Artigo

Os negócios na economia 4.0, por César Piorski

Redação TN Petróleo/Assessoria
19/06/2023 16:52
Os negócios na economia 4.0, por César Piorski Imagem: Divulgação Visualizações: 1061 (0) (0) (0) (0)

O historiador Yuval  Harari, ao analisar o impacto da automação na sociedade,  conclui que "Em 2050, a nova classe social predominante será a dos inúteis”. Com efeito, estima-se que no Brasil, até o ano 2030, pelo menos 50% da força de trabalho será substituída por robôs, ao mesmo tempo em que se estima que pelo menos 130 mil novos postos de trabalho serão criados no mundo todo.

Desde o século XVIII o mundo experienciou três revoluções industriais, sendo a primeira baseada no vapor, a segunda, na energia elétrica e no petróleo e a terceira no desenvolvimento de eletrônica e informática. Atualmente, estamos a vivenciar a quarta revolução industrial, baseada na convergência e combinação de tecnologias biológicas, físicas e digitais, dando origem a inteligência artificial, internet das coisas, nanotecnologia, impressão 3D, bio insumos, dentre outras tecnologias de amplo uso comercial. Apesar de apresentar-se em diferentes bases tecnológicas o elemento impulsionador a todas as revoluções industriais não foi outro senão a necessidade de reversão de uma tendência decrescente da taxa de lucro.

Curiosamente, todo este cenário foi antecipado pelo filósofo, sociólogo e economista, Karl Marx ainda em 1867, em seu livro “O Capital”. Marx identificou muito bem o fenômeno da tendência decrescente da taxa de lucro e a inevitável substituição de trabalhadores por máquinas como forma de revertê-la. Entretanto, esta reversão ocorreria às custas de um aprofundamento das contradições do modo de produção capitalista, cuja materialização ocorreria na forma de crises econômicas, recessões, elevado número de quebra de empresas, desemprego em massa, crises financeiras, aumento da concentração de renda e acentuada polarização social, tudo isso favorecido por ciclos de negócios cada vez mais curtos. Entenda-se a crise como uma correção de excessos, com o agravante que tais excessos não são expurgados do sistema econômico, mas tornam-se o rejeito dele, ali permanecendo por longos e incontáveis períodos.

Assim, a economia 4.0 traz em seu bojo uma falsa abundância, em que haverá excesso de oferta de empregos e pouca gente habilitada a ocupá-lo, haverá excesso de capital e poucas ideias de negócios rentáveis, haverá excesso de novos negócios e poucos negócios resilientes, haverá excesso de acumulação de capital e pouca gente com acesso ao capital.

Nesse sentido, na economia 4.0, o maior desafio para o empreendedor será desenvolver modelos de negócios lucrativos e resilientes face à intensa concorrência submersa em um ambiente econômico hostil. Para o trabalhador, o maior desafio será manter-se habilitado junto a uma tecnologia que se desenvolve exponencialmente e com vida útil cada vez menor. Para os governos, o maior desafio será proteger os cidadãos, atenuar correções de ciclos econômicos, promover políticas públicas eficazes, antecipar necessidades futuras dos cidadãos e tributar uma economia cuja base produtiva reconfigura-se numa frequência cada vez maior.

Por tudo isso, na economia 4.0, será bastante comum: odiar o mercado e ficar cada vez mais preso a ele; odiar o governo, e precisar cada vez mais dele; repudiar os tributos e ser cada vez mais achatados por ele; repugnar os inúteis e conviver com o número crescente deles. Eis o mundo 4.0, compreendê-lo adequadamente é a melhor maneira de tirar proveito desta nascente, contraditória, assustadora e promissora revolução.

Sobre o autor: César Piorski é Doutor, Mestre e Bacharel em economia com especializações em Economia de Empresas, Engenharia Financeira e Macrocenários. Atua como estrategista da Volk Capital, empresa que fundou em 2022.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Pré-Sal
Oil States assina novos contratos com a Subsea7
02/07/25
Sustentabilidade
Congresso Sustentável CEBDS 2025 reúne 300 pessoas em Belém
02/07/25
Energia Elétrica
Com bandeira vermelha em vigor desde junho, energia reno...
02/07/25
Amazonas
Super Terminais e Governo do Amazonas anunciam primeira ...
02/07/25
Transição Energética
CCEE reforça protagonismo na transição energética durant...
02/07/25
Biodiesel
Indústria doa equipamentos para fortalecer fiscalização ...
02/07/25
Macaé Energy
Licença Prévia do projeto Raia é celebrada na abertura d...
02/07/25
Hidrelétricas
GE Vernova garante pedido de Operação & Manutenção nas u...
01/07/25
Energia Solar
GoodWe e Fotus miram liderança em mercado bilionário no ...
01/07/25
Oportunidade
Auren Energia abre inscrições para Programa de Estágio 2025
01/07/25
Etanol de milho
Reconhecimento internacional do etanol de milho para pro...
01/07/25
Resultado
Maio registra recorde nas produções de petróleo e de gás...
01/07/25
Sustentabilidade
Binatural conquista certificação internacional em susten...
01/07/25
Firjan
Produção de petróleo na porção fluminense da Bacia de Ca...
01/07/25
ANP
Divulgado o resultado final do PRH-ANP 2025
01/07/25
Evento
Maior congresso técnico de bioenergia do mundo reúne 1,6...
01/07/25
Energia Eólica
Nova MP não será suficiente para conter impactos pervers...
30/06/25
Combustíveis
Gasolina cai só 0,78% em junho, mesmo após reajuste de 5...
30/06/25
Evento
Brasil avança na transição energética com E30 e B15 e re...
30/06/25
Fiscalização
ANP divulga resultados de ações de fiscalização em 12 un...
30/06/25
Pessoas
Patricia Pradal é a nova presidente da Chevron América d...
30/06/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.