Reuters, 22/09/2017
O impacto devastador do furacão Harvey sobre as operações das refinarias de petróleo dos Estados Unidos neste mês e o desafio que compradores enfrentaram para preencher a lacuna na oferta de gasolina expuseram uma escassez de capacidade ociosa de refino ao redor do mundo.
Quase um quarto da capacidade de refino dos EUA foi paralisada pela tempestade neste mês, levando os preços da gasolina no país para máximas de dois anos, acima de 2 dólares por galão. Muitas unidades ainda estão lutando para retomar as operações normalmente, levando outras refinarias ao redor do mundo a aumentarem sua produção para preencher a lacuna.
Considera-se que o refino global opera com a capacidade máxima quando o nível de utilização chega a 85,5 por cento, o maior nível alcançado na era moderna, disse o chefe de economia de refino da BP, Richard de Caux.
Hoje o nível de utilização é de 83 por cento, disse ele durante o Platts Refining Summit em Bruxelas, sugerindo um colchão muito pequeno.
"A capacidade ociosa não está realmente lá", disse Dario Scaffardi, gerente-geral da refinaria italiana Saras. "Para o tanto que o consumo mundial está crescendo, a capacidade de refino não está tão grande assim."
A capacidade extra é necessária para atender a demanda quando as refinarias passam por manutenção ou enfrentam interrupções inesperadas. Uma reserva muito grande é demasiadamente custosa para as refinarias. Mas o furacão Harvey mostrou que o mundo pode não ter o suficiente.
A consultoria de energia FGE estima que a capacidade de refino ociosa, baseada em números oficiais ou de placas de identificação, é de 14 milhões de barris de petróleo por dia, abaixo de 18 milhões de bpd no início desta década.
Mas os números das placas de identificação podem ser enganadores, pois são baseados na capacidade de uma refinaria quando construídas ou remodeladas. Muitos não podem atingir esses níveis devido a baixos investimentos em anos. Portanto, a capacidade disponível real só pode ser uma fração de 14 milhões de bpd.
Por exemplo, as quatro refinarias da Venezuela funcionaram em níveis recordes de baixa este ano, pois não possuem peças sobressalentes. Unidades de refino no México, no Brasil e na Nigéria também sofreram com baixos investimentos por muitos anos.
Ao mesmo tempo, a demanda por petróleo e seus produtos está subindo, liderada pela China, Índia e as economias mais desenvolvidas.
"O que temos é um bom crescimento da demanda e, ... enquanto existem longas listas de projetos de refinaria, muitos deles não estão sendo implementados", disse Steve Sawyer, diretor de refinação da FGE.
Jogue-se o furacão Harvey na mistura e a falta de capacidade disponível torna-se cada vez mais evidente.
"Vamos assumir que as taxas de utilização da refinaria venezuelana saltarão repentinamente?" disse a firma Energy Aspects. "Ou vamos confiar nas refinarias em dificuldades da Nigéria para preencher a lacuna? Nenhuma dessas capacidades está disponível para o mercado atual".
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