Jornal do Commercio
O presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Lauro Fiúza, disse ontem que o primeiro leilão de empreendimentos de energia eólica do país, a ser realizado em 25 de novembro, deverá contratar mil megawatts (MW) de potência instalada. De acordo com Fiúza, já existem 63 projetos inscritos na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que somam pelo menos 4 mil MW. Ele lembrou, contudo, que historicamente o volume de interessados nos leilões da agência reguladora geralmente é superior ao de arrematantes finais.
“Quantos desses 63 projetos realmente vão para o leilão é difícil dizer. Se analisarmos o passado histórico dos leilões de energia podemos ver que no último A-3 da Aneel (que contrata energia de empreendimentos novos) havia 29 mil MW inscritos e na hora do leilão só 4 mil MW foram arrematados. O fato é que se inscrever na Aneel é uma coisa e participar do leilão é outra”, disse Fiúza, ontem, durante o Fórum ABEEólica, realizado no Rio de Janeiro.
Fiúza disse acreditar que a demonstração de interesse dos investidores no leilão poderá incentivar o governo a criar um programa anual de leilões de energia eólica. “Todos os grandes players mundiais estão interessados no Brasil e esperando por isso. Estou convicto de que esse processo de leilões anuais será levado adiante pelo governo”, disse.
O executivo disse que para que os grandes players se consolidem no Brasil, é preciso que o governo federal crie uma política de longo prazo para energia eólica no país. Ele apresentou um plano estratégico batizado de 10-10, que prevê o aumento da capacidade instalada nacional em 10 mil MW ao longo de dez anos. “Dez mil MW em dez anos significa um investimento de R$ 1 bilhão por ano”, disse, referindo-se ao investimento base para eólicas, que é de R$ 5 milhões por megawatt instalado.
Fiúza afirmou ainda que é preciso incentivar a produção nacional dos equipamentos para a geração desse tipo de energia. Diminuindo a necessidade de importação de componentes, explicou, os custos para a instalação de parques eólicos diminuiria.
“Isso iria pressionar para baixo o valor na energia, visto que a tarifa da eólica é fruto específico do investimento. Para que esse investimento caia é necessário que ocorra o crescimento da indústria nacional. Além disso, é importante que haja incentivo para que as grande empresas do setor se instalem no Brasil”, disse.
Para ele, o preço ideal a ser cobrado pelas geradoras é o que foi estipulado pelo Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), do Governo federal, que é de R$ 230 pelo megawatt/hora (MWh). “Nós entendemos que o preço hoje praticado no Proinfa seria o ideal. Dá garantia para investimentos atuais”, afirmou.
Fale Conosco
22