Valor Econômico
Em um esforço para aumentar a integração energética na América do Sul, o governo brasileiro negocia com a Venezuela a construção de novas linhas de transmissão para permitir o intercâmbio de 3 mil megawatts (MW) de eletricidade. As usinas venezuelanas já fornecem 200 MW a Roraima e a intenção do Brasil é multiplicar essa capacidade. O ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, estará hoje em Caracas e espera firmar um memorando de entendimentos com o governo de Hugo Chávez.
"Temos regimes de chuva diferenciados. Quando chove muito lá, sobra energia. Essa energia pode entrar no sistema interligado e depois a devolvemos para a Venezuela", afirmou Lobão. Os dois países têm uma matriz elétrica baseada em fonte hídrica, que representa cerca de 75% da geração total. Recentemente, o governo venezuelano conseguiu reduzir em 800 MW a demanda nacional - aproximadamente 5% da capacidade instalada - com um dos mais bem-sucedidos programas de economia de energia do mundo. O programa trocou mais de 52 milhões de lâmpadas incandescentes por fluorescentes, mais econômicas.
Satisfeito com a conversão em lei da medida provisória que autorizou a Eletrobrás a atuar em outros países, Lobão prepara outro projeto com a Venezuela: a construção de usinas térmicas, na região fronteiriça, movidas a gás natural venezuelano para alimentar o fornecimento de energia ao Brasil, pela interligação com Roraima. Também há projetos de importar gás liqüefeito.
Com o Peru, a Eletrobrás planeja construir até 15 hidrelétricas, totalizando 20 mil MW. "Essa energia seria toda importada pelo Brasil, já que o Peru não tem necessidade dela", explicou Lobão. "Com o Uruguai, vamos permitir a construção de uma usina térmica no Rio Grande do Sul, com uso de carvão local", complementou, acrescentando que o empreendimento terá capital 100% uruguaio.
Lobão esclareceu que, além de identificar potenciais hidrelétricos nos países vizinhos e elaborar os projetos de engenharia, a Eletrobrás deverá participar dos projetos como sócia. "Haverá momentos, com a Argentina, por exemplo, em que haverá uma divisão de 50% para cada lado, como Itaipu", disse ele, referindo-se ao complexo hidrelétrico de Garabi. "Em outros países, como o Peru, a Eletrobrás deverá entrar como majoritária. Isso é um acordo entre países, ninguém vai impor nada", explicou.
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