Folha de S.Paulo
Ao contrário da promessa do governo, o preço do óleo diesel praticamente não caiu nas bombas dos postos de combustíveis do país, e o setor de transporte de cargas também prevê um impacto muito pequeno no custo dos fretes. Segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o custo final do diesel baixou só 0,14% no período de 7 a 13 deste mês e não refletiu ainda a queda de 15% nas refinarias da Petrobras.
Mesmo se o preço cair mais nas próximas semanas, a Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga prevê redução inexpressiva do custo dos fretes -de, no máximo, 3% para as distâncias mais longas.
Diretamente o diesel tem peso pequeno no orçamento das famílias -0,09%, ante 4,1% da gasolina-, mas é a principal fonte de custo dos fretes especialmente de alimentos.
Na segunda-feira da semana passada, dia 8, a Petrobras reduziu o preço do diesel (15%) e da gasolina (4,5%) nas refinarias. O governo, por sua vez, elevou a Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico, tributo incidente sobre os combustíveis). Com isso, anulou a queda da gasolina e minimizou a do diesel.
Para o diesel, o Ministério da Fazenda estimou recuo de 9,6% nos preços nos postos, que ainda não chegou ao consumidor. O motivo de a queda não ter ainda chegado ao consumidor é que tanto distribuidoras como revendedores acumulam estoques formados com os preços antigos e tentam desová-los a um custo mais alto.
Segundo Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), as distribuidoras não repassaram ainda toda a queda do diesel, que deve chegar a R$ 0,15 por litro nos postos. O preço das distribuidoras caiu numa faixa de R$ 0,07 a R$ 0,10.
Pelos dados da ANP, o preço do diesel não baixou nem R$ 0,01 sequer nos postos. Passou de R$ 2,105 na semana anterior ao ajuste na refinaria para R$ 2,102 na semana passada.
Para Alísio Vaz, vice-presidente do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes), as distribuidoras e os postos tentam vender o diesel com os preços antigos, o que deve retardar uma redução maior do produto nas bombas.
Quando há queda de preço, reconhece o executivo, demora mais tempo para o benefício chegar ao consumidor. “Mas a queda de braço depende, claro, da concorrência. Nesta semana, o diesel já deve cair mais com a reposição de estoques.”
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