Opinião

Número de fusões e aquisições deve crescer em 2015, por Gustavo Sardinha

Redação / Assessoria
26/02/2015 14:15
Número de fusões e aquisições deve crescer em 2015, por Gustavo Sardinha Imagem: Divulgação Visualizações: 323 (0) (0) (0) (0)

Quem acompanha o mercado financeiro brasileiro deve ter visto nos últimos dias os bons números sobre o mercado de fusões e aquisições – M&A, na sigla em inglês – no ano de 2014. Os dados positivos sobre o setor, divulgados recentemente pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), contrariam as previsões mais pessimistas e o momento fúnebre em que a economia se encontra.

Incólume aos juros altos, inflação galopante, PIB pífio, e borbulhantes escândalos de corrupção, os números de M&A bateram recorde de quase R$ 193 bilhões no ano passado, um crescimento de 16,6% em relação ao ano de 2013, segundo a Anbima. Nove das dez maiores operações ultrapassaram a casa dos R$ 5 bilhões, o que, sem dúvida, alavancou o saldo positivo.

O crescimento no volume de fusões e aquisições se deu, principalmente, por grandes operações nos setores de Telecomunicações. Apenas a venda pela Oi do ativo Portugal Telecom para a Altice, e a compra da GVT pela Telefônica, somaram R$ 47,3 bilhões – 24,55% do total movimentado no ano passado. E esse número é, sem dúvidas, ainda maior.

Segundo relatório anual da PricewaterhouseCoopers (PwC), das 879 transações anunciadas em 2014, apenas 266 tiveram seu valor divulgado. A empresa mostrou que do total anunciado, 22 transações tiveram valor de compra acima de US$ 1 bilhão, totalizando US$ 79,83 bilhões. Já as transações de até US$ 100 milhões lideram o total de negócios com valor divulgado – 168 transações.

A região Sudeste ocupou o primeiro lugar no ranking de operações de M&A no ano de 2014, com 71,7% das transações, ampliando sua participação no mercado – em 2013, a liderança era de 68,6 %, com o estado de São Paulo detendo 59,6%.

Porém, se a economia vai tão mal, como se percebe claramente nas ruas com a crise hídrica e elétrica, somada ao alto custo do capital, a baixa produção industrial e a queda no consumo, quais motivos levaram as fusões e aquisições a crescer quase 17% em 2014?

Dois fatores merecem ser lembrados. Um deles é que a aquisição da GVT pela Telefônica foi fechada em 2013. Mas, a aprovação pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) se deu apenas em 2014, o que engorda os números do respectivo ano.

O outro, e de enorme importância, se deve justamente ao cenário econômico ruim, crises elétrica e hídrica, e aos escândalos de corrupção. Com a operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga contratos superfaturados com a Petrobras, as construtoras envolvidas estão se desfazendo de ativos ou buscando consolidação em função de suas restrições de crédito.

A contribuição da crise energética e hídrica para os bons números de 2014 fica com as empresas de óleo e gás e o setor elétrico, ambos com dificuldades de financiamento. E por último, a crise econômica tem provocado a baixa taxa de ocupação dos imóveis comerciais e, por consequência, a redução dos ativos locais na Bolsa de Valores.

Em resumo, todos os pontos negativos na economia brasileira, se vistos de outra perspectiva, mostram que têm sim o seu lado próspero, onde a crise logo se torna oportunidade de negócio.

Assim, vemos que o mercado de M&A deverá continuar aquecido e em crescimento. A crise econômica e os escândalos de corrupção ainda perdurarão por um bom tempo. E com isso, inúmeras oportunidades de fusões e aquisições irão surgir pelos próximos meses.


Gustavo Sardinha é advogado especialista em M&A, avaliação de empresas e desenvolvimento de negócios, e sócio do escritório Limiro Advogados Associados

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Terminais
Wilson Sons recebe pelo 5º ano seguido o Selo Ouro do Pr...
14/08/25
PPSA
Produção de petróleo da União bate novo recorde e alcanç...
14/08/25
Drilling
Constellation lança chamada para apoiar projetos inovado...
13/08/25
Transição Energética
Sergipe elabora Plano de Transição Energética e se posic...
13/08/25
Rio de Janeiro
Grupo Mac Laren confirma presença na Navalshore 2025 com...
11/08/25
Pessoas
Novo presidente da PortosRio realiza visita ao Porto de ...
11/08/25
Portos
Associação de Terminais Portuário Privados cria Comitê d...
08/08/25
Descomissionamento
Embarcações apoiarão manutenção e atividades de prontidã...
04/08/25
Pré-Sal
MODEC celebra 15 e 10 anos dos FPSOs MV20 e MV26
31/07/25
Espírito Santo
TVV realiza operação inédita com maior navio em capacida...
31/07/25
Meio Ambiente
Porto Sudeste renova selo ouro do Programa Brasileiro GH...
30/07/25
Resultado
Produção de petróleo e gás natural da Petrobras aumenta 5%
30/07/25
Rio de Janeiro
Porto do Rio de Janeiro dá mais um passo rumo à moderniz...
30/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Valge se prepara para comemorar 30 anos com foco no cres...
28/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Márcio Félix, presidente da ABPIP, enxerga futuro promis...
25/07/25
PPSA
União passa a contar com participação de 1,89% na Jazida...
24/07/25
Pessoas
Nova interina assumirá em 25/7 Diretoria 4 da ANP
24/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Avanço do Sergipe Águas Profundas e descomissionamento d...
24/07/25
Sergipe Oil & Gas 2025
Potencial de Sergipe na produção de óleo e gás é destaqu...
23/07/25
Pessoas
Flavio Vieira assume presidência da PortosRio com foco e...
23/07/25
Resultado
PortosRio registra lucro líquido de R$ 849 milhões no 1º...
23/07/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

23