Desde ontem o consumidor está pagando mais pelo etanol hidratado e pela gasolina, que leva uma dose de álcool anidro. No sábado, os postos de São Paulo receberam o litro de álcool das distribuidoras com acréscimo de R$ 0,10 a R$ 0,12. No Rio, o aumento foi de R$ 0,20. Na gasolina, o adicional foi de R$ 0,03, informa o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo, José Alberto Gouveia.
Na semana encerrada na última sexta-feira, o preço do etanol hidratado nas usinas, descontados os impostos, subiu 6,72%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Foi a quinta semana de alta consecutiva. Desde fins de agosto, o preço do etanol hidratado nas usinas aumentou 17%.
A cotação do álcool anidro, que é misturado à gasolina, teve movimento semelhante: teve reajuste de 5,86% na última semana e acumula um aumento de 21,21% desde o fim de julho, a nona alta consecutiva.
Mirian Bacchi, pesquisadora da área sucroalcooleira do Cepea, atribui a elevação dos preços a três fatores. O primeiro é o fim da safra de cana, que termina em outubro. O segundo fator é o clima. As chuvas das últimas semanas atrasaram a colheita e a moagem da cana. Por fim, o grande crescimento nas vendas de veículos bicombustíveis ampliou a demanda por álcool.
As distribuidoras de combustíveis culpam as usinas pelos reajustes de preços. "Os aumentos ao consumidor refletem, provavelmente, a elevação contínua de preços do etanol nas usinas", afirma em comunicado Alisio Vaz, vice-presidente executivo do Sindicom, que representa as distribuidoras.
Procurada pelo Estado, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) informa que o volume de cana processada nas usinas do Centro-Sul do País diminuiu 11,93% entre a segunda quinzena de setembro e os primeiro 15 dias deste mês.
Segundo a entidade, a retração na moagem da cana se deve principalmente às chuvas que, ainda que de maneira tímida e heterogênea, retornaram ao Centro-Sul.
Gasolina. Levantamento feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra que a relação entre o preço médio do etanol e o valor médio da gasolina atingiu o nível de 58,30% em setembro. O número apurado no mês passado superou levemente os 57,8% de agosto. Também foi bem maior que o de setembro de 2009, de 54,85%.
De acordo com especialistas, o uso do álcool deixa de ser vantajoso em relação à gasolina quando o preço do derivado da cana- de-açúcar representa mais de 70% do valor da gasolina. A vantagem é calculada considerando que o poder calorífico do motor a álcool é de 70% do poder nos motores a gasolina.
Com base no levantamento realizado para apurar o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de setembro, a Fipe detectou que o preço médio do etanol nos postos de São Paulo subiu 0,66% em setembro, ante alta de 5,38% verificada em agosto.
A gasolina, por sua vez, ficou praticamente estável, com uma variação positiva de 0,01% em setembro, ante alta de 0,34%, em agosto. No mesmo período de apuração, a inflação geral medida pelo IPC-Fipe subiu 0,53% em São Paulo. Em agosto, o IPC teve variação 0,17%.