Crescimento da produção industrial brasileira, investimentos em novos navios e em infraestrutura portuária, custos mais competitivos. São estes os alicerces da confiança dos players da cabotagem quando projetam incrementos nos volumes movimentados nos próximos anos. A armadora Log-In (Logística Intermodal) é um deles. Detentora de 25% do marketshare (participação nomercado) no segmento, a empresa confia em “dois dígitos” de ascensão anual para este e os próximos quatro anos. Sinal disso é que, no último mês, iniciou a operação do seu mais novo navio,o Log-In Jatobá, tendo o Porto de Santos como primeira escala comercial.
Constituída há cinco anos, a Log-In se beneficiou de uma demanda reprimida para aumentar, em média, 27% ao ano sua movimentação de contêineres. Neste período, cargas naturais de cabotagem (denominação dada ao transporte marítimo de mercadorias pela costa de um país), que antes eram transportadas em caminhões, passaram para bordo dos navios afretados pela companhia. Grandes clientes foram conquistados, tais como as fabricantes de eletrônicos LG e de eletrodomésticos Whirlpool, a petroquímica Braskem e a siderúrgica Usiminas.
Para crescer, a Log-In convenceu seus clientes de que é melhor transportar pelo mar do que por rodovia. E “melhor”, para um empresário, tem que ser sinônimo de “mais barato”. Sob esta ótica, dois argumentos contam a favor da cabotagem. O primeiro é o item segurança. Dependendo da carga,o transporte por caminhão requer contratação de um custoso serviço de escolta, o que não é necessário quando se utiliza navios.
O segundo aspecto é a integridade do produto, e tem muito a ver com as péssimas condições das estradas brasileiras. “Vindo conosco, a carga vai chacoalhar menos, mesmo com o mar revolto”, definiu o presidente da Log-In,Vital Jorge Lopes.
Segundo o executivo, atualmente as empresas de cabotagem conseguem oferecer o frete marítimo a um preço equivalente a 70% do rodoviário. A economia tem atraído a atenção de grandes investidores, mas ainda há muitos a convencer. “Para cada contêiner que transportamos, há outros três que deixamos de transportar”, explicou Lopes,referindo-se às cargas naturais da cabotagem (aquelas que terão de percorrer um longo curso e demandam segurança e integridade no transporte) ainda não atendidas pelas companhias de navegação.
Apesar de o mercado ter espaço para crescer, isto não ocorre tão naturalmente quanto se espera. Os motivos são vários: desde a deficitária infraestrutura portuária até a falta de navios. Na visão do presidente da Log-In, quando esses dois obstáculos forem eliminados, a situação mudará drasticamente. “Acreditamos que, em um espaço de tempo bastante curto, tenhamos o sistema portuário e a frota ajustados para, de fato,mudar a estrutura da logística, passando para um modal mais econômico e dando competitividade a nossa indústria. É importante isso para que a gente possa viver não só de produto chinês”.