Marinha

15% dos royalties do petróleo por falta de recursos

Valor Econômico
15/07/2008 11:39
Visualizações: 418 (0) (0) (0) (0)

O comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto, reconheceu ontem que não tem como garantir total segurança às plataformas marítimas da Petrobras. "Não estamos suficientemente preparados para tomar conta das nossas águas jurisdicionais", disse o almirante, atribuindo a fraqueza à falta de investimentos na Marinha nos últimos anos. 


Moura Neto aproveitou o exercício de autocrítica para reforçar sua tentativa de convencer o governo a desbloquear recursos orçamentários. Cabem à Marinha, conforme a Lei do Petróleo, 15% dos royalties sobre a produção de petróleo no mar. Segundo o comandante, só em 2008 estão sendo contingenciados R$ 700 milhões em royalties que pertenceriam à Força. Desde 1997, ano de promulgação da lei, foram mais de R$ 3 bilhões. É em parte devido a essas retenções que os projetos de reaparelhamento engatinham e o programa nuclear ficou em "estado vegetativo" até o fim de 2007, afirmou Moura. 


Para uma necessidade mínima de R$ 1,842 bilhão - em despesas que vão de manutenção dos quartéis a pagamento de salários, além de reposição dos armamentos gastos -, o orçamento da Marinha caiu para R$ 1,521 bilhão com o contingenciamento anunciado após o fim da CPMF. 


O comandante informou ter encaminhado ao Ministério da Defesa uma lista com oito prioridades de reaparelhamento, que incluem submarinos convencionais, torpedos, navios-patrulha e helicópteros. Os gastos estimados para atender essas prioridades alcançam R$ 5,8 bilhões no período que vai de 2008 a 2014. 


Em penúria financeira, a Marinha tem se empenhado na área diplomática para defender os interesses do país no novo cenário mundial do petróleo. Os grandes campos de Tupi e Júpiter se localizam a menos de 200 milhas náuticas (cerca de 350 quilômetros) da costa brasileira, limite da zona econômica exclusiva (ZEE), mas nada impede que as jazidas petrolíferas da camada pré-sal ultrapassem essa distância. Por isso, pediu às Nações Unidas o reconhecimento de mais 950 mil km2 de plataformas continentais, até 350 milhas náuticas do litoral. Moura revelou que a ONU já indicou "tacitamente" aceitar um pedido de acrescentar 750 mil km2 de jurisdição brasileira. 


Outros 200 mil km2 ainda estão em negociações, acrescentou o comandante. Na área de plataformas continentais, o país tem direito de explorar recursos do solo e subsolo marinhos, mas não a pesca - diferentemente da ZEE. Isso é suficiente para garantir que futuras descobertas de petróleo tão longe da costa possam ficar sob domínio do Brasil. "Vamos brigar até o último instante. Não podemos abrir mão de um centímetro do nosso território." 


Em encontro com jornalistas, o almirante procurou transmitir uma mensagem tranqüilizadora sobre a reativação da Quarta Frota americana. Ele admitiu que a medida, no futuro, pode representar um "fator de pressão", mas tentou circunscrever a estratégia americana à "sobrecarga muito grande" da Segunda Frota - ambas estão sob responsabilidade do Comando Sul dos Estados Unidos - e à tentativa de desconcentrar os trabalhos. 


Mesmo assim, segundo Moura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ao chanceler Celso Amorim que entre em contato com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, para ouvir explicações da Casa Branca. O foco da Quarta Frota, na avaliação do comandante, é o Caribe. "É essa área, até pela proximidade com suas fronteiras, que os americanos identificam como problemática. Sob o aspecto operacional, a Marinha vê isso com tranqüilidade", ressaltou o comandante. 


Os Estados Unidos assinaram , mas o Senado não ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar, apesar das declarações de apoio dadas pelo governo de George W. Bush. Moura explicou que a falta de reconhecimento oficial do tratado não causa preocupação, pois os americanos já formularam legislação interna em que estabelecem zonas econômicas exclusivas e plataformas continentais, tomando como base os indicadores adotados mundialmente. 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
RenovaBio
Primeira lista de distribuidores de combustíveis inadimp...
19/07/25
Energia Solar
Transpetro inaugura usina solar para abastecer o Termina...
17/07/25
Internacional
IBP participa do World Oil Outlook da OPEP com análise s...
17/07/25
BRANDED CONTENT
20 Anos de Merax – Histórias que Norteiam o Futuro
16/07/25
Fenasucro
Bioenergia ganha força no debate global sobre energia li...
16/07/25
Gás Natural
Gasmig: 39 anos de energia, inovação e compromisso com M...
16/07/25
Combustíveis
Preços do diesel, etanol e gasolina seguem tendência de ...
15/07/25
Evento
IBP debate direitos humanos na cadeia de suprimentos de ...
15/07/25
Sustentabilidade
PRIO avança em sustentabilidade e reforça governança cor...
15/07/25
PPSA
Produção de petróleo da União sobe 13,2% e alcança 128 m...
15/07/25
Bacia de Campos
Equinor recebe do Ibama Licença de Instalação do Gasodut...
15/07/25
Firjan
Para tratar sobre o "tarifaço", Firjan participa de reun...
15/07/25
Tecnologia e Inovação
Equinor lança terceira edição de programa de inovação ab...
14/07/25
Fenasucro
Brasil ocupa posição de destaque mundial na cogeração re...
14/07/25
Pré-Sal
FPSO P-78 deixa Singapura rumo ao campo de Búzios
14/07/25
RenovaBio
Lista de sanções a distribuidores de combustíveis inadim...
14/07/25
Gás Natural
Competitividade econômica e sustentabilidade para o Para...
14/07/25
Etanol
Etanol recua na segunda semana de julho, aponta Cepea/Esalq
14/07/25
Petrobras
Angélica Laureano assume como Diretora Executiva de Tran...
11/07/25
Gás Natural
Transportadoras de gás natural lançam nova versão de pla...
11/07/25
Parceria
Equinor e PUC-Rio firmam parceria de P&D de R$ 21 milhões
11/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.