Opinião

Petróleo dá reviravolta até 2020, diz analista

Aumento sem precedentes na produção pode gerar crise antes do fim da década.

Folha de São Paulo
06/07/2012 17:41
Visualizações: 324 (0) (0) (0) (0)

 

A produção de petróleo no mundo está sofrendo um aumento sem precedentes, o que pode levar a uma crise de superprodução antes do fim da década. A conclusão é de um estudo da Universidade Harvard, nos EUA, que põe o Brasil entre os seis maiores produtores de óleo em 2020.
A análise foi feita pelo italiano Leonardo Maugeri, ex-diretor da gigante petroleira Eni. Pesquisador-visitante do Centro Belfer para Relações Internacionais, ele é considerado um dos principais analistas do setor no mundo.
Somando dados de produção dos maiores campos de petróleo do globo, Maugeri estimou que o suprimento do combustível saltará de 93 milhões de barris/dia em 2011 para 110,6 milhões em 2020, provavelmente superando em muito a demanda.
Hoje o mundo já tem cerca de 5 milhões de barris/dia em "capacidade ociosa". Se a demanda continuar fraca por causa da recessão e a capacidade de fornecimento continuar a crescer, a superprodução poderá chegar antes do fim desta década, afirma.
Os dados de Maugeri são uma pancada na tese do "pico do petróleo", segundo a qual as reservas são finitas e várias partes do mundo já alcançaram seu pico de produção. Daqui para a frente, reza a teoria, o óleo vai ficar cada vez mais escasso e caro.
"As pessoas do mercado nunca levaram a tese do pico do petróleo a sério", disse Maugeri à 'Folha'. "Sabemos que preço e tecnologia são os únicos fatores reais que controlam o fornecimento".
Tecnologia é justamente a razão do aumento na produção. Ele será puxado, afirma o estudo, pela retomada da produção no Iraque e, principalmente, pela exploração de fontes não convencionais de petróleo em três países: nos EUA, no Canadá e no Brasil.
O maior acréscimo virá dos EUA, graças a uma tecnologia conhecida como fraturamento hidráulico ("fracking", em inglês). Ela permite extrair petróleo de formações rochosas antes inacessíveis.
Efeito Geopolítico
A exploração por essa via começou em 2007. Em 2020, Maugeri calcula em 4,17 milhões de barris o petróleo adicional extraído dessa forma, o que fará dos EUA o segundo maior produtor, atrás somente da Arábia Saudita.
A precondição para essa expansão toda é um preço mínimo de US$ 70 por barril, que viabilize a extração nos folhelhos dos EUA, nas areias betuminosas do Canadá e no pré-sal brasileiro.
Isso produziria um efeito colateral geopolítico: "O centro de gravidade do petróleo no fim desta década não será mais o Oriente Médio", diz.
"Isso não significa que o hemisfério ocidental se torna independente", afirma Alexandre Szklo, professor de Planejamento Energético da Coppe-URFJ. "Mas põe os EUA numa posição muito mais confortável".
Segundo Maugeri, "o mercado toma consciência de que o petróleo iraniano não é mais necessário". Ele atribui a alta do barril para US$ 100 nesta semana a uma "reação psicológica" à crise persa, não a incertezas em relação ao suprimento do produto.

A produção de petróleo no mundo está sofrendo um aumento sem precedentes, o que pode levar a uma crise de superprodução antes do fim da década. A conclusão é de um estudo da Universidade Harvard, nos EUA, que põe o Brasil entre os seis maiores produtores de óleo em 2020.


A análise foi feita pelo italiano Leonardo Maugeri, ex-diretor da gigante petroleira Eni. Pesquisador-visitante do Centro Belfer para Relações Internacionais, ele é considerado um dos principais analistas do setor no mundo.


Somando dados de produção dos maiores campos de petróleo do globo, Maugeri estimou que o suprimento do combustível saltará de 93 milhões de barris/dia em 2011 para 110,6 milhões em 2020, provavelmente superando em muito a demanda.


Hoje o mundo já tem cerca de 5 milhões de barris/dia em "capacidade ociosa". Se a demanda continuar fraca por causa da recessão e a capacidade de fornecimento continuar a crescer, a superprodução poderá chegar antes do fim desta década, afirma.


Os dados de Maugeri são uma pancada na tese do "pico do petróleo", segundo a qual as reservas são finitas e várias partes do mundo já alcançaram seu pico de produção. Daqui para a frente, reza a teoria, o óleo vai ficar cada vez mais escasso e caro.


"As pessoas do mercado nunca levaram a tese do pico do petróleo a sério", disse Maugeri à 'Folha'. "Sabemos que preço e tecnologia são os únicos fatores reais que controlam o fornecimento".


Tecnologia é justamente a razão do aumento na produção. Ele será puxado, afirma o estudo, pela retomada da produção no Iraque e, principalmente, pela exploração de fontes não convencionais de petróleo em três países: nos EUA, no Canadá e no Brasil.


O maior acréscimo virá dos EUA, graças a uma tecnologia conhecida como fraturamento hidráulico ("fracking", em inglês). Ela permite extrair petróleo de formações rochosas antes inacessíveis.



Efeito Geopolítico


A exploração por essa via começou em 2007. Em 2020, Maugeri calcula em 4,17 milhões de barris o petróleo adicional extraído dessa forma, o que fará dos EUA o segundo maior produtor, atrás somente da Arábia Saudita.


A precondição para essa expansão toda é um preço mínimo de US$ 70 por barril, que viabilize a extração nos folhelhos dos EUA, nas areias betuminosas do Canadá e no pré-sal brasileiro.


Isso produziria um efeito colateral geopolítico: "O centro de gravidade do petróleo no fim desta década não será mais o Oriente Médio", diz.


"Isso não significa que o hemisfério ocidental se torna independente", afirma Alexandre Szklo, professor de Planejamento Energético da Coppe-URFJ. "Mas põe os EUA numa posição muito mais confortável".
Segundo Maugeri, "o mercado toma consciência de que o petróleo iraniano não é mais necessário". Ele atribui a alta do barril para US$ 100 nesta semana a uma "reação psicológica" à crise persa, não a incertezas em relação ao suprimento do produto.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Etanol
MG deverá colher 77,2 milhões de toneladas de cana na sa...
28/04/25
Bunker
Petrobras e Vale celebram parceria para teste com bunker...
25/04/25
Pessoas
Thierry Roland Soret é o novo CEO da Arai Energy
25/04/25
Combustível
ANP concede autorização excepcional para fornecimento de...
25/04/25
Sísmica
ANP aprova aprimoramento de normas sobre dados digitais ...
25/04/25
RenovaBio
Regulação do RenovaBio trava o mercado e ameaça metas de...
25/04/25
Bacia de Santos
Oil States do Brasil fecha novo contrato com a Petrobras...
24/04/25
Oportunidade
Últimos dias para se inscrever no programa de estágio da...
24/04/25
ESG
Necta Gás Natural reforça compromisso com princípios ESG...
24/04/25
Investimentos
Bahia vai receber fábrica de metanol e amônia verdes e o...
24/04/25
Pré-Sal
Parceria entre CNPEM e Petrobras mira uso do Sirius para...
24/04/25
Meio Ambiente
Porto do Açu e Repsol Sinopec Brasil assinam acordo para...
23/04/25
Combustíveis
Gasolina em Alta: Como o Preço do Petróleo e do Dólar In...
23/04/25
Diesel
Após reajuste da Petrobras, preço do diesel volta a cair...
23/04/25
Energia Elétrica
Neoenergia vende 50% de Itabapoana Transmissão
23/04/25
Combustíveis
Abastecimento de combustíveis: ANP debate atuação de órg...
22/04/25
Startups
Concluída a avaliação das startups que se inscreveram na...
22/04/25
Etanol
Hidratado recua após duas semanas em alta; Anidro fecha ...
22/04/25
PPSA
União teve direito a 131 mil barris de petróleo por dia...
18/04/25
PPSA
União teve direito a 131 mil barris de petróleo por dia...
18/04/25
BRANDED CONTENT
O avanço da exploração offshore no Brasil e os bastidore...
17/04/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22