Meio Ambiente

Mudanças climáticas também ameaçam o fundo do mar, diz presidente do CNPq

Hernan Chaimovich lançou documentário sobre o Banco de Abrolhos, exibido pela primeira vez na 68ª Reunião Anual da SBPC, em Porto Seguro (BA). Pesquisadores explicam que recifes registram a história climática do planeta.

Assessoria MCTIC/Redação
07/07/2016 15:45
Visualizações: 669 (0) (0) (0) (0)

O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Hernan Chaimovich, lançou nesta quarta-feira (6) o documentário Banco de Abrolhos: Maior Complexo Coralíneo do Atlântico Sul, exibido pela primeira vez ao público no pavilhão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) na 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Porto Seguro (BA). No lançamento, ele chamou a atenção para os impactos "dramáticos" das mudanças climáticas nos oceanos.

"Todos já sabemos que a Terra passa por um período de mudança climática – e boa parte desse aumento de temperatura é culpa nossa, pela emissão de dióxido de carbono e outros gases", lamentou Chaimovich. "Daqui a alguns anos, se a gente não fizer nada, o Brasil vai deixar de produzir café, por exemplo. As plantações podem se deslocar ao sul, rumo à Argentina. Isso no continente. No mar, acontecem coisas dramáticas. A temperatura vem subindo em algumas regiões e gerando branqueamento de coral, efeito da perda de microalgas."

Responsável pelo documentário e pelas pesquisas, a Rede Abrolhos observou aumento da temperatura média da água no final do verão de 2016 e anomalias térmicas nos últimos dois anos. O grupo realiza um registro sequencial do fenômeno de branqueamento e avalia a resistência dos micro-organismos ao calor. A perda de algas pode gerar morte de recife coralíneo – motivo de estudos complementares, acerca de sua capacidade de recuperação.

Nas palavras de Chaimovich, o documentário representa "um banho de ciência e compromisso com o Brasil". O presidente do CNPq lembrou que a Rede Abrolhos é um dos 30 sítios de referência do Programa de Pesquisa Ecológica da Longa Duração (Peld). "Temos algumas iniciativas que eu definiria como joias da coroa e uma delas é o Peld, criado em 1999 para gerar conhecimento sobre os nossos ecossistemas e a biodiversidade que eles abrigam."

Dimensão

Localizado no Atlântico, em uma área de 46 quilômetros quadrados (km²) entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo, o Banco de Abrolhos é o maior complexo coralíneo do oceano no Hemisfério Sul. "O estado da Paraíba tem 45 mil km²", comparou o pesquisador Gilberto Amado-Filho, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). "Então, é como se a gente tivesse uma Paraíba inteira a até 120 metros de profundidade, em uma região conhecida como zona fótica, na qual a luz penetra e permite que os organismos possam fazer fotossíntese e se desenvolver, com bastante biodiversidade, de onde se tira o sustento de milhares de pessoas em cidades costeiras como Caravelas e Nova Viçosa."

No documentário, de 30 minutos, o pesquisador Rodrigo Moura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que "recifes são os sistemas com a maior biodiversidade do planeta, importantes também para o ciclo do carbono e o equilíbrio das condições do oceano, como provedores de serviços ecossistêmicos muito valiosos, a exemplo de recursos pesqueiros. Além disso, são registradores da história climática do planeta".

A Rede Abrolhos integra ações institucionais com objetivo de caracterizar, descrever e monitorar os diferentes habitats do Banco dos Abrolhos. "Somos uma rede, formato importante para estudos multidisciplinares e até interdisciplinares", definiu o pesquisador Alex Bastos, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). "A nossa iniciativa traz, dentro do Peld e de outros programas, um conceito de se estudar uma região, como vocês puderam ver, sob várias óticas, sob vários pontos de vista. Temos um grupo de professores de vários perfis e trabalhamos juntos para otimizar o recurso para pesquisa."

Bastos enumerou enfoques de pesquisa em conservação, entendimento do ecossistema e mapeamento do fundo marinho. "Na nossa equipe temos profissionais da área de ciências do mar de diferentes formações", disse. "São 15 pesquisadores e mais de 50 alunos de pós-graduação, de mestrado e doutorado, atuando diretamente para atingir os objetivos da rede."

Segundo Moura, um dos papéis do grupo é ajudar na gestão das reservas de conservação existentes, subsidiar a criação e o planejamento de novas unidades de proteção e orientar o manejo do espaço restante da região. "Esse tipo de área é uma espécie de atestado de incompetência que o ser humano assina", comentou. "Quer dizer, temos que colocar uma cerca ali onde há natureza e nós vamos ficar meio de fora. A Convenção sobre Diversidade Biológica preconiza 10% do oceano nesta condição. Mas nós precisamos tratar dos outros 90%. Com eles nós precisamos coexistir. E aí não é de qualquer forma. Então, o projeto também se estruturou nessa direção."

Até sábado (9), no estande do CNPq na mostra ExpoT&C, a Rede Abrolhos apresenta imagens, outros vídeos e materiais biológicos como algas, colônias corais, esponjas e rodolitos. Também estão em Porto Seguro o pesquisador Fernando Moraes e a mestranda Fernanda Cervi, ambos do JBRJ.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Internacional
Na COP 29, MME debate a importância de ampliar investime...
13/11/24
Resultado
Eneva registra fluxo de caixa operacional recorde de R$ ...
13/11/24
PPSA
Produção de petróleo da União atinge 99 mil bpd em setembro
13/11/24
Biometano
Biometano na rede de gás natural busca impulsionar econo...
13/11/24
Logística
Omni Taxi Aéreo operará o primeiro Airbus H160 no setor ...
12/11/24
Etanol
Moagem de cana em Minas Gerais atinge 73,8 milhões de to...
12/11/24
Gás Natural
Origem Energia assina seu primeiro contrato no mercado l...
12/11/24
Gás Natural
Petrobras, Gerdau e Sulgás assinam primeiro contrato par...
11/11/24
Pré-Sal
Equinor investe R$ 12,5 milhões em laboratório no CEPETR...
11/11/24
Oportunidade
UDOP lança Banco de Talentos para profissionais e recrut...
11/11/24
Startups
NAVE ANP: inscrições prorrogadas até 22/11/2024
11/11/24
IBP
Na COP29, IBP reforça compromisso com transição energética
11/11/24
Petrobras
UPGN do Complexo de Energias Boaventura entra em operação
11/11/24
Internacional
Rússia começa a perder força na participação das importa...
11/11/24
Energia Eólica
Grupo CCR e Neoenergia firmam contrato de autoprodução d...
11/11/24
Etanol
Anidro e hidratado encerram a semana com pequena variaçã...
11/11/24
Resultado
Petrobras divulga lucro de R$ 32,6 bilhões no 3º trimes...
08/11/24
Energia elétrica
Desempenho em outubro é o melhor do ano e expansão da ge...
08/11/24
E&P
Firjan destaca o potencial para aumento no fator de recu...
08/11/24
Hidrogênio
Primeira planta de conversão de hidrogênio a partir do e...
08/11/24
ANP
NAVE ANP: inscrições prorrogadas até 22/11/2024
07/11/24
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

21