Primeira fase em parceria com SENAI-CIMATEC prevê engenharia da unidade piloto com uso da tecnologia DAC, inédita na América Latina. Projeto também estudará injeção e armazenamento do CO2 em rochas de subsuperfície
Redação TN Petróleo/AssessoriaA Repsol Sinopec Brasil (RSB) lançou, em parceria com o SENAI-CIMATEC, o Projeto DAC 5000, que tem como objetivo o desenvolvimento do projeto de uma unidade piloto, alimentada por energia renovável, para a captura direta de até 5 mil toneladas de CO2 do ar por ano. Para isto, os pesquisadores utilizarão a tecnologia Direct Air Capture (DAC), inédita na América Latina. Em outra frente inovadora, o projeto avaliará o potencial de injeção e armazenamento deste gás em rochas de subsuperfície, evitando que retorne para a atmosfera.
O evento de lançamento aconteceu na segunda-feira, 12, na sede do SENAI-CIMATEC, em Salvador, na Bahia. Representando a Repsol Sinopec, estiveram presentes o CEO, Alejandro Ponce (foto) o gerente de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), José Salinero; o Gerente de Comercialização de Gás Natural e Relações Externas, Andrés Sannazzaro; a Gerente de Suporte e Portifólio de Pesquisa, Cassiane Nunes e a Coordenadora de Relações Externas e Institucionais, Talita Alves. Pelo SENAI-CIMATEC, estiveram presentes o diretor de Tecnologia e Inovação, Leone Andrade; o gerente executivo, André Oliveira e o Diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI Nacional, Jefferson Gomes. O evento também teve a presença do presidente eleito da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Henrique de Oliveira Passos e do Diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), Igor Nazareth.
A primeira fase será desenvolvida com recursos da cláusula de PD&I da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e prevê a elaboração do projeto executivo de engenharia da unidade piloto, em parceria com o SENAI-CIMATEC. Para as próximas etapas, a startup DACMa também juntará sua expertise ao projeto. “O acordo marca uma etapa importante no avanço destas pesquisas, valorizando o conceito de inovação aberta para contribuir com o desenvolvimento da indústria nacional, transformando o país em importante pólo tecnológico”, destaca José Salinero.
«O DAC 5000 é um passo significativo para a redução das emissões de CO2, com uma solução viável e sustentável. É um projeto totalmente alinhado com as nossas iniciativas de descarbonização da indústria no Senai Cimatec», reforça o diretor de Tecnologia e Inovação da instituição, Leone Andrade.
Programa NET para negativar emissões
O Projeto DAC 5000 é complementar ao Projeto DAC.SI., lançado pela RSB em 2022, em parceria com a PUC do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a startup DACMa. O DAC SI prevê o aprimoramento da tecnologia e análise do desempenho operacional em ambiente subtropical, de alta umidade e altas temperaturas -, e terá capacidade inicial de captura direta de 300 toneladas de CO2 do ar por ano. Os projetos fazem parte do programa NET da Repsol Sinopec, que consiste no desenvolvimento de novas tecnologias denominadas Negative Emissions Technology (NET), voltadas para negativar emissões de gases de efeito estufa.
Dentre as tecnologias NET, a captura direta de CO2 do ar é a que possui potencial ilimitado de remoção deste gás da atmosfera, como explica a pesquisadora Cassiane Nunes. “A tecnologia nos permite negativar emissões já produzidas em qualquer tipo de atividade, independentemente de sua fonte geradora. Além disto, por ser compacta, modular e escalável, a tecnologia pode ser adaptada a outros locais, trazendo inúmeros benefícios para o meio ambiente e a sociedade como um todo”, completa.
Potencial do Brasil no avanço das pesquisas
A diversidade da matriz energética brasileira confere uma grande vantagem às pesquisas, trazendo a condição ideal para que a demanda energética do processo seja suprida pela energia renovável, como eólica e solar. Este processo traz a sustentabilidade para o projeto, garantindo que a tecnologia implementada negative emissões já realizadas.
Outra grande vantagem são as formações geológicas das rochas de subsuperfície. Neste sentido, a Repsol Sinopec avaliará junto à Universidade de São Paulo (USP) e à PUCRS o processo de injeção e mineralização do CO2 em rochas basálticas, uma vez que apresentam grande potencial de armazenamento permanente deste gás no subsolo. Estas rochas são amplamente encontradas na formação Serra Geral, localizado na Bacia do Paraná, que engloba os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e sul do Mato Grosso do Sul. Estudos iniciais apontam que o processo de mineralização pode ocorrer em até dois anos.
Foco em descarbonização
Inovação e tecnologia fazem parte da estratégia de atuação da Repsol Sinopec Brasil. Depois da Espanha, sede do grupo, o Brasil é o país com maior investimento em tecnologia da companhia no mundo -, entre 2022 e 2023, serão investidos cerca de R$ 200 milhões no desenvolvimento de projetos no país. Como parte dos esforços em trazer soluções cada vez mais inovadoras, a RSB tem como objetivo manter ao menos 50% do seu portifólio de P&D focado em tecnologias de descarbonização, em linha com a meta global do grupo Repsol de zerar suas emissões líquidas até 2050.
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