Asfalto

Concessões vão exigir importação de asfalto

Demanda deve crescer nos próximos anos.

Valor Econômico
11/09/2013 13:48
Visualizações: 996 (0) (0) (0) (0)

 

A rodada de concessões de rodovias federais não vai testar apenas o interesse do setor privado em assumir a operação de 7 mil km de estradas federais. Do lado da indústria, também será colocada à prova a capacidade do país de atender a uma demanda básica na construção de qualquer rodovia: a oferta de asfalto.
Se tudo sair como está desenhado no plano de concessões do governo, com os leilões de nove estradas federais realizados ainda neste ano e o consequente início de todas as obras em 2014, o Brasil caminhará para se transformar em um importador contínuo e crescente de asfalto. A avaliação é da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos (Abeda), instituição que reúne 17 das 24 distribuidoras de asfalto do país e responde por 95% do mercado nacional de distribuição do insumo. "Nós estamos margeando o desabastecimento. Se nada for feito, chegaremos inevitavelmente a essa situação. O país não tem condições estruturais de atender a demanda futura", diz Carlos Guilherme do Rego, presidente da Abeda.
Uma combinação de fatores explica o risco que ameaça a oferta de asfalto. De um lado, está a forte demanda pelo insumo projetada para os próximos anos. Pelas regras dos editais de concessão, todas as rodovias terão de ser obrigatoriamente duplicadas nos primeiros cinco anos de contrato, exigência que mais preocupa a iniciativa privada. Soma-se a essa demanda a realização das eleições no ano que vem, período que historicamente puxa as obras de pavimentação de estradas, além da prometida retomada de obras federais pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A estimativa dos distribuidores de asfalto é de que a taxa anual de crescimento fique em torno de 20% entre 2014 e 2015, depois de crescimento marginal nos últimos anos.
Do lado do abastecimento, as limitações são industriais. O asfalto é, basicamente, subproduto do refino de petróleo, um resíduo aplicado no solo, após passar por um processo de beneficiamento. Como o país passou 30 anos sem investir em refinarias, sua produção ficou restrita às plantas que já existem - um total de oito refinarias -, sendo que a maior parte delas está localizada nas regiões Sul e Sudeste. "O Brasil é um país continental. Com a crescente demanda por duplicações e obras na região Nordeste, por exemplo, levar asfalto a partir do Sul ou Sudeste fica absolutamente proibitivo, por conta do custo de frete", afirma o presidente da Abeda.
Os cálculos da associação apontam que uma tonelada de asfalto vendida atualmente pelo distribuidor custa, em média, R$ 1,3 mil. Se esse mesmo asfalto, porém, tiver que ser despachado por caminhão do Sudeste para o Nordeste, o preço dessa tonelada quase dobra, chegando a cerca de R$ 2,5 mil. A importação acaba sendo a melhor alternativa, porque o custo é bem inferior. "O preço da tonelada importada tem saído, em média, 50% acima do que é praticado no país. Por isso, vale mais a pena buscar o insumo lá fora", comenta Rego.
Neste ano, a demanda por asfalto ficará em torno de 3 milhões de toneladas. A oferta do insumo é praticamente um monopólio da Petrobras, que é dona das refinarias. Em algumas ocasiões, a estatal tem recorrido à importação. No ano passado, quando a demanda por asfalto movimentou 2,8 mil toneladas, a importação da Petrobras chegou a 4,6% do total, com a entrada de 103,7 mil metros cúbicos do produto no país.
Em 2010, a estatal chegou a importar mais que o dobro disso - 249,9 mil metros cúbicos - por conta da aceleração de projetos de pavimentação no país. Em 2011 e 2012, porém, o resultado caiu, refletindo a baixa demanda de contratações do Dnit, alvo da "faxina" dos Transportes, que levou o governo a paralisar as contratações de obras públicas em todo o país.
Em resposta enviada ao Valor, a Petrobras informou que "tem adotado medidas no sentido de minimizar importações de derivados de petróleo (inclusive asfaltos), mediante a otimização de seu parque de refino e a utilização de alternativas logísticas de abastecimento do mercado, visando ao equilíbrio da relação entre oferta e demanda nas diversas regiões do país".
A estatal afirma que, atualmente, o percentual de importação de asfalto está em aproximadamente 2% da demanda nacional e que, por conta de ações já tomadas, não tem expectativa de importar asfaltos para o período em questão entre 2014 e 2018, mas acrescenta que a companhia "poderá eventualmente recorrer a importações, em complemento à produção interna, na hipótese de desequilíbrio entre a oferta e a demanda pelo produto no mercado brasileiro".
A preocupação com o abastecimento de asfalto no país levou instituições do setor a criar um fórum permanente para discutir medidas que evitem o desabastecimento nacional. Reuniões estão previstas para ocorrer em Brasília, com a presença de representantes do governo e associações ligadas a construção e concessões de rodovias.

A rodada de concessões de rodovias federais não vai testar apenas o interesse do setor privado em assumir a operação de 7 mil km de estradas federais. Do lado da indústria, também será colocada à prova a capacidade do país de atender a uma demanda básica na construção de qualquer rodovia: a oferta de asfalto.


Se tudo sair como está desenhado no plano de concessões do governo, com os leilões de nove estradas federais realizados ainda neste ano e o consequente início de todas as obras em 2014, o Brasil caminhará para se transformar em um importador contínuo e crescente de asfalto. A avaliação é da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos (Abeda), instituição que reúne 17 das 24 distribuidoras de asfalto do país e responde por 95% do mercado nacional de distribuição do insumo. "Nós estamos margeando o desabastecimento. Se nada for feito, chegaremos inevitavelmente a essa situação. O país não tem condições estruturais de atender a demanda futura", diz Carlos Guilherme do Rego, presidente da Abeda.


Uma combinação de fatores explica o risco que ameaça a oferta de asfalto. De um lado, está a forte demanda pelo insumo projetada para os próximos anos. Pelas regras dos editais de concessão, todas as rodovias terão de ser obrigatoriamente duplicadas nos primeiros cinco anos de contrato, exigência que mais preocupa a iniciativa privada. Soma-se a essa demanda a realização das eleições no ano que vem, período que historicamente puxa as obras de pavimentação de estradas, além da prometida retomada de obras federais pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A estimativa dos distribuidores de asfalto é de que a taxa anual de crescimento fique em torno de 20% entre 2014 e 2015, depois de crescimento marginal nos últimos anos.


Do lado do abastecimento, as limitações são industriais. O asfalto é, basicamente, subproduto do refino de petróleo, um resíduo aplicado no solo, após passar por um processo de beneficiamento. Como o país passou 30 anos sem investir em refinarias, sua produção ficou restrita às plantas que já existem - um total de oito refinarias -, sendo que a maior parte delas está localizada nas regiões Sul e Sudeste. "O Brasil é um país continental. Com a crescente demanda por duplicações e obras na região Nordeste, por exemplo, levar asfalto a partir do Sul ou Sudeste fica absolutamente proibitivo, por conta do custo de frete", afirma o presidente da Abeda.


Os cálculos da associação apontam que uma tonelada de asfalto vendida atualmente pelo distribuidor custa, em média, R$ 1,3 mil. Se esse mesmo asfalto, porém, tiver que ser despachado por caminhão do Sudeste para o Nordeste, o preço dessa tonelada quase dobra, chegando a cerca de R$ 2,5 mil. A importação acaba sendo a melhor alternativa, porque o custo é bem inferior. "O preço da tonelada importada tem saído, em média, 50% acima do que é praticado no país. Por isso, vale mais a pena buscar o insumo lá fora", comenta Rego.


Neste ano, a demanda por asfalto ficará em torno de 3 milhões de toneladas. A oferta do insumo é praticamente um monopólio da Petrobras, que é dona das refinarias. Em algumas ocasiões, a estatal tem recorrido à importação. No ano passado, quando a demanda por asfalto movimentou 2,8 mil toneladas, a importação da Petrobras chegou a 4,6% do total, com a entrada de 103,7 mil metros cúbicos do produto no país.


Em 2010, a estatal chegou a importar mais que o dobro disso - 249,9 mil metros cúbicos - por conta da aceleração de projetos de pavimentação no país. Em 2011 e 2012, porém, o resultado caiu, refletindo a baixa demanda de contratações do Dnit, alvo da "faxina" dos Transportes, que levou o governo a paralisar as contratações de obras públicas em todo o país. Em resposta enviada ao Valor, a Petrobras informou que "tem adotado medidas no sentido de minimizar importações de derivados de petróleo (inclusive asfaltos), mediante a otimização de seu parque de refino e a utilização de alternativas logísticas de abastecimento do mercado, visando ao equilíbrio da relação entre oferta e demanda nas diversas regiões do país".



A estatal afirma que, atualmente, o percentual de importação de asfalto está em aproximadamente 2% da demanda nacional e que, por conta de ações já tomadas, não tem expectativa de importar asfaltos para o período em questão entre 2014 e 2018, mas acrescenta que a companhia "poderá eventualmente recorrer a importações, em complemento à produção interna, na hipótese de desequilíbrio entre a oferta e a demanda pelo produto no mercado brasileiro".


A preocupação com o abastecimento de asfalto no país levou instituições do setor a criar um fórum permanente para discutir medidas que evitem o desabastecimento nacional. Reuniões estão previstas para ocorrer em Brasília, com a presença de representantes do governo e associações ligadas a construção e concessões de rodovias.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Parceria
BRAVA Energia anuncia parceria e venda de 50% de infraes...
06/06/25
Negócio
Vallourec finaliza a aquisição da Thermotite do Brasil
06/06/25
Apoio Offshore
CBO fecha 2024 com expansão da frota, avanços em sustent...
06/06/25
Etanol
ORPLANA promove encontros com associações para esclarece...
06/06/25
Firjan
Receitas do petróleo não suportam mais taxas e inseguran...
06/06/25
Gás Natural
TBG reduz tarifas do Gasbol em até 28%
06/06/25
Hidrogênio
Vallourec obtém qualificação de sua solução de armazenam...
06/06/25
Amazônia
FGV Energia e Petrobras firmam parceria para geração de ...
06/06/25
Transição Energética
BNDES, Petrobras e Finep lançam edital para FIP em trans...
05/06/25
Pré-Sal
Shell aumentará participação no projeto operado de Gato ...
05/06/25
Biometano
Grupo de trabalho da ANP conclui estudos sobre regulamen...
05/06/25
Bahia Oil & Gas Energy 2025
Inovação no DNA: Como a Comquality vem revolucionando o ...
04/06/25
Bahia Oil & Gas Energy 2025
Oil States marca presença na Bahia Oil & Gas Energy 2025...
04/06/25
Oferta Permanente
Edital do leilão da Oferta Permanente e marco do Licenci...
04/06/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Sergipe Oil & Gas 2025 é lançado com foco em inovação e ...
04/06/25
Meio Ambiente
Supergasbras amplia ações que reduzem as emissões de CO₂...
04/06/25
Campos Marginais
Medidas Fiscais com Impacto Desproporcional às Operadora...
04/06/25
Biometano
Gasmig abre chamada pública para aquisição de biometano ...
03/06/25
QAV
GOL e TAP adotam o IATA FuelIS para otimizar o uso de co...
03/06/25
IBP
Posicionamento do IBP sobre receitas extras com petróleo
03/06/25
ANP
Com 3,734 milhões de boe/d, produção de petróleo e gás n...
03/06/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22