Rio de Janeiro

Mauá volta a construir navios

<P>Junto ao cais da Ponta d'Areia, faixa de terra espremida entre um maciço de pedra e a Baía de Guanabara, em Niterói (RJ), três plataformas passam por serviços de reforma. A Ponta d'Areia é a sede do estaleiro Mauá, cuja história começou a partir de meados do século XIX pelas mãos do ma...

Valor Econômico
30/10/2008 00:00
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Junto ao cais da Ponta d'Areia, faixa de terra espremida entre um maciço de pedra e a Baía de Guanabara, em Niterói (RJ), três plataformas passam por serviços de reforma. A Ponta d'Areia é a sede do estaleiro Mauá, cuja história começou a partir de meados do século XIX pelas mãos do maior empresário do Brasil Imperial, o Barão de Mauá. Hoje, mais de 150 anos depois, o estaleiro que leva o nome de seu fundador volta às origens com um plano de modernização que prevê investir US$ 114,1 milhões em 2009 e 2010.

Depois de dedicar-se, desde 2000, à construção e reforma de plataformas, o Mauá retoma a produção de navios, atividade industrial que marcou a sua origem. Na Ponta d'Areia foi construída parte da frota de navios para a Guerra do Paraguai (1864-1870). No século XXI o estaleiro aposta na diversificação. Quer construir petroleiros, navios de apoio às plataformas e embarcações para a Marinha, além de dar continuidade ao segmento offshore, de construção e reparo de plataformas de petróleo e gás.

Estamos entrando em todos os nichos de mercado, diz Domingos D'Arco, presidente do Mauá. O estaleiro é controlado pelo grupo Synergy, de German Efromovich. A maior parte dos investimentos na modernização do estaleiro será feita com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM). O FMM deu prioridade ao financiamento de US$ 102,7 milhões para o Mauá, equivalentes a 90% do investimento do estaleiro até 2010.

D'Arco disse que negocia com a Caixa Econômica Federal (CEF), que poderá ser o agente financeiro repassador dos recursos do FMM para as obras de modernização do Mauá. O estaleiro projeta faturar US$ 1,2 bilhão em 2010, aumento de mais de 70% sobre os US$ 700 milhões previstos para 2008.

A retomada da construção de navios levará o Mauá a passar por reformas na Ponta d'Areia, uma área de 180 mil metros quadrados. O estaleiro está comprando equipamento de US$ 600 mil nos Estados Unidos para a unidade de corte e dobra de chapas de aço e os galpões onde se faz o trabalho de solda de painéis será ampliado. Também será construído um dique flutuante, orçado em US$ 12 milhões, que deverá substituir embarcação hoje em operação.

As primeiras embarcações a serem construídas nesta nova fase serão quatro navios para o transporte de derivados de petróleo encomendados pela Transpetro. O BNDES confirmou que o financiamento com o Mauá, para a construção das quatro embarcações, foi contratado por R$ 283,5 milhões, 46% do custo total do projeto. D'Arco disse que vai disputar outros projetos desse tipo de navio na nova licitação aberta pela Transpetro. O estaleiro está de olho na concorrência da Petrobras para contratação de navios de apoio offshore.

As outras duas unidades do estaleiro Mauá, nas ilhas do Caju e da Conceição, ambas em Niterói, vão focar-se na construção de plataformas. Hoje na Ilha do Caju, em frente à Ponta d'Areia, o estaleiro Mauá constrói uma gigantesca estrutura metálica (conhecida como jaqueta no jargão da indústria do petróleo) para a plataforma de produção de gás de Mexilhão, da Petrobras, que será instalada na Bacia de Santos, a partir do segundo semestre de 2009.

O contrato de Mexilhão é de R$ 1,26 bilhão com prazo de entrega até fim de fevereiro, diz D'Arco. Na unidade da Ilha da Conceição estão em construção dois módulos para Mexilhão, com sete mil toneladas cada um. Eles serão instalados na plataforma depois que a jaqueta, com 182 metros de altura, for fixada na Bacia de Santos. No segmento de plataformas, o Mauá envolveu-se, nos últimos anos, nos projetos da P-43, P-48, P-50 e P-54. Na P-54, o Mauá foi subcontratado do Jurong Shipyard, de Cingapura.

Em 2007, o Jurong, que tinha 35% do Mauá, vendeu a participação acionária para o Synergy, que passou a ter 100% do estaleiro. As três plataformas hoje em reforma no Mauá são Olinda Star, da Queiroz Galvão, e Ocean Worker e Ocean Whittington, da Brasdril.

O Mauá conta com outro terreno à beira da baía de Guanabara, no município de São Gonçalo, que poderá ser utilizado para atender futuras encomendas da Marinha. A Marinha abriu concorrência, na qual o Mauá tem interesse, para construção de quatro navios-patrulha com entrega das propostas em 8 de dezembro.

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