O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse ontem em São Paulo que o financiamento da usina hidroelétrica de Belo Monte deverá ser definido dentro de 60 dias. O banco de fomento, explicou ele, deverá receber os documentos da Norte Energia (empresa formada a partir do consórcio vencedor do leilão) e tratará o assunto com prioridade.
"Estamos recebendo do consórcio todos os dados finais. Somente agora que começamos a trabalhar para olhar a estruturação financeira do projeto. Vamos fazer isso com velocidade porque é importante dar partida às obras", afirmou Coutinho.
De acordo com o chefe da instituição financeira, o montante a ser emprestado ainda não está definido. Essa decisão ainda depende das condições de estruturação financeira das garantias. "Isso é uma questão técnica, estamos recebendo a documentação agora e vamos ter pressa para, num prazo de 60 dias, ter tudo equacionado", completou.
O BNDES possui normalmente duas faixas de financiamento. Uma envolve a liberação de 65% do total da obra contra uma participação de 35% de recursos próprios dos sócios. A segunda é a de financiar 70% da obra, com 30% de contrapartida. Há, porém, a possibilidade de o BNDES aumentar essa relação para 80% do valor liberado, com 20% de dinheiro dos 18 sócios da Norte Energia.
Assinatura
Enquanto não é feita a equação do financiamento, os passos formais de concessão do empreendimento continuam. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, afirmou que o contrato deverá ser assinado na próxima quinta-feira (25), em Brasília.
Esse contrato será assinado um dia após o presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz Lopes, tomar conhecimento dos números do empreendimento que será levantado no Rio Xingu e que será a terceira maior usina deste tipo no mundo, com 11,233 mil MW de potência instalada. Segundo o executivo, ele terá uma reunião com a diretoria da empresa, que possui, entre participação direta e indireta (por meio da Eletronorte e da Chesf), 49,98% do capital social.
Muniz disse que a aquisição da energia no mercado livre a R$ 130 por MWh é considerada por ele um bom negócio para a empresa. "A expectativa é de que vamos ter um bom resultado com essa venda, e uma taxa de retorno muito interessante nesse projeto", acrescentou ele, que descartou o início das obras da usina no mês de setembro.