<P>Após três dias de paralisação, marcados por sérias acusações, protestos e 48 demissões, terminou ontem à noite a greve dos soldadores e montadores do Estaleiro Atlântico Sul (EAS). Em reunião, na Procuradoria-Regional do Trabalho da 6ª região, ficou acertada que a questão salarial s...
Jornal do Commercio - PEApós três dias de paralisação, marcados por sérias acusações, protestos e 48 demissões, terminou ontem à noite a greve dos soldadores e montadores do Estaleiro Atlântico Sul (EAS). Em reunião, na Procuradoria-Regional do Trabalho da 6ª região, ficou acertada que a questão salarial será discutida após o dissídio da categoria, que deverá ocorrer ainda este mês. O EAS não retrocedeu nas demissões, porém não irá mais considerá-las como justa causa, garantindo os direitos trabalhistas dos ex-empregados. A empresa atendeu ainda a uma solicitação do procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Pernambuco, Aluísio Aldo da Silva Júnior, e irá pagar, além das indenizações previstas por lei, uma bonificação a mais no valor do salário recebido pelos empregados demitidos. A empresa também irá custear um curso profissionalizante de até R$ 500 para que quem perdeu emprego tenha chances no mercado de trabalho até o final do ano.
Ontem, enquanto o presidente do EAS, Paulo Haddad, falava pela primeira vez com a imprensa sobre a paralisação, os grevistas realizaram uma passeata de 19 quilômetros pela PE-60 em retaliação às 48 demissões. A mobilização terminou com um protesto na frente da Câmara dos Vereadores de Ipojuca, onde os trabalhadores demitidos exibiam telegramas recebidos na terça-feira à noite informando o desligamento de vários deles. Comunicamos que a partir desta data vossa senhoria está dispensada da função que exerce nesta empresa, dizia, sucintamente, a mensagem.
O presidente garantiu que a greve não irá atrapalhar o cronograma do EAS. Estamos antecipados e esperamos, inclusive, contar com um efetivo de dois mil funcionários no próximo ano. Hoje, a empresa emprega 1,4 mil pessoas. Haddad não poupou adjetivos para classificar o movimento. Descabido, despropositado e truculento foram alguns deles. O presidente do EAS foi incisivo também ao rebater as diversas denúncias feitas pelos trabalhadores. Rechaçou haver qualquer tipo de preconceito com os funcionários, lembrando que a política do empresa foi justamente de privilegiar a mão-de-obra local, além de ter escolhido pernambucanos para alguns cargos de gerência.
Quanto às acusações de assédio moral e maus-tratos, Haddad negou ter conhecimento de tais problemas, mas afirmou que uma vez denunciadas essas práticas, a empresa irá apurá-las e demitir os culpados. Problemas com a comida servida aos trabalhadores também foram desmentidos. Eu como aqui. Em um outro refeitório, mas como a mesma comida, garantiu Haddad.
O ponto mais polêmico da discussão entre o EAS, Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco e grevistas é a remuneração dos soldadores e montadores. Segundo os trabalhadores, os salários de R$ 520 e R$ 469 estariam abaixo do piso da categoria que é de R$ 650.
Porém, o EAS argumenta que os funcionários não podem ser considerados soldadores e montadores profissionais, pois ainda estão em processo de treinamento, ainda que eles já estejam atuando no corte das chapas de aço que irão compor os dez navios petroleiros Suezmax encomendados pela Transpetro. Não à toa, na carteira de trabalho dos empregados, o cargo mencionado é de ajudante.
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