Evento de três dias organizado pela Siemens Energy reuniu especialistas e autoridades de diversos países regionais para dialogar acerca dos desafios e oportunidades mais relevantes no setor energético
Redação TN Petróleo/AssessoriaForam oito painéis, quase 50 especialistas e mais de três mil espectadores. Com organização da Siemens Energy, a Latin America Energy Week 2022 aconteceu entre os dias 8 e 10 de junho envolvendo diversos países do continente. Entre os destaques, a temática da nova geopolítica energética, a questão das mudanças climáticas e da transição energética, o financiamento para projetos sustentáveis e o potencial do hidrogênio verde e da inovação como alavancas de crescimento, foram alguns dos tópicos tratados.
Os participantes foram unânimes em defender a integração regional como uma importante estratégia a ser adotada na América Latina para depender menos de recursos não renováveis. "Há uma mudança de mentalidade. Se antes os países pensavam em suprir apenas suas próprias demandas, hoje cada um quer ser capaz de 'alimentar' outras regiões. É uma nova política nacional", refletiu André Clark, vice-presidente da Siemens Energy na América Latina.
Com uma exposição sem precedentes aos impactos da mudança climática na região, os setores público e privado debateram durante o evento a urgência em acelerar a descarbonização para garantir condições de vida melhores e sustentáveis para as sociedades locais. Apesar da abundância de fontes de energia renováveis, a América Latina é um continente bastante plural, com realidades díspares. Dessa forma, cada país vivencia uma jornada muito particular para alcançar a tão sonhada transição energética. "Do lado do governo, estamos no caminho de estabelecer condições ideais para a população e investidores. A América Latina, como um todo, pode ser um player fundamental nesse novo contexto mundial", comentou o ministro do Uruguai, Omar Paganini.
Em um dos painéis da Energy Week, "Redes elétricas do futuro conectando a América Latina para alavancar a transição energética", o debate contou com a presença de Tim Holt, Membro da Diretoria Executiva e Membro da Junta Executiva da Siemens Energy. Embora o panorama seja promissor, a constatação foi de que o cenário está muito aquém das potencialidades do continente. "É profundamente necessário atualizar as redes para que as operações sejam confiáveis e as cidades com alta demanda de energia tenham acesso a melhores soluções de suprimentos. No Brasil, por exemplo, 35 mil km de infraestrutura precisam ser substituídos", afirmou Holt.
O painel "Obtendo financiamento para energia sustentável - Garantindo o crescimento na América Latina", teve discussão concentrada no fato de que, para a transição energética ter sucesso na América Latina, é essencial equacionar o aumento da demanda com a necessidade de desenvolvimento de fontes limpas e, para isso, a acessibilidade financeira e a viabilidade no longo prazo precisam ser prioridades.
Maria Ferraro (foto), CFO & CDO da Siemens Energy, abordou a urgência do tema de forma enfática. "Não se trata mais de decidir se vamos mudar nossas emissões, mas mudar com urgência. Temos que trabalhar em soluções de descarbonização e em sistemas de armazenamento e transporte de energia. É verdade que temos problemas de custos e que os investimentos precisam ser mais altos, mas parece evidente que os setores público e privado precisam trabalhar juntos, e no mundo inteiro, pois a questão climática afeta todos os países. Precisamos entender que todos temos um único objetivo, que é ampliar a oferta de energia, sem comprometer a questão ambiental", concluiu.
Já o painel, "Descarbonizando o futuro da indústria - Construindo um caminho para o net-zero", detectou a infraestrutura como a principal barreira para zerar as emissões de carbono em 2050, com o consenso de que o percurso ainda é muito longo para atingir esse objetivo. Apesar de todas as dificuldades, os painelistas estavam otimistas. Quando o assunto é infraestrutura, Thorbjörn Fors, vice-presidente executivo da Divisão de Industrial Applications da Siemens Energy, considera a questão complexa, pois não envolve apenas a construção em si. "Temos que escalar e aumentar a velocidade na obtenção de licenças, o uso de solo e espaço. E os legisladores ainda não conseguiram absorver isso", relatou.
Do lado financeiro, os números podem assustar, mas não devem intimidar. De acordo com Fors, estima-se que, para atingir o objetivo de net-zero, o planeta como um todo deve investir um total de €$50 trilhões até 2050.
A Latin America Energy Week foi promovida em colaboração com as Câmaras Alemãs de Comércio no Exterior (AHK); a firma de consultoria estratégica Roland Berger; a Agência Alemã de Energia (DENA); o Comitê de Negócios Alemães da América Latina (LADW); a Associação para a América Latina na Alemanha (LAV); a Siemens Gamesa e o Conselho Mundial de Energia da Argentina, Chile, Colômbia e México (WEC).
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