Redação/Assessoria ABBI
Os meses de outubro e novembro foram marcados por intensas discussões sobre a bioeconomia e os biocombustíveis avançados, dois essenciais aliados para a sustentabilidade do nosso planeta.
Em São Paulo, o primeiro encontro global da Plataforma Biofuturo, que reúne 20 países, entre eles o Brasil, criou uma agenda de diálogos e proposições que ganham força para ajudar a firmar o país como anfitrião e líder natural dos debates que buscam um novo paradigma econômico mundial.
O encontro, que contou com o apoio da Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI), integrou mais de 300 participantes com o objetivo de facilitar ações e estimular o diálogo e a colaboração global, voltando o pensando coletivo de membros do setor público, privado, acadêmico, sociedade civil, ONGs e organismos internacionais, para a necessidade da urgente implementação de políticas que aceleram o desenvolvimento e uso de tecnologias sustentáveis e de baixa emissão de carbono.
Estiveram no centro das discussões e preocupações dos participantes e apoiadores do evento o fomento à bioeconomia avançada e implementação de soluções biotecnológicas eficientes para a reversão dos impactos das mudanças climáticas no planeta.
Na cerimônia de abertura, o Ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, ressaltou o grande desafio a ser superado pelas atuais potencias econômicas nos próximos anos: aumentar exponencialmente o investimento, a produção e o uso dos biocombustíveis de segunda geração e bioprodutos de baixo carbono como forma de frear o aquecimento global e cumprir com as metas assumidas durante o acordo de Paris, firmado em 2015 por 195 nações.
Poucos dias depois, de 06 a 17 de novembro, negociadores de quase 200 países se reuniram em Bonn, na Alemanha, para a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP23) com o objetivo de discutir a implementação do Acordo de Paris e as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para limitar o aumento da temperatura global do planeta.
Na programação, eventos paralelos mobilizaram representantes da sociedade civil e do setor privado, da academia e de organismos internacionais, para discutir políticas de desenvolvimento sustentável, com base no combate à mudança global do clima. Mais de 20 mil pessoas participaram da conferência, ao longo dos 12 dias de evento.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que o mundo acelere a ação climática. Para ele, a conferência aconteceu em um momento crucial, já que nas últimas semanas foram divulgados uma série de relatórios sobre o clima que colocam o mundo em alerta.
Segundo ele, os últimos dados divulgados pela Organização Meteorológica Mundial, OMM, mostram um crescimento perigoso do dióxido de carbono na atmosfera nas últimas sete décadas, chegando à nova alta em 2016. As concentrações de CO2 na atmosfera são agora as maiores em 800 mil anos.
Guterres também disse que o relatório da ONU Meio Ambiente, mostrou ser provável que os níveis de concentração de gases de efeito estufa na atmosfera em 2020 sejam tão altos que se torne "extremamente difícil" alcançar as metas de redução do Acordo de Paris para 2030.
Para ele, esses relatórios enviam duas mensagens claras: "É preciso acelerar ação climática e aumentar ambição". Em primeiro lugar, é preciso, pelo menos, uma redução de mais 25% das emissões até 2020, defendendo o desenvolvimento de preço do carbono como importante instrumento. O chefe da ONU ressaltou ainda resiliência, financiamento, formas parcerias e, por último, liderança. Ele afirmou que em setembro de 2019 organizará uma cúpula climática para "mobilizar energia política e econômica no nível mais alto".
Voltando ao Brasil, antes do encerramento da COP23, no dia 14 de novembro, o país deu mais um passo importante nas discussões sobre bioeconomia e biocombustíveis, com a chegada à Câmara Federal da proposta de Projeto de Lei do programa RenovaBio. Depois de um longo e intenso ano de trabalho, contribuindo para a formatação desse projeto, a ABBI entende como primordial um esforço conjunto para o acompanhamento e aceleração da aprovação desse Projeto de Lei.
Foto: Victor Jardim
O RenovaBio é, hoje, a principal medida de combate às emissões do setor de transportes sendo elaborada mundialmente e que visa atingir os ambiciosos objetivos requeridos pelos acordos climáticos. Uma política de vanguarda construída em conjunto por empresas, organizações governamentais e não-governamentais, a comunidade científica e a sociedade civil. "O RenovaBio também permitirá o posicionamento do Brasil como fornecedor global de tecnologias e produtos de alto valor agregado, bem como, deverá provocar a injeção de US$ 160 bi ao PIB nacional por ano. A riqueza oferecida pela biodiversidade brasileira e da biomassa de segunda geração (aquela que não serve como alimento) é hoje desperdiçada", detalha o presidente Bernardo Silva.
"Com o programa, amplificaremos o impacto para outras esferas, estabelecendo sinergias com políticas ambientais, industriais, energéticas e de inovação. Ele ajudará a expandir a fronteira industrial e empregos qualificados para todo o território brasileiro, com o potencial de investimentos em 120 novas biorrefinarias em 20 anos, ajudando a elevar o valor produzido por hectare, utilizando resíduos agrícolas, como o bagaço e palha de cana-de- açúcar, milho, eucalipto e outros grãos, para a produção de biocombustíveis de 2ª geração e até bioquímicos", avalia o presidente.
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