Exploração e produção em países da OCDE.
Valor Online
Em 2013, as maiores companhias privadas de petróleo do mundo — Exxon, Shell e Chevron Corp. — gastaram 66% de seus orçamentos com exploração e produção em países da OCDE, estima a Stanford C. Bernstein Ltd., ante 49% em 2003.
A mudança deriva mais do fato de as empresas estarem gastando uma fatia maior de seus orçamentos em países desenvolvidos do que de estarem abandonando países em desenvolvimento.
Mas, em alguns casos, elas estão saindo desses países. A Chevron vendeu este ano seus negócios no Chade. A Exxon vendeu fatias em projetos no Iraque e Indonésia. Desde 2010, a Shell já vendeu US$ 1,8 bilhão em ativos na Nigéria e, no ano passado, começou negociar a venda de quatro blocos de produção e um oleoduto na área, dizem pessoas a par do assunto.
Parte da mudança de tendência também é atribuída aos gastos maiores com a exploração de formações de xisto na América do Norte, à medida que novas tecnologias possibilitam a extração de mais petróleo de poços antigos. Mas, frequentemente, a estabilidade política e a regulação mais flexível são os maiores atrativos.
A Nova Zelândia ilustra bem isso. O país oferece uma raridade: milhares de quilômetros quadrados de áreas marítimas não exploradas. A indústria do petróleo é relativamente pequena no país, representando seu quarto maior produto de exportação, atrás da madeira, produtos lácteos e de carnes e miúdos, em 2009. Naquele ano, o país anunciou seu plano de desenvolver seus recursos petrolíferos.
Outros países também estão relaxando suas regulamentações. Em maio, o governo britânico propôs um novo sistema para pagar proprietários em cujas terras empresas estejam explorando petróleo e gás de xisto. O país também criou incentivos fiscais para a exploração marítima.
Recentemente, o Canadá facilitou a aprovação de projetos de oleodutos e governos regionais investiram na aquisição de dados sobre reservas no fundo do mar com o objetivo de atrair empresas. A geologia promissora e o governo estável, com o qual é fácil lidar, são vantagens, diz Anita Perry, vice-presidente da BP para assuntos governamentais na região. “Eles criaram regras boas e claras, com as quais podemos trabalhar”, diz ela.
Na Nova Zelândia, o governo obteve imagens do fundo do mar para atrair petrolíferas, lei* loou novas áreas de exploração e pediu conselhos a empresas de petróleo e gás sobre como elaborar novas regulamentações. As autoridades do governo apoiam a indústria, diz Garth Johnson, diretor-presidente da Tag Oil Ltd., que ampliou os gastos com exploração no país, acrescentando que as “taxas de royalty sao atraentes”.
Uma dificuldade na Nova Zelândia foi criada pelos ambientalistas, que há tempos brigam contra a exploração de petróleo. Em 2010, eles geraram alvoroço ao divulgar planos do governo de permitir a exploração em certas áreas de proteção ambiental. O governo acabou voltando atrás.
Também em 2010, a Petrobras SA concordou em gastar US$ 118 milhões para explorar campos marítimos do pais. Mas uma flotilha do grupo ativista Greenpeace cercou seu navio de perfuração. A empresa acabou deixando o país sem perfurar nenhum poço. Uma porta-voat da Petrobras diz que as iniciativas da empresa “mostraram que não havia reservas suficientes de petróleo e gás”. Dois membros do governo neozelandês dizem acreditar que os ambientalistas foram os responsáveis.
A saída da Petrobras foi um revés e o governo redobrou seus esforços para que potenciais exploradores se sintam bem-vindos. Ele convidou dez executivos de companhias de petróleo para assistir ao campeonato de rugbi, em 2011. O evento incluiu passeios de veleiro, degustações de vinhos e palestras de um consultor de petróleo contratado pelo governo, que explicou aos executivos como a regulação da Nova Zelândia facilita a exploração.
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