Estadão
Os grandes consumidores de energia elétrica, liderados especialmente pelo setor industrial, vão propor ao governo federal um parcelamento do reajuste tarifário que as distribuidoras terão este ano. O pedido será feito pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), que teme a perda de competitividade da indústria brasileira, já bastante enfraquecida por causa da crise internacional.
Segundo o presidente da associação, Ricardo Lima, a previsão é que os reajustes de tarifas para a indústria fiquem acima dos 20% este ano, a exemplo do que ocorreu com a CPFL, cujo aumento foi de até 24,8% para as empresas do interior de São Paulo. A explicação está na alta do dólar e no preço da energia da Hidrelétrica de Itaipu cotada na moeda americana. “Os maiores reajustes virão para as Regiões Sul e Sudeste, atendidos por Itaipu.”
Além disso, há um gasto de R$ 2,4 bilhões referente à operação de térmicas que agora está sendo repassado para a tarifa, explica Lima. Segundo ele, para recuperar os reservatórios, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) determinou o funcionamento dessas usinas, mais caras. “Isso sem contar o custo do Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia), que também recai sobre o preço da energia.”
Lima explica que a proposta seria parcelar o reajuste em três anos, a exemplo do que ocorreu com a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), em 2005. Mecanismo semelhante foi usado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, quando ela assumiu o Ministério de Minas e Energia, em 2003. Na época, ela dividiu a parcela do reajuste referente à variação cambial.
“Essa seria uma alternativa apenas para este momento de dificuldade das indústrias nacionais. O setor elétrico é o único que não está tendo o carinho por parte do governo durante esta crise”, avalia Lima. Ele destaca, entretanto, que a medida não seria apenas uma opção para os consumidores industriais, mas também para os residenciais. “Já temos notícias de que há aumento de inadimplência na classe residencial. Um aumento muito grande pode piorar a situação.”
Na CPFL, a conta de luz para a população subiu 20,19%. A empresa destaca, porém, que no ano passado, durante a revisão tarifária, houve redução do preço da energia, inclusive para o setor industrial (queda média de 17%).
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