Sessão "Da Energia Solar aos Derivados do Hidrogênio" aponta forte demanda pelo hidrogênio verde no mundo e necessidade de formação de mão de obra, bem como ajustes regulatórios
Redação TN/AssessoriaCom o objetivo de atrair investidores, concessionários, instaladores, fabricantes e empreiteiros do mundo todo para debater o potencial energético brasileiro, aconteceu em São Paulo o evento The Smarter e South America – o polo latino-americano de inovações para a nova realidade energética. Como parte do evento paralelo “Brasil-Alemanha: Soluções Inovadoras para Sistemas de Armazenamento de Energia e Hidrogênio Verde (H2V)”, durante a rodada de conversas “Da Energia Solar aos Derivados do Hidrogênio”, foi debatida a implantação de projetos na prática. E o Brasil foi apontado como mercado potencial para muitos setores, como os de fertilizantes, transporte, produção de aço, mobilidade urbana, petrolífero, siderúrgico, entre outros.
Markus Francke, Diretor do Projeto H2Brasil - GIZ Brasil, reforçou a importância do hidrogênio verde para ajudar a solucionar o problema da energia na Europa. “É o futuro seguramente, com desafios, regulatórios, técnicos e de mão de obra, mas nada que impeça o desenvolvimento deste mercado nos próximos anos”. Segundo ele, a expectativa é que sejam necessários cerca de 2,5 milhões de profissionais ou até mais, somente no Brasil, para esse setor. “Já temos parcerias com várias universidades brasileiras no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná e em Minas Gerais, visando qualificar a mão de obra, dando ainda aos estudantes a possibilidade de ver como funciona a produção de hidrogênio verde e seu uso em distintas aplicações”, afirmou.
Marcus Silva, gerente geral Brasil e Argentina da Air Products, citou os estados do Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro como os que oferecem oportunidades interessantes para projetos com hidrogênio verde. Segundo ele, uma aplicação imediata seria injetar até 10% de hidrogênio verde nas redes das distribuidoras de gás natural. Silva comentou ainda sobre os sistemas híbridos. “Uma maneira de armazenar a energia produzida é com células de combustível a hidrogênio, para garantir a energia verde para horários em que não haja ventos nem sol, dando essa oportunidade de capacitância aos sistemas elétricos”. Para o futuro apontou que de 5 a 10% da matriz energética brasileira, em até 10 anos, poderá ser composta pelo hidrogênio verde, justamente para prover capacitância para a rede.
“Olhando a matriz como um todo, o foco da Air Products tem sido global, em especial em projetos para mobilidade. Temos hoje projetos na Arábia Saudita e nos EUA. Em outros países, nos próximos anos, o uso do hidrogênio verde como matriz deve chegar a um patamar acima de 10%, principalmente para transporte de carga, caminhões, trens e navios”, afirmou. Sobre os desafios, Silva reforçou a carência de jovens para as profissões técnicas. “Haverá demandas para montagem da infraestrutura, operação e manutenção”, concluiu.
Daniel Hubner, vice-presidente da YARA afirmou que a mudança climática torna a transição energética urgente em todo o mundo. “Os desafios são principalmente o custo e o fato de se tratar de um mercado novo. Porém, mesmo que em pequenos passos, devemos começar o quanto antes, aproveitando os ativos existentes hoje”, disse.
Paulo Alvarenga, CEO América Latina da Thyssenkrupp, afirmou que um dos desafios para os projetos de hidrogênio verde é a visibilidade em relação ao desenvolvimento dos preços com relação ao hidrogênio cinza e derivados do petróleo. “Mesmo assim, temos um mercado real. Hoje, como fornecedora de tecnologia, buscamos ampliar a nossa capacidade até 2025 para atender a demanda que se concretiza. Temos projetos nos EUA, Canadá, Holanda, Arábia Saudita e no Brasil, onde a planta na Bahia já está em construção”, contou.
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