Reservatórios estão em "uma situação melhor".
Diário do Nordeste
As fracas chuvas neste começo de 2014 não colocam em risco o abastecimento de energia do sistema. É o que assegura o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, ao olhar a situação atual dos reservatórios e analisar os dados do balanço entre oferta e demanda. "Não há risco (de racionamento). Não estamos nem despachando todas as térmicas disponíveis", afirmou Tolmasquim, lembrando que a especulação é comum no início de cada ano por causa da incerteza sobre a hidrologia.
O executivo, responsável pelo planejamento da expansão dos sistemas de geração e transmissão, lembrou que os reservatórios de todas as regiões do Brasil estão numa situação melhor do que no ano passado, o que traz mais conforto na operação do sistema. De fato, os reservatórios do Sudeste e Nordeste, os mais importantes para o sistema, fecharam próximos de 41% de capacidade, respectivamente. Na mesma época em 2013, os reservatórios estavam pouco acima de 30%.
Uso das térmicas
Segundo os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS), as termelétricas estão produzindo em torno de 13,3 mil MW médios, o que é 17,1% abaixo da capacidade disponível, hoje em 16,095 mil MW médios. O volume gerado está em linha com o da mesma época de 2013, sinalizando que a situação dos reservatórios ainda requer atenção. Todas as fontes térmicas estão operando, entre elas as caras usinas a óleo combustível e diesel (essas últimas, no Nordeste, por razões elétricas, quando o ONS identifica restrições na operação). Tolmasquim ainda argumentou que o país tem um superávit estrutural de energia, com a oferta superando a demanda entre 2014 e 2018.
"Ao analisar o balanço de oferta e demanda no período, vemos um excedente entre 3 mil MW médios e 4 mil MW médios, dependendo do ano - são 5% em relação à demanda do mercado, o que é bastante razoável".
Folga na oferta
Na prática, é como se o país contasse hoje com uma folga na oferta equivalente ao crescimento de um ano do mercado, ilustrou Tolmasquim. "Se não houvesse crescimento na geração, chegaríamos em 2015 com a demanda igual à oferta".
Os dados consideram os projetos contratados pelo governo federal nos leilões de energia nova para o atendimento das distribuidoras até 2018. "A oferta estrutural nesse período já foi suprida. Até 2018, usinas como a hidrelétrica de Belo Monte e Angra 3 entrarão em operação comercial".
Obras atrasadas
Apesar do discurso otimista, o próprio Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do qual Tolmasquim participa, reconhece que diversos empreendimentos contratados nos últimos leilões estão com as obras atrasadas, e não vão seguir datas previstas.
Das 370 novas usinas monitoradas pelo Ministério de Minas e Energia, totalizando uma capacidade instalada de 36,076 mil MW, apenas 36% estavam dentro do cronograma, segundo a ata da reunião do CMSE realizada em dezembro do ano passado. O atraso médio dos empreendimentos é de oito meses e meio. Entre as usinas que estão com o cronograma das obras atrasado estão as hidrelétricas do Rio Madeira (RO), Jirau e Santo Antônio.
Apesar de reconhecer os atrasos, Tolmasquim ponderou que os dados sobre o excedente de energia no balanço de oferta e demanda consideram as datas atuais de entrada em operação das usinas. "Isso (o excedente) leva em conta as datas mais recentes de previsão de entrada em operação comercial, e não as datas originais. Mas obviamente novos atrasos poderão ocorrer".
"Não há risco (de racionamento). Não estamos nem despachando todas as térmicas disponíveis".
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