América Latina

Queda histórica do petróleo prejudica finanças da América Latina em plena pandemia

AFP, 22/04/2020
22/04/2020 18:17
Visualizações: 159 (0) (0) (0) (0)

Uma queda histórica da petróleo, com preços que nesta semana alcançaram o terreno negativo, torna nebuloso o horizonte de países latino-americanos dependentes da renda do hidrocarboneto, em meio à pandemia de COVID-19 que demanda vultosos investimentos públicos na tentativa de atenuar a paralisação econômica.

A queda da demanda mundial propiciada pela pandemia afundou na última segunda-feira o preço do barril de referência WTI para entrega em maio nos Estados Unidos a -37,63 dólares, o que significa que os donos de contratos pagaram para encontrar compradores para o petróleo físico.

Países como Venezuela, Equador ou México, já pressionados pela expectativa de retração econômica, terão que se adaptar a uma queda acentuada das rendas petrolíferas, que podem ser ficar abaixo de seus cálculos pré-estimados, em um momento em que os recursos são mais urgentes.

"Com o petróleo em baixa, se reduz a margem de manobra" para atuar contra a pandemia, diz Andrés Abadía, economista da consultora Pantheon Macroeconomics.

A Venezuela, país mais dependente do petróleo, será de longe a mais atingida, dado o estado calamitoso que sua economia já atravessava.

Mesmo com os custos de produção de petróleo relativamente baixos, em torno de 15 dólares o barril, os preços atuais "vão ser um golpe na indústria convalescente", afirma Abadía.

O FMI indicou na semana passada um recuo de 15% para economia venezolana em 2020.

Para o Equador, onde a pandemia atinge níveis trágicos, a queda de precos representa um "golpe duríssimo", segundo o presidente Lenín Moreno.

O petróleo é o principal produto de exportação do país cuja dívida externa ultrapassa 65 bilhões de dólares, mais de 50% do PIB nacional, e que adiou em março seu pagamento as credores e ao FMI, que previu que o PIB equatoriano cairá 6,3% neste ano.

Publicidade

Pemex, calcanhar de Aquiles do México

No México, a segunda maior economia da região, mais diversificada e solvente que a Venezuela ou o Equador, a principal vulnerabilidade tem nome próprio: Petróleos Mexicanos (Pemex).

O colapso dos preços atinge em cheio a empresa estatal, cuja dívida excede 100 bilhões de dólares, enquanto luta para reviver sua produção, que caiu pela metade em relação a 2004.

O governo de Andrés Manuel López Obrador congelou a abertura do setor ao investimento privado, iniciado em 2013, reduzindo novas opções de capital para a Pemex.

Seu estresse financeiro foi exposto na semana passada, quando as agências de classificação de risco Fitch e Moody?´s reduziram sua dívida para um grau especulativo, depois que o rating de crédito do México também foi reduzido pelas duas agências, além da S&P, antecipando o impacto da COVID-19.

As exportações de petróleo representam cerca de 18% da receita orçamentária do México, que terá suas contas ainda mais pressionadas pela queda da receita tributária devido à contração econômica.

O governo espera uma queda no PIB de até 4% este ano, mas analistas privados apontam quedas de até 9%.

"O problema número um" da Colômbia

Na Colômbia, quando a crise da saúde se dissipar, o petróleo se tornará "o problema número um no país", na opinião do ex-ministro das Finanças Mauricio Cárdenas (2012-2018).

O golpe no orçamento, que contava com um barril a US$ 60,50 e onde a renda do petróleo representava 9,3% da receita de 2019, será sentida no ano que vem, quando as empresas do setor pagarem os impostos deste fatídico 2020.

Para Francisco José Lloreda, presidente da Associação Colombiana de Petróleo, o país precisa de "um Brent entre 40 e 45 dólares" para que o negócio seja lucrativo e o investimento em exploração e produção não diminua. Cerca de 50.000 pessoas dependem desse setor na Colômbia, de acordo com o especialista.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
OTC HOUSTON 2025
Para divulgar o potencial energético do Rio de Janeiro, ...
06/05/25
Logística
Vast conclui milésima operação de transbordo de petróleo
06/05/25
OTC HOUSTON 2025
Fábio Mitidieri participa da abertura do Pavilhão Brasil...
06/05/25
Energia Eólica
Brasil e Países Baixos promovem seminário sobre energia ...
06/05/25
Etanol
ORPLANA reafirma compromisso com a governança e transpar...
06/05/25
Meio Ambiente
Aterro Zero: Refinaria de Mataripe conquista certificação
06/05/25
ANP
Produção de petróleo e gás natural no pré-sal registra r...
06/05/25
OTC HOUSTON 2025
IBP marca presença na programação da OTC Houston 2025
05/05/25
OTC HOUSTON 2025
Petrobras participa da OTC 2025, em Houston (EUA)
02/05/25
Bacia de Campos
Prio assina com a Equinor Brasil a aquisição de 60% dos ...
02/05/25
Rio de Janeiro
Porto do Rio de Janeiro atrai novo investimento privado ...
01/05/25
Combustíveis
Etanol e gasolina estão quedas nos preços em abril, apon...
01/05/25
Startups
Concluída a avaliação das startups inscritas na primeira...
01/05/25
OTC HOUSTON 2025
Profissionais do Grupo MODEC serão homenageados na OTC 2025
30/04/25
Pessoas
Paulo Cesar Montagner toma posse como 14º reitor da Unicamp
30/04/25
Etanol
Cana-de-açúcar tem produção estimada em 663,4 milhões de...
30/04/25
Captura de CO2
Impact Hub e Tencent lançam programa que disponibiliza a...
30/04/25
Resultado
Com recordes no pré-sal, Petrobras cresce 5,4% de produç...
30/04/25
Internacional
Petrobras apresenta oportunidades de investimento no set...
29/04/25
Royalties
Valores referentes à produção de fevereiro para contrato...
29/04/25
Biometano
TBG desenvolve projeto de Hub de Biometano para incremen...
29/04/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22