Rio de Janeiro

Iesa assume controle do estaleiro Sermetal

<P>A Iesa, empresa do grupo Inepar, exerceu o direto de arrendar e comprar o estaleiro Sermetal, pertencente à IVI, de Nélson Tanure. Uma fonte próxima das negociações confirmou a operação, mas não precisou os valores envolvidos. O estaleiro, situado no bairro do Caju, na zona portuária do ...

Valor Econômico
23/02/2007 00:00
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A Iesa, empresa do grupo Inepar, exerceu o direto de arrendar e comprar o estaleiro Sermetal, pertencente à IVI, de Nélson Tanure. Uma fonte próxima das negociações confirmou a operação, mas não precisou os valores envolvidos. O estaleiro, situado no bairro do Caju, na zona portuária do Rio, é avaliado em US$ 160 milhões, incluindo dívidas. A Inepar não quis comentar a operação e Tanure e seus assessores não foram encontrados, ontem, pelo Valor.

A fonte disse que a opção de compra já estava prevista em contrato acertado entre Iesa, Sermetal, Banco Fator e IVI. Segundo a fonte, o Fator foi contratado para estruturar a operação. Procurado para falar do negócio, informou, via assessoria de imprensa, que os diretores não estavam disponíveis.

A IVI arrendava parte do estaleiro, com o maior dique seco da América do Sul para construção de navios, para a Sermetal, empresa formada por engenheiros da antiga Ishibrás, subsidiária brasileira da japonesa Ishikawajima.

Mas a aposta do Sermetal passa pela retomada da construção de grandes embarcações. O estaleiro já construiu navios de 300 mil toneladas de porte bruto (TPB). Por isso, Iesa e Sermetal se juntaram ao grupo MPE no consórcio Rio Naval para disputar os novos petroleiros da Transpetro, a subsidiária de logística da Petrobras.

O Rio Naval ganhou a licitação para nove navios (cinco Aframax e quatro Panamax) orçados em US$ 860 milhões. Os contratos para esse lote entre Transpetro e Rio Naval e com BNDES ainda não foram assinados. Uma das dificuldades é que três dos quatro grupos selecionados pela estatal para fazer 26 navios (total de US$ 2,48 bilhões) têm dívidas passadas com o banco. Isso tem retardado a concessão de novos empréstimos no banco. A Iesa esbarra em pendências da Inepar.

O grupo MPE aguarda a assinatura com a Transpetro para decidir se também adquire parte do Sermetal. Se não comprar, tem a alternativa de arrendar o estaleiro para o Rio Naval, do qual participa, para atender à encomenda da Transpetro. No consórcio, detém 80% de participação. Os 20% são divididos meio a meio por Iesa e Sermetal.

Se no passado o Ishibrás (atual Sermetal) foi um dos grandes estaleiros da América do Sul, hoje suas instalações precisam ser modernizadas para construir navios de grande porte. As melhorias incluem guindastes e máquinas de solda e de corte de chapas de aço. O Rio Naval conta com apoio tecnológico da coreana Hyundai.

Em entrevista ontem no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, o diretor corporativo da Inepar, Jauneval de Oms, irmão do fundador e presidente, Atilano de Oms Sobrinho, relatou a aquisição e disse que a operação faz parte da mudança de foco da empresa, fundada no Paraná na década de 60. Depois de ficar altamente endividada e ter de se desfazer de diversas empresas, mudou-se há quatro anos para o interior de São Paulo. Agora, quer aumentar a participação nos segmentos de petróleo e gás.

De acordo com Jauneval, a aquisição saiu por R$ 300 milhões, com financiamento de longo prazo da própria IVI. Disse ainda que o investimento é estratégico, pois a empresa já estava com um pé na área naval. Procurada pelo Valor, a Inepar informou que apenas Oms Sobrinho, que estaria na Argentina, é que falará sobre o assunto.

Nos últimos dias, oscilações constantes das ações da Inepar Telecomunicações, com as atividades paralisadas, levou a Bovespa a consultar Oms Sobrinho sobre o assunto. Em pouco mais de 30 dias, passaram de R$ 0,39 para R$ 15. Dia 21, valiam R$ 6,09.

A Inepar, no seu auge, em 1998, teve receita líquida de R$ 834 milhões mas, depois de se diversificar e fazer empréstimos para financiar aquisições e projetos, ficou endividada. Seu faturamento caiu para menos de R$ 500 milhões e os prejuízos cresceram. Jauneval garante que, em 2007, o faturamento será de cerca de R$ 1 bilhão (os números de 2006 ainda não foram fechados) e que a carteira de pedidos supera R$ 1,5 bilhão. A Iesa, de Araraquara (SP), concentra a maioria das atividades do grupo e 60% do faturamento viria de óleo e gás.

Fonte: Valor Econômico

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