Gazeta Mercantil
A ampliação da geração de eletricidade a partir da biomassa, sobretudo o bagaço da cana-de-açúcar, é apontada por especialistas do setor elétrico como a chance de o Brasil garantir a segurança do abastecimento de energia para o mercado e, ao mesmo tempo, manter sua matriz energética predominantemente renovável.
Com a intenção de estimular projetos deste segmento, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou ontem um financiamento no valor de R$ 80 milhões para a ampliação da geração de eletricidade na usina açucareira Guaíra, instalada no interior de São Paulo. "Temos 120 dias para contratar essa operação, mas acredito que em 60 dias conseguiremos concluir os ajustes que faltam", disse Roberta Nascimento de Araújo, gerente do departamento de gás, petróleo, cogeração e outras fontes de energia do banco de fomento.
Roberta explica que o investimento é para expansão da cogeração de energia a partir da biomassa (bagaço da cana-de-açúcar e palha) da usina de Guaíra, que saltará de 8,4 megawatts (MW) para 35,4 MW. "O fluxo de entrada de pedidos de financiamento do setor sucroalcooleiro tem se mantido nos últimos dois anos".
No entanto, diz a gerente, a crise financeira mundial está "afetando um pouco o setor". "Com a crise, alguns investidores do setor sucroalcooleiro que já haviam feito pedidos de financiamento para a expansão da geração de eletricidade solicitaram que nós segurássemos o andamento das análises", diz.
Em Guaíra, o novo empreendimento de geração de energia, que ainda não está em operação, fica dentro da Usina Açucareira Guaíra, que já é autossuficiente em energia com a produção dos 8,4 MW. O BNDES informou, por meio, de nota que "o novo projeto permitirá manter o atual nível de produção energética e gerará, em princípio, um excedente de 25 MW para comercialização, acrescentando mais um item à carteira de produtos do grupo".
Ainda de acordo com o BNDES, os equipamentos a serem instalados na usina têm capacidade de elevar a produção de energia elétrica para até 55 MW, caso a planta agrícola aumente.
Leilão do ano passado
O Brasil detém matéria-prima abundante para geração de eletricidade a partir da biomassa. Além disso, aparentemente, as usinas sucroalcooleiras têm interesse em começar (ou ampliar) a geração de eletricidade. Por estes motivos, no ano passado o governo federal decidiu fazer um leilão específico para a biomassa. Porém o resultado não foi muito satisfatório. A licitação teve pouca adesão das usinas, o que motivou o governo a adiar o leilão em duas semanas. No final, 44 empreendimentos se inscreveram para ofertar sua energia e apenas 31 fecharam negócio. O volume contratado foi de 548 MW, sendo que a expectativa era a de vender mais de 1 mil MW.
Na época, representantes do setor afirmaram que o pequeno interesse em vender a eletricidade no leilão se deu por conta do preço-teto para a energia proposto pelo governo (de R$ 150 por megawatt-hora).
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