Porto

Extração de petróleo acelera a indústria naval de Rio Grande

O porto recebeu em janeiro o casco da P-55 para realizar integração e finalização da estrutura. Ainda serão executadas no estado a plataforma P-58, cujo casco já se encontra no Porto Novo, e oito cascos de FPSOs (unidades flutuantes que produz

Jornal do Commercio
03/02/2012 11:00
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O nascimento do polo naval de Rio Grande data da metade da década passada com o começo das obras de instalação do dique seco e com a chegada do casco da P-53. Desde que essa plataforma de petróleo foi finalizada em 2008, apesar do complexo gaúcho ter se desenvolvido e recebido novas empresas, nenhum outro projeto de grande porte do setor foi concluído no estado. Isso está prestes a mudar.

O ano de 2012 será agitado em Rio Grande e uma indicação disso foi a atracação, no mês de janeiro, do casco da plataforma P-55. A construção do casco foi realizada em Pernambuco, pelo Estaleiro Atlântico Sul, e a integração e finalização da estrutura será feita no Rio Grande do Sul. A obra será concluída neste ano. Até meados de 2012, deverá chegar o casco da plataforma P-63, que, como a P-55, será implementada pela empresa Quip.

Ainda serão executadas no estado a plataforma P-58, cujo casco já se encontra no Porto Novo, e oito cascos de FPSOs (unidades flutuantes que produzem e armazenam petróleo Floating Production, Storage and Offloadin no original em inglês). Todos os projetos foram encomendados pela Petrobras. O primeiro empreendimento será desenvolvido pela Queiroz Galvão e os últimos pela Ecovix Construções Oceânicas. Somente a realização dos oito cascos deve gerar, conforme projeção da Petrobras, cerca de 5,9 mil empregos diretos e 17,4 mil indiretos.

O presidente da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), Marcus Coester, salienta que o momento vivido atualmente é o início de um ciclo permanente da construção naval no Rio Grande do Sul. Ele ressalta que essa continuidade é fundamental para a manutenção dos empregos, gerando uma atividade econômica e investimentos duráveis.

O dirigente lembra que além dos estaleiros da Quip e do Estaleiro Rio Grande (ERG), já em operação, ainda serão instalados na Metade Sul gaúcha os estaleiros da Wilson,Sons e da Estaleiros do Brasil (EBR) - esse último em São José do Norte. E, em Charqueadas, as empresas UTC Engenharia, Iesa e Engecampo pretendem implementar unidades para a fabricação de módulos e componentes para plataformas.

Temos ainda outras consultas adiantadas para empreendimentos nesse segmento, conta Coester. Ele acrescenta que deverão vir, na esteira desses complexos, fornecedores de equipamentos como motores, compressores, entre outros.

O superintendente do porto do Rio Grande, Dirceu Lopes, salienta que no polo naval gaúcho há o envolvimento dos governos federal e estadual, Petrobras, iniciativa privada e universidades. Esse trabalho conjunto, segundo ele, contribui para um desenvolvimento dessa cadeia com maior qualidade. Lopes não descarta que, futuramente, companhias privadas nacionais e internacionais, além da Petrobras, utilizem o serviço das empresas de construção naval do país. Acredito que, em curto espaço de tempo, com os parques navais estabelecidos, haverá uma migração da demanda mundial para o Brasil, projeta.


União do casco com convés da P-55 deve ocorrer até março

O casco da P-55 está atracado no cais sul do dique seco e passa pelo processo de liberação alfandegária. O gestor-executivo da P-55, engenheiro José Simão Filho, explica que após esse procedimento inicia-se a preparação para o mating (união do deckbox convés - com o casco), o que deverá ocorrer até março, se as condições climáticas forem favoráveis. O deckbox, onde se localiza a planta de processo e os módulos, está sendo construído no dique seco pela Quip. Todas essas peças serão juntadas na estrutura, resume Simão Filho. A execução do mating é uma operação complexa que exige várias pessoas e planejamento.

O dique será inundado para a entrada do casco e depois o nível da água será reduzido para trabalhar a seco. O deckbox, de 17 mil toneladas, será elevado a cerca de 46 metros e depois baixado para se ajustar ao casco. Pelo peso e altura que o deckbox será erguido, é uma obra que será motivo de orgulho, diz Simão Filho. O procedimento poderá demorar até seis dias. Atualmente, estão trabalhando no empreendimento cerca de duas mil pessoas. Esse número poderá aumentar durante a fase de integração.


Levantamento da empresa mostra que 81% desse pessoal é gaúcho

O superintendente do porto de Rio Grande, Dirceu Lopes, classifica a construção da plataforma P-55 como o marco de uma nova era e a prova do acerto da política adotada pelo governo federal. É um novo alvorecer da indústria naval brasileira, considera.

Ele enfatiza que Rio Grande é uma das regiões protagonistas desse processo, gerando empregos, renda e tecnologia. A chegada do casco representa a materialização de todo o projeto do polo naval , comemora o presidente da Câmara de Comércio da Cidade de Rio Grande, Paulo Somensi. A expectativa de uma produção constante de plataformas na região também criará uma demanda permanente nos setores de serviços e comércio na cidade.

A P-55 é uma unidade do tipo semissubmersível com capacidade diária para processamento de 180 mil barris de petróleo e compressão de 6 milhões de m³ de gás. Pertencente ao módulo 3 do Campo de Roncador, localizado na Bacia de Campos, a unidade ficará ancorada em profundidade de 1,8 mil metros e terá, no total, 18 poços ligados a ela, sendo 11 produtores e sete injetores de água. A exportação de óleo e gás natural da plataforma será realizada por dutos submarinos acoplados à unidade. O investimento previsto na concretização da plataforma é de aproximadamente US$ 1,65 bilhão.


São José do Norte demonstra vocação para receber estaleiros

Tradicionalmente, o setor portuário e da indústria naval no estado concentrou-se no município de Rio Grande. Com o acúmulo de empreendimentos, as atenções começam a se voltar para a vizinha São José do Norte. O superintendente do porto de Rio Grande, Dirceu Lopes, é dos que defendem que a construção naval, a partir de agora, seja centralizada nesse município.

Ele recorda que o grupo Estaleiros do Brasil (EBR) conquistou licenciamento ambiental prévio para se instalar em São José do Norte e acrescenta que existem outras solicitações para o uso de áreas próximas para a realização de projetos navais. O estaleiro EBR, cujo investimento é estimado em cerca de R$ 1,2 bilhão, deve abrir mais de 5 mil empregos na região, impulsionando a economia local.

O estaleiro deverá operar em 24 meses após o início das obras, que serão divididas em três etapas. Na primeira, o complexo poderá fabricar módulos dos navios-plataforma FPSO. Posteriormente, a ideia é ter condições de fazer serviços de integração, recebendo os cascos já prontos e, mais adiante, a expectativa é de fabricar plataformas, tanto semissubmersíveis quanto FPSO. Temos que trabalhar com essas novas atividades, pois, na verdade, somos um porto comercial, com empresas de construção naval dentro dele, comenta Lopes.

De acordo com ele, é preciso planejamento estratégico para gerenciar essa situação. Por exemplo, operações que necessitam de um calado maior devem se localizar perto da saída dos molhes da barra. Os que não apresentem essa demanda podem se situar ao longo das hidrovias das lagoas dos Patos e Mirim.

A perspectiva de novos empreendimentos navais na Metade Sul, principalmente em São José do Norte, gerará a necessidade de investimentos nas cidades de toda a região. O presidente da Câmara de Comércio da Cidade de Rio Grande, Paulo Somensi, ressalta que será preciso solucionar algumas questões logísticas. Ele argumenta que, em um primeiro momento, grande parte dos trabalhadores que atuarão nos estaleiros de São José do Norte fixará residência em Rio Grande, uma cidade de maior porte e com melhor infraestrutura. 

Então, será fundamental que seja aprimorada a travessia entre os municípios, tanto para as pessoas, como para os veículos , defende o presidente da Câmara de Comércio. O deslocamento entre as localidades atualmente é feito por lanchas e por barcas.

Os empresários envolvidos com o polo naval também vislumbram mudanças na região. O CEO da Ecovix, Gerson de Mello Almada, afirma que a empresa sempre enxergou no município de Rio Grande um enorme potencial para o setor offshore. O dirigente diz que a expectativa é de que a região registre um enorme crescimento nos próximos anos. Pelos estudos elaborados com base no número de empregos gerados, acreditamos que Rio Grande brevemente se tornará uma das maiores cidades do estado, com cerca de 420 mil habitantes, prevê Almada.

O gerente de Implementação de Empreendimentos para a P-55, Edmilson Soares de Medeiros, concorda quanto à perspectiva de crescimento. O futuro de Rio Grande é promissor, porque quando se tem uma indústria naval instalada já se está em vantagem competitiva, garante ele.

Todo esse desenvolvimento não seria possível sem a concretização do dique seco em 2010, que hoje pertencente à Ecovix, sendo que a Petrobras tem o direito de uso exclusivo por dez anos, através de contrato de locação. A estatal inclusive impôs no processo licitatório da P-55 que a finalização da plataforma fosse feita no complexo.

A estrutura tem 350 metros de comprimento, 130 metros de largura e 17,1 metros de altura e é equipada com um pórtico capaz de erguer até 600 toneladas. Um dique dessas dimensões (entre os maiores do mundo) permite a construção simultânea de dois navios petroleiros ou duas plataformas. No dique também podem ser docadas plataformas ou navios para realização de reformas, conversões ou reparos.
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