Biotecnologia

Avanços da agricultura familiar na cadeia do biodiesel

O coordenador de Biocombustíveis da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA), Marco Antonio Leite, disse, durante palestra no terceiro dia do 4º Congresso Brasileiro de Mamona, em João Pessoa (PB), que "a mamona vive seu melhor momento".

Redação/ Agências
11/06/2010 11:44
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O coordenador de Biocombustíveis da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA), Marco Antonio Leite, disse, durante palestra no terceiro dia do 4º Congresso Brasileiro de Mamona, em João Pessoa (PB), que "a mamona vive seu melhor momento".

 

Na manhã desta quarta-feira, 9, o coordenador apresentou o tema Inserção da Agricultura Familiar na Produção de Oleaginosas para Biodiesel – caso da mamona. Segundo Leite, as aquisições das empresas (em reais) em mamona deram um salto de cerca de R$ 3 milhões (em 2007) para R$ 27 milhões (em 2009). E a perspectiva para 2010 é de aquisições que totalizem R$ 48 milhões. Quanto aos hectares plantados, também houve um expressivo aumento de 8 mil hectares (em 2007) para 46 mil hectares (em 2009). A expectativa para este ano é de que a mamona seja cultivada em 72 mil hectares. “São números importantes que começam a moldar uma realidade e apontam para a inclusão social”, reforçou. Em 2005, início do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), a saca de 60 quilos de mamona era comercializada a R$ 32,00. Em 2010, este valor é de R$ 72,00. “Isso é por conta do PNPB. Hoje, existe uma cadeia melhor organizada. Mas ainda há muitos desafios”, disse Leite. O coordenador também destacou o trabalho do MDA na concessão do Selo Combustível Social. Hoje, das 47 usinas produtoras de biodiesel, 31 possuem o Selo que, segundo Leite, é auditado, fiscalizado constantemente pelo Ministério.

 

“A inclusão social é nosso maior foco. E o MDA vem fiscalizando se as empresas têm cumprido as exigências”, afirmou. Para 2010, a perspectiva é de que cer ca de que 100 mil famílias estejam participando do PNPB em todo o País. Em termos de aquisições da agricultura familiar em todo o Brasil, em 2006, totalizaram R$ 68 milhões. Em 2009, foram R$ 677 milhões e, para 2010, estima-se alcançar a soma de R$ 1,2 bilhão. Segundo Leite, mais de 40 assentamentos produzem mamona e, atualmente, mais de 1.200 técnicos estão diretamente ligados ao PNPB.

 

Desafio

 


“O desafio para o Nordeste/Semiárido e o Centro-Oeste é a gestão”, diz o coordenador. Leite explicou que será contratada uma empresa ainda este ano para qualificar as cooperativas. O objetivo é melhorar o sistema de gestão das cooperativas já existentes e criá-las onde não existem. O número de cooperativas de agricultores familiares que realizam vendas para as empresas de biodiesel que têm o Selo Combustível Social cresceu significativamente de quatro cooperativas, em 2006, para 42 cooperativas (em 2009). Para o coordenador, o cooperativismo é a “mola propulsora”, já que participa na relação com os contratos, nos financiamentos, no volume e escala de produção, na agregação de valor, entre outros. Hoje, 22% dos agricultores familiares na produção de matéria prima para o biodiesel estão no Nordeste e 76% estão na região Sul do País. “Estimamos que até 2012, cerca de 60% das compras de matéria prima venham das cooperativas”.

 

Estudo


O coordenador do MDA também apresentou um estudo realizado em 2008, em parceria com a cooperação técnica alemã GTZ. Na pesquisa, 54% dos agricultores familiares entrevistados recebiam o Bolsa Família, programa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). “Isso mostra a inclusão social”, diz. Além disso, 80% dos agricultores consideraram os serviços de Assistência Técnica prestados pelas empresas de biodiesel entre boa e regular. Já com relação a diversificação de culturas, 81% das famílias plantaram mamona em consórcio com outras culturas, principalmente feijão e milho. “Isso mostra que estamos produzindo alimento e energia”, destacou Leite. (Ministério do Desenvolvimento Agrário)

 


Empresas unem-se em projeto de caminhão movido a biodiesel B100


A Coca-Cola Brasil, através da fabricante Spaipa, que atua no Paraná e em parte de São Paulo, será a primeira empresa de bebidas da América Latina a adotar em sua rota de transportes um caminhão com injeção inteligente bicombustível, utilizando também o B100, biodiesel fabricado integralmente a partir de óleos vegetais. Fabricado pela MAN Latin America, o Constellation 17.220 poderá rodar com o combustível de origem vegetal, sem detrimento de desempenho, durabilidade ou confiabilidade, e será utilizado em rotas de distribuição de bebidas da Spaipa.

 

“Sabemos que o desafio da sustentabilidade passa pelo desenvolvimento de soluções inovadoras e estabelecimento de parcerias com outras empresas que fazem parte da nossa cadeia de valor. Para avançarmos desta forma, alinhamos nossos compromissos de caráter ambiental, social e econômico em uma plataforma única, a Viva Positivamente. Entre suas ações prioritárias está a diminuição das emissões de CO2, um dos grandes benefícios que ganhamos com esta parceria com a MAN”, explica Rino Abbondi, vice-presidente de Técnica e Logística da Coca-Cola Brasil.

 

Inédita no País, a tecnologia Dual Fuel contribui para a redução das emissões de CO2 em até 90%, além de emitir menos material particulado. Gerenciado eletronicamente, sem a adição de qualquer aditivo especial, o novo sistema permite o monitoramento de sua operação, ajustando o fornecimento do combustível apropriado para o motor a cada momento – biodiesel ou óleo diesel comum -, por meio de uma unidade dosadora.

 

“Para a Spaipa, participar deste projeto reforça a visão inovadora da companhia e o seu pioneirismo, sempre encabeçando as iniciativas de sustentabilidade do Sistema Coca-Cola Brasil. Curitiba foi escolhida para receber este projeto devido ao modelo de planejamento urbano e ambiental, além da maior consiciência da sua população em relação as necessidades de cuidados com o meio ambiente” afirmou Mário Veronezi, Superintendente Industrial e de Logística da Spaipa.

 

Pesquisa pioneira

 

Desde 2003, a MAN Latin America pesquisa o uso de biodiesel em adição ao óleo diesel convencional. Inicialmente, testes para aprovação da mistura B5 (5% de biodiesel) foram realizados dentro do Programa Nacional de Testes com Biodiesel, coordenado pelo Ministério da Ciência & Tecnologia e que contaram com a participação da Coca-Cola Brasil, entre outras empresas. A tecnologia Dual Fuel, adotada pelo Constellation 17.220, foi apresentada pela primeira vez durante o Salão Internacional do Transporte de São Paulo – Fenatran, em outubro de 2009.

 

“Já realizamos testes com B5 (5% de biodiesel), B20 (20% de biodiesel) e agora estamos muito orgulhosos de produzir o primeiro caminhão em teste com uma solução de engenharia capaz de utilizar B100 (100% biodiesel) sem detrimento do desempenho do veículo. Para isso, formamos uma equipe com brasileiros e alemães que trabalham 12 meses para produzir essa tecnologia”, afirma Ricardo Alouche, Diretor de Marketing da MAN Latin America.

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