyoto. O gerente de créditos de carbono da empresa, Philipp Hauser, diz que depois desse período já existem regras definidas dentro da própria comunidade europeia, independentemente de um novo acordo global.
Mas segundo Hauser, a crise financeira que provocou redução na atividade econômica fez com que muitas empresas atingissem suas metas. "O mercado vive quase um superávit de emissões", diz Hauser. De qualquer forma, o grupo Suez continua comprando e quer dobrar o volume de créditos que possui no Brasil. Ao todo, são 2,2 milhões de crédito que vêm das duas hidrelétricas, de um projeto de aterro sanitário e de uma usina de biomassa que pertence à Tractebel, do próprio grupo.
O grupo está atento também a geração de certificados de redução de emissões de suas próprias usinas, como é o caso de Jirau. O processo da usina no Rio Madeira, entretanto, está muito no início. Além disso, o fim dos efeitos do Protocolo de Kyoto em 2012 faz com que o mercado comprador fique menos interessado. O objetivo da usina de Jirau é se enquadrar no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) que é certificado pelas Nações Unidas.
Outro projeto da empresa que tem potencial de gerar créditos de carbono é a usina de biomassa a base de cana de açúcar construída em parceria com a usina Guarani. Mas nesse caso, a Suez pretende fazer o certificado no mercado voluntário, onde não é preciso a certificação por meio do MDL.