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Investimento em inovação dependerá de diálogo com governo e sociedade

Redação/Assessoria Fapesp
27/07/2018 08:42
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A inovação tecnológica é fundamental para melhorar a qualidade de vida da população e acelerar o crescimento econômico do Brasil. A permanência e o aumento dos investimentos nessa área só serão possíveis, contudo, se os formuladores de políticas científicas e tecnológicas conseguirem estabelecer um diálogo com o governo e a sociedade no sentido de mostrar a importância da inovação para o aumento da produtividade do país.

A avaliação foi feita por Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, em mesa-redonda sobre os desafios das políticas públicas para a inovação realizada no dia 25 de julho, durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que ocorre até o dia 28 no campus da Universidade Federal de Alagoas.

“Se a sociedade e o governo forem capazes de entender que para aumentar a produtividade brasileira é preciso investir em inovação, talvez tenhamos alguma chance de diálogo”, disse Pacheco.

Segundo ele, a produtividade brasileira, fundamental para aumentar a renda da população sem gerar inflação, está estagnada há 25 anos, enquanto a produtividade do mundo tem crescido. A inovação tecnológica é o principal determinante para aumentá-la no longo prazo.

No caso do Brasil, entretanto, dado o atraso institucional do país – onde, por exemplo, é difícil fechar uma empresa, cumprir as obrigações tributárias e a burocracia é enorme –, talvez as reformas institucionais sejam capazes, no curto prazo, de melhorar a produtividade tecnológica mais rápido do que a inovação tecnológica, estimou Pacheco.

“A inovação tecnológica, porém, é crítica para o aumento da produtividade do país a longo prazo e saber explorar isso de forma inteligente é importante por ser a única linguagem que a área econômica de qualquer governo do país consegue identificar no diálogo sobre ciência e tecnologia”, disse.

Segundo o diretor-presidente da FAPESP, os formuladores de políticas científicas e tecnológicas e a comunidade científica, no geral, também têm que ter maior habilidade de explicar para a sociedade o que os investimentos em ciência, tecnologia e inovação resultam em termos de desenvolvimento econômico e social e melhoria na qualidade de vida.

Esse esforço terá que ser maior especialmente agora, quando o país vive uma grave crise econômica e o sistema nacional de ciência e tecnologia foi seriamente impactado, apontou.

“A reconstrução do sistema nacional de ciência e tecnologia só será possível se formos capazes de explicar para a sociedade por que os investimentos nessas áreas são importantes e que benefícios sociais e econômicos podem trazer”, disse Pacheco.

Na avaliação dele, uma nova geração de políticas de ciência, tecnologia e inovação no Brasil deve atentar para alguns requisitos, como recursos humanos, capacitação científica, flexibilidade para cooperação público-privada, boa governança e gestão adequada. Além disso, deve apontar questões objetivas que podem dar um rumo ao Brasil a partir de desafios que o país enfrenta ou com os quais vai se deparar, ter foco e selecionar algumas prioridades.

“Não dá para ter uma agenda de ciência, tecnologia e inovação que vá desde a felicidade geral da nação até a biodiversidade, passando por nanomateriais, por exemplo. É preciso criar uma mensagem mais sintética e traduzível do ponto de vista da inovação de coisas que são possíveis tocar para a frente”, disse.

Segundo Pacheco, uma das áreas prioritárias em uma nova geração de políticas de inovação é a agricultura de precisão. A cadeia do agronegócio responde por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e tem passado por uma revolução tecnológica, caracterizada pelo uso cada vez maior de sensores e drones com o intuito de aumentar a eficiência no campo.

“O setor do agronegócio brasileiro transformou a tecnologia em algo endógeno, o que sempre foi o nosso sonho para a indústria brasileira. Temos na carteira de empresas apoiadas pelo programa PIPE da FAPESP um número gigantesco de agrotechs, como chamamos as startups cujo foco de negócio é o desenvolvimento de tecnologias para o setor agrícola”, disse.

A agricultura de precisão, em conjunto com a biologia sintética, a engenharia genética e práticas sustentáveis podem alavancar o conjunto de cadeias de valor que se articulam com o mundo real, avaliou Pacheco.

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