<P>A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) defendeu que o Governo não incentive, no caso do escoamento da safra agrícola, o uso das saídas tradicionais como os portos de Santos, Paranaguá (PR) e Sepetiba (RJ). Para a estatal, responsável pela execução da política definida pelo Ministé...
Agência EstadoA Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) defendeu que o Governo não incentive, no caso do escoamento da safra agrícola, o uso das saídas tradicionais como os portos de Santos, Paranaguá (PR) e Sepetiba (RJ). Para a estatal, responsável pela execução da política definida pelo Ministério da Agricultura para deslocamento de grãos de regiões produtoras para estados consumidores, os carregamentos devem ser destinados a terminais das regiões Norte e Nordeste.
‘‘Esses portos (de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Paraná) têm que se especializar em exportar e escoar produtos com alto valor agregado. Não tem sentido exportar milho, soja ou algodão por ali’’, comentou o assessor da diretoria de gestão de estoques da estatal, Francisco Olavo Batista de Souza. Para ele, os produtos agrícolas têm que ser levados para outros portos, onde a pressão é menor e onde os carregamentos podem fluir melhor. Só assim haveria um barateamento dos custos. ‘‘Os portos do Sul e do Sudeste devem escoar produtos em contêineres, produtos acabados e de maior valor agregado’’, resumiu.
Batista de Souza classificou como ‘‘inviável’’ o carregamento da safra de regiões distantes até os portos tradicionais e lembrou que a fronteira agrícola se expande em direção ao Norte do País. ‘‘Não tem sentido nós termos uma produção de grãos no norte do Mato Grosso e essa produção descer de caminhão para os portos de Paranaguá e Santos, provocando aquelas tradicionais filas em março e abril’’, afirmou.
De Sorriso (MT), maior produtor de soja do País, até o porto paranaense de Paranaguá são 2.400 quilômetros, deslocamento que, segundo o assessor da Conab, ‘‘parece um filme de terror’’. No caso da produção de Sorriso, disse ele, o ideal é carregar as cargas pela BR-163 e o incrementar as ferrovias para que elas sejam escoadas na direção de Santarém ou da Ferrovia norte-sul. Nos debates internos no governo, a Conab defendeu melhorias nos portos de Manaus; Itaquatiara; Santarém; de Belém; de Santana, no Macapá; Pecém, no Ceará; Suape, em Pernambuco; e Itaqui, no Maranhão. ‘‘É para lá que o governo tem que focar o escoamento da safra brasileira de grãos’’, disse, referindo-se ao porto maranhense.
Batista de Souza lembrou que a falta de logística freia o desenvolvimento, principalmente do agronegócio. ‘‘Os produtores sabem que não vale a pena aumentar a produção porque a logística inviabiliza os investimentos em tecnologia feitos nas fazendas.’’ Para ele, ‘‘toda margem que o produtor consegue com o uso de tecnologia de ponta ele perde quando a carga chega nas estradas’’.
Plano
A análise do assessor da Conab foi apresentada durante debate sobre o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), que reúne propostas para reduzir os gargalos logísticos durante o período de comercialização da produção agrícola, a partir do próximo mês de fevereiro. O evento foi realizado no mês passado, em Brasília.
Presente ao encontro, o diretor de Planejamento e Avaliação de Política de Transporte do ministério, Francisco Luiz, garantiu que a infra-estrutura para o escoamento da safra teria prioridade no plano, que inclui sugestões de órgãos públicos e da iniciativa privada para o transporte rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo. O PNLT será lançado oficialmente no próximo dia 19, em Brasília,
Durante a apresentação, Francisco Luiz contou que os estados reforçaram a necessidade de escoamento pela hidrovia do São Francisco, hidrovia Araguaia-Tocantins, pela Ferrovia Norte-Sul e a ferrovia Trans-Nordestina. Ele adiantou que entre os projetos do Plano de Logística estão a pavimentação da rodovia que liga Sena Madureira a Cruzeiro do Sul, no Acre, na divisa com a Colômbia; a rodovia que liga Macapá ao Oiapoque, na divisa com a Guiana Francesa, e a pavimentação da rodovia Manaus-Porto Velho.
Fonte: Agência Estado
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