Mercado

Energia elétrica e petróleo atraem empresas chinesas

E Brasil se torna parceiro estratégico.

Valor Econômico
28/05/2014 19:03
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Empresas chinesas exercem papel importante nos mercados brasileiros de petróleo e eletricidade e essa presença deve se intensificar nos próximos anos. Niu Haibin, diretor-adjunto do Shanghai Institutes for International Studies (SIIS), diz que a China busca ampliar sua segurança energética e para isso realiza um trabalho simultâneo de diversificar suas fontes de energia, reduzindo a dependência do carvão mineral, e de desenvolver novos fornecedores. "O Brasil é um parceiro interessante para a China, tem grande potencial em biocombustíveis, hidroeletricidade e petróleo com o pré-sal. Mas precisa de meios financeiros para explorar esses recursos e infraestrutura logística. A China pode contribuir nas duas áreas", diz.
A estabilidade institucional brasileira também é um atrativo. Em seu esforço por atrair novos parceiros energéticos, Haibin avalia que a China tem assumido riscos mais altos que o aceito por outros países, negociando e estabelecendo laços com fornecedores localizados em países em situação de conflitos internos e externos. "No Brasil as instituições estão consolidadas", diz.
O radar das estatais chinesas de petróleo e gás elegeu o Brasil logo após a descoberta do potencial do pré-sal. Os primeiros investimentos significativos se deram em 2010 com a aquisição pela Sinopec de 40% da operação da espanhola Repsol no país, por US$ 7,1 bilhões. Entre os ativos adquiridos estão dois campos petrolíferos já em operação e outros dois em desenvolvimento no pré-sal. Ainda em 2010, a Sinochem, outra chinesa, fez sociedade com a Statoil no campo de Peregrino, na bacia de Campos. O contrato foi de US$ 3,07 bilhões.
Em 2012, a Sinopec foi novamente às compras, adquirindo 30% dos ativos da portuguesa Galp Energia no Brasil, por US$ 4,8 bilhões, passaporte para a exploração de 20 blocos de petróleo, entre eles os campos de Lula e Cernambi, ambos na bacia de Santos. Em 2013, as estatais CNPC e CNOOC, com 10% cada, participaram do consórcio vencedor do leilão do campo de Libra, no pré-sal, o maior já descoberto no Brasil.
Hoje os chineses já produzem 50 mil barris diários de petróleo no Brasil, além de aquisições no mercado local. A compra mais relevante se deu por meio de uma operação triangular realizada em 2010, na qual o Banco de Desenvolvimento da China realizou um empréstimo de US$ 10 bilhões à Petrobras. Em troca, a brasileira comprometeu-se a fornecer 200 mil barris diários para a Sinopec por dez anos.
Edmar Fagundes de Almeida, especialista em petróleo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que o modelo de empréstimo em troca de petróleo não deve prosperar na relação energética entre Brasil e China. "Foi uma ação pontual, em um momento no qual a Petrobras podia se endividar. Hoje essa opção não seria bem aceita no mercado financeiro". Para ele, a principal estratégia chinesa no Brasil é o investimento direto, por meio de compra de ativos já maduros ou em novos leilões do pré-sal,
A presença chinesa no mercado brasileiro de energia elétrica se dá nos segmentos de geração e transmissão. A Three Georges, a maior geradora hidrelétrica do mundo, adquiriu os negócios da portuguesa EDP em 2011 e, no início de 2014, comprou um terço da hidrelétrica de São Manoel, que será construída no rio Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará, com capacidade instalada de 700 MW. Em transmissão, a chinesa State Grid é parceira da Eletrobras no linhão de 800 kv de tensão que ligará a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, passará por Tocantins, Goiás e Minas Gerais, num total de 2100 quilômetros. O investimento previsto é de R$ 4,4 bilhões e a concessão é de 30 anos.
Mauricio Aredes, doutor em energia elétrica e professor da UFRJ, diz que a capacidade tecnológica chinesa em transmissão de energia será importante para o Brasil implementar os linhões que ligarão as novas hidrelétricas em construção no Norte do país com os principais centros consumidores. Hoje a linha de transmissão de maior tensão no Brasil é a de Itaipu, com 600 kv e 810 quilômetros de extensão. "Apenas a China hoje tem experiência em operações com 800 kv e eles já estão desenvolvendo tecnologia e programam colocar em operação em 2015 linhas de transmissão com 1100 kv", diz Aredes. A transmissão em tensões mais elevadas e em corrente continua, como programada para Belo Monte, gera economia e permite uma redução de perdas no trajeto.
Apesar de ser grande o potencial brasileiro em biocombustiveis e em energia alternativas, principalmente eólica, solar e geradas a partir de biomassas, ainda não há nenhum investimento chinês nesses segmentos de mercado. A constatação é da consultora Camila Ramos, diretora da Clean Energy Latin América (CELA). A China, no entanto, é o maior investidor global em energias alternativas, tendo executado um programa de US$ 61,2 bilhões em 2013. O país asiático é o maior gerador mundial de energia eólica e o segundo em energia fotovoltaica.
Para Camila, são dois os principais fatores que inibem os investimentos chineses em energia alternativa no Brasil. Em bioenergia, as restrições legais de compra de terras por estrangeiros. Em energia eólica e solar, a exigência de 60% de conteúdo local nos equipamentos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que atendem a 90% do parque gerador dessas energias. "Teremos que atrair não só o capital chinês, mas também as fábricas chinesas para o Brasil", diz.

Empresas chinesas exercem papel importante nos mercados brasileiros de petróleo e eletricidade e essa presença deve se intensificar nos próximos anos. Niu Haibin, diretor-adjunto do Shanghai Institutes for International Studies (SIIS), diz que a China busca ampliar sua segurança energética e para isso realiza um trabalho simultâneo de diversificar suas fontes de energia, reduzindo a dependência do carvão mineral, e de desenvolver novos fornecedores. "O Brasil é um parceiro interessante para a China, tem grande potencial em biocombustíveis, hidroeletricidade e petróleo com o pré-sal. Mas precisa de meios financeiros para explorar esses recursos e infraestrutura logística. A China pode contribuir nas duas áreas", diz.

A estabilidade institucional brasileira também é um atrativo. Em seu esforço por atrair novos parceiros energéticos, Haibin avalia que a China tem assumido riscos mais altos que o aceito por outros países, negociando e estabelecendo laços com fornecedores localizados em países em situação de conflitos internos e externos. "No Brasil as instituições estão consolidadas", diz.

O radar das estatais chinesas de petróleo e gás elegeu o Brasil logo após a descoberta do potencial do pré-sal. Os primeiros investimentos significativos se deram em 2010 com a aquisição pela Sinopec de 40% da operação da espanhola Repsol no país, por US$ 7,1 bilhões. Entre os ativos adquiridos estão dois campos petrolíferos já em operação e outros dois em desenvolvimento no pré-sal. Ainda em 2010, a Sinochem, outra chinesa, fez sociedade com a Statoil no campo de Peregrino, na bacia de Campos. O contrato foi de US$ 3,07 bilhões.

Em 2012, a Sinopec foi novamente às compras, adquirindo 30% dos ativos da portuguesa Galp Energia no Brasil, por US$ 4,8 bilhões, passaporte para a exploração de 20 blocos de petróleo, entre eles os campos de Lula e Cernambi, ambos na bacia de Santos. Em 2013, as estatais CNPC e CNOOC, com 10% cada, participaram do consórcio vencedor do leilão do campo de Libra, no pré-sal, o maior já descoberto no Brasil.

Hoje os chineses já produzem 50 mil barris diários de petróleo no Brasil, além de aquisições no mercado local. A compra mais relevante se deu por meio de uma operação triangular realizada em 2010, na qual o Banco de Desenvolvimento da China realizou um empréstimo de US$ 10 bilhões à Petrobras. Em troca, a brasileira comprometeu-se a fornecer 200 mil barris diários para a Sinopec por dez anos.

Edmar Fagundes de Almeida, especialista em petróleo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que o modelo de empréstimo em troca de petróleo não deve prosperar na relação energética entre Brasil e China. "Foi uma ação pontual, em um momento no qual a Petrobras podia se endividar. Hoje essa opção não seria bem aceita no mercado financeiro". Para ele, a principal estratégia chinesa no Brasil é o investimento direto, por meio de compra de ativos já maduros ou em novos leilões do pré-sal,

A presença chinesa no mercado brasileiro de energia elétrica se dá nos segmentos de geração e transmissão. A Three Georges, a maior geradora hidrelétrica do mundo, adquiriu os negócios da portuguesa EDP em 2011 e, no início de 2014, comprou um terço da hidrelétrica de São Manoel, que será construída no rio Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará, com capacidade instalada de 700 MW. Em transmissão, a chinesa State Grid é parceira da Eletrobras no linhão de 800 kv de tensão que ligará a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, passará por Tocantins, Goiás e Minas Gerais, num total de 2100 quilômetros. O investimento previsto é de R$ 4,4 bilhões e a concessão é de 30 anos.

Mauricio Aredes, doutor em energia elétrica e professor da UFRJ, diz que a capacidade tecnológica chinesa em transmissão de energia será importante para o Brasil implementar os linhões que ligarão as novas hidrelétricas em construção no Norte do país com os principais centros consumidores. Hoje a linha de transmissão de maior tensão no Brasil é a de Itaipu, com 600 kv e 810 quilômetros de extensão. "Apenas a China hoje tem experiência em operações com 800 kv e eles já estão desenvolvendo tecnologia e programam colocar em operação em 2015 linhas de transmissão com 1100 kv", diz Aredes. A transmissão em tensões mais elevadas e em corrente continua, como programada para Belo Monte, gera economia e permite uma redução de perdas no trajeto.

Apesar de ser grande o potencial brasileiro em biocombustiveis e em energia alternativas, principalmente eólica, solar e geradas a partir de biomassas, ainda não há nenhum investimento chinês nesses segmentos de mercado. A constatação é da consultora Camila Ramos, diretora da Clean Energy Latin América (CELA). A China, no entanto, é o maior investidor global em energias alternativas, tendo executado um programa de US$ 61,2 bilhões em 2013. O país asiático é o maior gerador mundial de energia eólica e o segundo em energia fotovoltaica.

Para Camila, são dois os principais fatores que inibem os investimentos chineses em energia alternativa no Brasil. Em bioenergia, as restrições legais de compra de terras por estrangeiros. Em energia eólica e solar, a exigência de 60% de conteúdo local nos equipamentos financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que atendem a 90% do parque gerador dessas energias. "Teremos que atrair não só o capital chinês, mas também as fábricas chinesas para o Brasil", diz.

 

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