Valor Econômico
A queda nos preços de matérias-primas como petróleo, alumínio e cobre já resulta numa economia de pelo menos US$ 200 bilhões para os países industrializados, de acordo com estimativa feita na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Michael Finger, economista-sênior da entidade, diz que essa baixa na conta das importações representa na prática um "pacote de estimulo adicional" aos planos de gastos de US$ 1,5 trilhão anunciados pelos governos nos Estados Unidos, Europa, Japão e também China para reativar as suas economias.
Para Finger, a diferença é que a queda nos preços das commodities tem efeito imediato para a economia real dos países importadores líquidos de petróleo e metais, com custo menor para a combalida produção e para os consumidores atordoados com a crise.
Por sua vez, o maior impacto de boa parte dos planos de estímulo dos governos só deverá vir no segundo semestre, e não há garantias de que todos os gastos anunciados vão ocorrer.
Os preços de petróleo e metais estão ligados ao ciclo econômico, e a tendência era mesmo de queda em plena recessão mundial. Mas o desastre econômico seria maior nos países industrializados se não tivesse ocorrido a reviravolta nos preços em tão pouco tempo, avalia Finger.
A estimativa de economia de US$ 200 bilhões leva em conta comparação com a média de preços das commodities em 2007 e é a mais conservadora e a preferida pelos economistas mais prudentes. Outro calculo chega a cifra muito maior, de US$ 700 bilhões, quando se compara o pico dos preços em meados de 2008 com a cotação mais baixa das matérias-primas no final do ano.
O preço do barril do petróleo chegou a subir 86% na metade de 2008, em comparação com 2007, mas terminou o ano custando 24% a menos do que a média do ano anterior. No caso do cobre, alcançou pico de 22%, para terminar o ano com queda de 48% também em relação a média de 2007. O carvão industrial chegou a aumentar 174% na metade do ano, mas baixou para 40% ao final do ano.
Não foi levado em conta a variação de preços dos produtos agrícolas. E nem o impacto sobre os países produtores, como a Rússia, Chile e outros, que também tentam reativar suas economias.
Cifras assustadoras de queda no comércio internacional estão surgindo todos os dias, mas as organizações internacionais continuam a trabalhar no momento com contração de 4% do comércio global para 2009, comparado a expansão acima de 3% no ano passado. A conjuntura, no entanto, é tão incerta que as projeções vêm sendo revisadas com freqüência. Agora há expectativa de novos números sobre a economia global, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve divulgar semana que vem.
Para o economista-sênior da OMC, a queda continuará muito grande no comércio internacional porque as empresas continuam reduzindo os estoques e suspendendo novas encomendas. Mas ele nota que a redução das trocas em volume é menos dramática que a queda em valor, influenciada pela valorização do dólar.
Finger acredita que a situação pode se estabilizar nos próximos meses, dependendo da implementação dos planos de estímulo nos países industrializados.
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