<P>A Arcelor Mittal Tubarão, antiga CST, abriu concorrência para ampliar o uso da navegação de cabotagem entre portos no país para atender seu mercado de aço. A siderúrgica recebeu propostas de empresas de navegação brasileiras interessadas em transportar bobinas de aço laminadas, produzid...
Valor EconômicoA Arcelor Mittal Tubarão, antiga CST, abriu concorrência para ampliar o uso da navegação de cabotagem entre portos no país para atender seu mercado de aço. A siderúrgica recebeu propostas de empresas de navegação brasileiras interessadas em transportar bobinas de aço laminadas, produzidas na usina da companhia, em Serra (ES), até o porto de Santos. Dali os produtos siderúrgicos seguirão por trem ou caminhão para clientes da cidade de São Paulo, da região metropolitana e do interior do Estado. Um dos objetivos é abastecer o centro de serviços da Gonvarri Brasil, em Campinas, do qual a Arcelor Mittal adquiriu 50% este ano.
A concorrência será concluída ainda em 2008 e a idéia da empresa é começar a operação para Santos no início de 2009. A Arcelor Mittal Tubarão não informou os nomes das empresas que participam da disputa, mas o Valor apurou que entre os concorrentes estão a Companhia de Navegação da Amazônia (CNA), ligada ao grupo Libra, e a Companhia de Navegação Norsul, pertencente à Lorentzen Empreendimentos.
A Norsul opera há dois anos outro sistema de cabotagem para a ArcelorMittal Tubarão. É o serviço de transporte de bobinas entre a usina, no Espírito Santo, e a Arcelor Mittal Vega, que faz a galvanização (revestimento com zinco) do aço em São Francisco do Sul (SC). De janeiro a agosto de 2008, a Norsul transportou cerca de 470 mil toneladas de bobinas entre a usina de Tubarão e a Vega, em Santa Catarina. Nesse serviço a empresa tem um contrato de 18 anos com a Arcelor Mittal. A Norsul também tem contratos semelhantes com a Aracruz, para transporte de toras de madeira, e com a Veracel, pelo qual movimenta celulose.
O sistema da Norsul compreende o uso de barcaças oceânicas e empurradores. A companhia conseguiu, semana passada, a prioridade do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para construir três barcaças oceânicas e um empurrador para o projeto de Tubarão. No total, a Norsul planeja investir US$ 93 milhões na construção dessas embarcações, dos quais US$ 83,7 milhões poderão ser financiados pelo FMM. A construção depende de a empresa ganhar a concorrência. Se ganhar, ela terá de afretar navios no mercado para começar a operar até que as embarcações próprias sejam concluídas.
Outras empresas também teriam entregue propostas na concorrência aberta pela usina de Tubarão. Deve ganhar quem oferecer o menor preço por tonelada transportada dentro de um modelo porta a porta, da fábrica até o cliente. Ou como definiu uma pessoa que participa do processo seria um sistema porto-porta, já que as bobinas serão transportadas do porto de Praia Mole, vizinho à ArcelorMittal Tubarão, até o porto de Santos e dali até os clientes. Caberá às empresas oferecer a solução logística completa, o que inclui a contratação da parte rodo ferroviária em São Paulo. Entre os concorrentes, só a Norsul detém o sistema de barcaças. Os demais apostam no uso de navios convencionais de carga geral.
O modelo de contrato ainda será discutido com as empresas, disse Benjamin Baptista, diretor comercial da ArcelorMittal Tubarão. Ele confirmou que a empresa pretende implementar esse novo modelo logístico de suprimento de bobinas laminadas para São Paulo, região que responde por cerca de 60% do mercado nacional desse tipo de produto. A idéia é encontrar uma forma mais eficiente de transportar bobinas pesadas, disse Baptista. Entenda-se como pesadas bobinas na faixa das 25 toneladas.
A antiga CST produz bobinas de 20 toneladas até 35 toneladas. No transporte rodoviário existem limitações para que uma carreta transporte uma só bobina de 25 toneladas, o que exige que ela seja dividida em duas de 12,5 toneladas. Também existem carretas especializadas em transportar bobinas mais pesadas, mas o frete é mais caro. Tubarão utiliza ainda a ferrovia para transportar as bobinas pesadas, caso da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), da Vale, e a MRS. O problema que a EFVM tem limitações físicas para o transporte de bobinas, ainda mais se for considerado que Tubarão vai ampliar a produção do produto em 2009, disse Baptista.
Ele afirmou que o novo serviço de cabotagem irá atender o centro de serviços da Gonvarri Brasil, mas também terá flexibilidade, no futuro, para transportar bobinas menores para clientes em São Paulo.
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