Jornal do Brasil
Usina de Petrobras e PDVSA terá produção atrelada à composição acionária
Ao contrário da intenção inicial da Petroleos de Venezuela S.A (PDVSA), a nova refinaria de US$ 2,5 bilhões que a empresa construirá com a Petrobras, no Brasil, processará tanto o petróleo brasileiro quanto o venezuelano. O diretor de Abastecimento da empresa brasileira, Paulo Roberto Costa, revelou que as quantidades de óleo que cada empresa poderá refinar será proporcional às participações acionárias na unidade, que deverá ter capacidade para produzir de 150 mil a 200 mil barris por dia.
O executivo revelou que a localização do empreendimento será conhecida em meados de agosto, quando deverão ser concluídos seus estudos de viabilidade técnica e econômica.
De antemão, Costa adianta o único detalhe já definido: a localização na região Nordeste, embora não necessariamente em Pernambuco, como anunciado pela ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff no início da semana passada.
- Nos próximos 15 dias será constituído um grupo conjunto com executivos da Petrobras e da PDVSA que definirá todos os detalhes necessários à viabilização do projeto - afirmou o diretor da Petrobras.
O estudo, segundo ele, será concluído em seis meses, prazo em que estarão acertados detalhes como potencial de mercado para os produtos refinados, participações societárias e os sócios definitivos no projeto. O grupo, que incluirá técnicos dos dois países, será coordenado por Costa e a vice-presidência de Refino da PDVSA.
Com relação ao mercado, o diretor da Petrobras confirmou o Nordeste como sede do projeto em função do atual déficit de derivados da região.
- É uma região onde temos apenas uma refinaria, na Bahia (Refinaria Landulfo Alves), que é insuficiente para atender a demanda da região. Para atender os estados de lá, recorremos ao transporte por cabotagem, o que acaba por encarecer o custo final dos produtos - justificou Costa.
O executivo negou, no entanto, que a consultoria Interoil, que tem trabalhado desde 1998 na viabilização do projeto na região Nordeste, esteja definida como acionista minoritária da refinaria. No dia do anúncio do empreendimento, em Caracas (capital da Venezuela), executivos da consultoria já falaram como sócios do projeto.
- Essas definições sairão nos próximos meses. Esse é um projeto da Petrobras e da PDVSA - afirmou Costa.
O acordo com a estatal venezuelana tem sido apontado por alguns analistas e executivos do setor como um erro estratégico, do ponto de vista comercial. Com interesses de comercializar derivados no Brasil e tornar-se mais um concorrente da Petrobras, a PDVSA representaria uma ameaça comercial à Petrobras, principalmente em função da proximidade dos dois países. O executivo argumenta, no entanto, que, se por um lado a PDVSA poderá abocanhar uma fatia do mercado da Petrobras, a companhia brasileira também aumentará sua presença no país vizinho, no segmento de exploração e produção.
- Os memorandos assinados em Caracas prevêem a análise de investimentos em projetos de diversas áreas. Nós também teremos contrapartidas importantes, como a possibilidade de explorar petróleo na Venezuela - analisou o diretor.
A Petrobras já opera naquele país, por meio da Petrobras Argentina, a antiga Perez Companc (adquirida em 2002). O acordo binacional com o presidente Hugo Chávez permitirá a ampliação do portfólio de áreas a serem exploradas. Também garante o início dos estudos para instalação de uma fábrica de lubrificantes em Cuba, que deverá ter uma estrutura acionária tripartite, que incluirá Petrobras, PDVSA e a estatal cubana Cupet.
Fale Conosco
22