Invest News
O ano de 2008 foi de grande crescimento para o setor petroquímico, em destaque para os termoplásticos, disse o professor do Programa de Planejamento Energético da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE-UFRJ), Alexandre Szoklo.
Segundo ele, esse crescimento foi puxado, principalmente, por dois fatores: "o aquecimento das vendas das indústrias de construção civil, pecuária e automotiva, e o aumento da renda".
De acordo com Alexandre, neste ano, o consumo per capita de produtos que utilizam resina termoplástica no Brasil elevou-se em 6%, ante 2007. A procura do mercado pelas resinas termoplásticas também cresceu em 2008, entre 10% e 15%, frente ao ano anterior, informou o professor. "Só a demanda por polipropileno cresceu 8,5%, destacou".
Essa demanda, no entanto, tem sido suprida por importações, afirmou Alexandre. Segundo ele, a produção doméstica não conseguiu acompanhar o crescimento do mercado, por causa de falta de acesso a matérias-primas. "Apesar do aumento da procura, a produção brasileira de resinas termoplásticas teve queda de 4%. Sendo assim, se considerarmos pelo lado da balança comercial, o ano é negativo para o setor".
Para o especialista, durante a maior parte de 2008, as petroquímicas trabalharam em alta utilização da capacidade de produção. No entanto, mesmo assim, não foi possível atender à demanda e, muitas vezes, oferecer um preço competitivo ante o produto importado. "Em alguns casos, como para a produção de PVC, observamos elevação de 100% na importação da resina".
Ainda por outro lado, observa o professor, o ano volta a ser positivo, já que foi caracterizado pela execução de planos de investimentos no setor que, no médio prazo, tornará a indústria petroquímica brasileira capaz de atender à demanda doméstica, além de exportar.
"Tenho uma perspectiva muito positiva para 2010. Até lá, a demanda deverá ser normalizada, em relação a redução que está sofrendo com a crise, e o Brasil estará preparado para atender à procura".
Ele analisou ainda que 2008 foi um ano de consolidação e afirmação para o setor. "As petroquímicas atuavam de forma muito pulverizada; a consolidação empresarial da Brasken e da Quattor polarizaram o setor, criando condições para que as duas empresas possam tocar grandes projetos".
Já as perspectivas para 2009 são de um cenário bem diferente. "A produção das petroquímicas é bastante ligada ao desempenho do setor automotivo. Se as montadoras param de crescer, como vem acontecendo, a demanda das petroquímicas também cai", explicou.
Ele considerou, porém, que o cenário não é só negativo. "A valorização do dólar (intensificada pela crise mundial) beneficia o Brasil trazendo melhores condições de competir, desde que haja demanda", ressaltou.
Fale Conosco
23