A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou ontem (4) um estudo sobre possíveis impactos de um único operador nas atividades de exploração e produção de petróleo na área do pré-sal. “A conclusão é que o n
RedaçãoA Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou ontem (4) um estudo sobre possíveis impactos de um único operador nas atividades de exploração e produção de petróleo na área do pré-sal. “A conclusão é que o novo marco regulatório deveria manter a possibilidade de haver diversas empresas operadoras na área do pré-sal”, afirma o estudo.
A existência de um operador único – não importa qual a companhia escolhida – poderá gerar atrasos no ritmo de produção e aumentos nos custos de operação e desenvolvimento na área do Pré-Sal. O estudo estima que, a cada ano de atraso, o Brasil deixaria de arrecadar aproximadamente R$ 53 bilhões (em valor presente). Ainda, o investimento de R$ 1 bilhão no Pré-Sal teria a capacidade de gerar um efeito em cadeia na economia de 33.570 postos de trabalho divididos pelos diversos setores da economia.
“Em um cenário de múltiplos operadores há maior competição e isto incentiva a inovação em indústrias de tecnologia de ponta, aumentando o investimento e proporcionando uma operação a custos competitivos”, diz Marcio Lago Couto, superintendente de projetos da FGV e responsável pelo estudo.
As simulações feitas pelos economistas da FGV apontam que as perdas podem chegar a 5,5% do PIB em três anos de atraso, o que ilustra os riscos econômicos de um modelo centralizador de investimentos em exploração e produção nesta nova província petrolífera.
O estudo foi elaborado a pedido do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e simula o impacto da operação única sobre o desenvolvimento da indústria petrolífera brasileira, com variáveis macroeconômicas nacionais, como produção, investimento, emprego e arrecadação do governo.
Operadores múltiplos geram benefícios para o país
O valor econômico dos blocos petrolíferos aumenta com a diversidade de operadores e liberdade na formação de parcerias entre as empresas, aponta o texto. Mencionados no trabalho da FGV estão os campos de Peregrino e Polvo que, depois de serem devolvidos à Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), foram a leilão em 2000 e desenvolvidos ao longo dos anos com grande sucesso. Nos dois casos, foi declarada a comercialidade dos campos após investimentos milionários nos poços.
O campo de Peregrino, hoje operado pela Statoil, mas que já passou pela operação da Petrobras, Encana, Kerr-McGee, Hydro e Anadarko, é um exemplo do valor econômico gerado pela diversidade de operadores que, em decorrência de suas estratégias, competência e percepções de risco, tomam diferentes decisões de investimento. Desde quando foi licitado pela primeira vez, o Campo de Peregrino multiplicou o seu valor em 1.000 vezes, gerando mais receita e benefícios ao país.
Por esta e outras razões, o estudo conclui que um operador único no pré-sal “não parece atender aos interesses da sociedade”.
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